Um recente estudo científico encomendado pelo governo britânico anunciou a possibilidade de que, em 2050, as superbactérias resistentes a antibióticos matem uma pessoa a cada três segundos. No último mês, uma norteamericana, internada com infecção urinária, foi diagnosticada como a primeira pessoa portadora de uma bactéria resistente ao antibiótico colistina, considerado um medicamento de último recurso para o combate a doenças infecciosas.
O perigo das superbactérias e a possibilidade de enfrentarmos infecções “incombatíveis” no futuro é um alerta constante entre médicos e cientistas. Dentro desse aviso, normalmente, costumamos focar no mau uso de antibióticos como causa para as mutações entre as bactérias. Isso ocorre quando o paciente pega uma infecção e toma o antibiótico receitado por menos dias do que o prescrito pelo médico. Essa interrupção pode fazer com que os agentes que restaram no organismo sofram mutações e se tornem resistentes ao medicamento inicial.
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Outro fator, no entanto, é tão relevante quanto esse na hora de enfrentarmos o problema: o uso indiscriminado de antibióticos na criação de animais para abate. A indústria produtora de carnes costuma aplicar esse tipo de medicamento nos animais que estão no criadouro. Isto porque, como são criados em condições ruins (espaços apertados, sem iluminação e ventilação adequada), os bichos costumam contrair doenças, o que causa perdas na produção, fazendo com que, inclusive, os remédios sejam aplicados de forma “preventiva”.
De acordo com um estudo publicado pela Review on Antimicrobial Resistance, nos Estados Unidos, 70% dos antibióticos usados são destinados à pecuária e não a humanos. Nos países que fazem parte dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) o consumo de antibióticos na produção de carne deve dobrar até 2030.
O uso destes medicamentos em animais para abate não torna somente as bactérias mais resistentes, mas também os fungos, fazendo com que muitos antifúngicos se tornem obsoletos.
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Segundo os cientistas, são três os principais riscos associados ao alto uso de antibióticos na produção de carne. Primeiro, as bactérias resistentes podem passar por contato direto entre humanos e animais. Segundo, essas mesmas bactérias também podem entrar em contato com as pessoas através do próprio consumo da carne. E por último, tanto as bactérias resistentes quanto os volumes de antibióticos aplicados são excretados pelos animais no meio ambiente, contaminando também outras áreas e criando outras possibilidades de exposição ao risco.
A produção em massa de carne é responsável por uma série de problemas enfrentados pela humanidade atualmente: efeito estufa, contaminação do solo, escassez de alimentos e também riscos à saúde. Por isso, é importante colocar na balança o exato preço que podemos estar pagando para suprir um capricho do paladar.
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