Apesar da existência da cota racial e de gênero nas eleições, homens e brancos continuam formando a maioria de eleitos para os 94 municípios com mais de 200 mil habitantes, incluindo as 24 capitais.
Os resultados do segundo turno, que aconteceu no último domingo (29), mostram que só dois candidatos que se autodeclararam pretos e 15 que se autodeclararam pardos foram eleitos nesses municípios, representando apenas 20% do total de candidatos que venceram as eleições.
Ao comparar com o resultado das últimas eleições municipais, a relação é praticamente a mesma: 18 negros e 76 brancos. No Brasil, pretos e pardos somam 56% da população brasileira.
Em setembro, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a cota financeira para candidatos negros fosse aplicada já nas eleições deste ano. A determinação exige que os partidos distribuam a verba de campanha de forma proporcional aos candidatos brancos e negros. A mesma exigência já existia desde 2018 para as mulheres.
No entanto, os únicos dois candidatos pretos que venceram em grandes cidades foram Professor Lupércio (Solidariedade), em Olinda (PE), e Suellen Rosim (Patriota), em Bauru (SP).
De maneira geral, entre as 94 maiores cidades, houve um aumento no número de mulheres eleitas: oito se tornaram prefeitas este ano, contra três em 2016. As mulheres também são a maioria da população brasileira, somando 52%. Já nas capitais, a única mulher eleita prefeita foi Cinthia Ribeiro (PSDB), em Palmas – mas, por não conter 200 mil habitantes, a capital de Tocantins não figura entre os 94 grandes municípios brasileiros.
Além disso, ao analisar a lista dos 60 mil vereadores eleitos no Brasil, houve uma redução da diferença entre mulheres e homens, brancos e negros. O número total de vereadores negros eleitos subiu de 42%, em 2016, para 45%, em 2020. Já em gênero, as mulheres haviam conquistado, nas eleições anteriores, 13,5% das cadeiras nas Câmaras Municipais do país. Neste ano, elas conquistaram 16%.