O clima agitado e o cenário paradisíaco da Barra da Tijuca inspiram Tati Lund a criar pratos que cativam pelo visual. A convite de CLAUDIA, a chef do .Org Bistrô prepara um menu vegano que reflete sua alegria de viver e motivação para criar um mundo melhor
Coloridos e leves, os pratos preparados pelas mãos da Tati Lund escondem uma força que é revelada a cada garfada. O empratamento pensado em detalhes é resultado de uma preocupação estética da chef, aprimorada ao longo dos dez anos à frente do .Org Bistrô. Essa delicadeza emoldura uma consistência que rendeu à cozinheira não só premiações, mas um posto de pioneirismo quando se trata de culinária vegana. “Os pratos aqui são fartos, não é aquela coisa pequenininha. A comida não é só linda e delicada, é também reconfortante”, explica a carioca sobre o menu do seu restaurante, inaugurado em 2011, na Barra da Tijuca.
Como em todo cardápio sazonal, o .Org não tem pratos fixos e está sempre ao dispor da natureza. Para essas páginas, Tati selecionou seus favoritos da estação, com ingredientes que vão bem para os dias quentes e cabem na gastronomia do dia a dia. O baião de dois, por exemplo, a chef indica para uma “segunda sem carne”, já que o preparo se dá com ingredientes facilmente disponíveis na geladeira. A “carne” de jaca, um clássico vegano, é utilizada na cobertura da pizza, que resulta num ótimo petisco para os finais de semana.
Considerada a melhor chef do ano em 2020 pela VEJA RIO COMER & BEBER – publicação que também deu ao seu restaurante o título de melhor vegetariano da cidade –, Tati Lund fez história ao ter um programa com receitas sem carne. Superando a timidez, ela apresentou, em 2014, o Tati Com Limão, no canal Woohoo. Um ano depois, ensinou receitas práticas nas três temporadas do Comida.Org, do GNT. Recentemente, no mesmo canal, expandiu os horizontes e abordou pautas sustentáveis no Conversas para o Planeta.
Diferentemente da história comum entre tantos cozinheiros, não foi em casa que sua relação com a comida começou. “Eu não tenho isso de cozinhar na ‘barra da avó’. Aliás, a minha não fazia nada. A especialidade dela era gelatina”, se diverte. “Mas sempre amei a celebração à mesa e queria isso para a minha vida. Desejo ser essa avó, essa mãe que reúne todos em torno da comida”, revela.
Sua jornada teve início na faculdade de nutrição, aos 17 anos. “Tudo mudou quando, durante uma aula, assisti ao documentário A Carne é Fraca, do Instituto Nina Rosa, que mostra os impactos do consumo de carne para o meio ambiente. Nesse dia, cheguei em casa e falei para a minha mãe que nunca mais iria comer carne.”
Foi a partir de então que sua vida passou a ser inteiramente voltada para a missão de levantar a bandeira da alimentação consciente. “Eu precisava traduzir o que pensava de uma maneira mais simples, porque eu não sou muito de falar. É na cozinha que consigo fazer a pessoa absorver aquilo que acredito, é onde está minha filosofia.” E assim surgiu o .Org Bistrô, inaugurado pela chef aos 23 anos. “Tenho sentimentos de família muito fortes aqui dentro do restaurante. Tem gente que chega e fala: ‘Ué, mas você tá aqui?’. Sim, aqui é minha casa. Todos os dias abro essa porta e entro muito feliz”, finaliza.
Confira as receitas a seguir:
Baião de dois vegano
Pizza de vrango
Salada proteica
Poke havaiano
Ostras veganas
Sobremesa levinha
Trio de sucos
Drinque Botânico
Cerâmicas: Alice Felzenszwalb | Concepção visual: Lorena Baroni Bósio