O Dossiê Mulher 2021, realizado pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), aponta que cerca de 98 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica e familiar no Estado do Rio em 2020.
Lançado nesta segunda-feira (18), o documento levantou ainda 78 casos de feminicídio, dos quais pelo menos 15 foram presenciados pelos filhos. O crime previsto por lei é caracterizado pelo assassinato de uma mulher por conta do seu gênero.
A partir das estatísticas levantadas pelo dossiê, o governo estadual criou dois programas: o Núcleo de Atendimento aos Familiares de Vítimas do Feminicídio e o treinamento de polícias militares com o intuito de garantir o cumprimento de medidas protetivas contra agressores.
O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que “o objetivo dos núcleos é acolher especialmente crianças e adolescentes. Além disso, as equipes do Patrulha Maria da Penha estão capacitando policiais de todos os batalhões, principalmente do interior, para atender casos de descumprimento de medidas protetivas.”
Os dados levantados pelo ISP-RJ indicam que das 78 vítimas de feminicídio, 52 eram mães e 34 tinham filhos menores de idade. Do total, apenas nove tinham medidas protetivas contra seus companheiros. Além disso, 78,2% dos autores dos crimes são companheiros ou ex-companheiros.
O levantamento ainda revela que 75% dos crimes foram cometidos dentro de uma residência. Do total de casos, mais da metade das vítimas (57,7%) tinha entre 30 e 59 anos e era negra (55,1%). Faca, facão e canivete estão entre as armas mais usadas, cerca de 40%, e arma de fogo vem em seguida, com 24,4%.
Situação de briga foi a motivação do crime em 27 casos, enquanto o término do relacionamento foi o motivo para 20 deles. Mais da metade das vítimas já tinha sofrido algum tipo de violência, que não foi registrada.
Além disso, os dados levantados pelo estudo apontam que, em 2020, aconteceram 5.645 casos de violência sexual, 15,8% menos do que no ano anterior. No entanto, analisando por dia, foram em média 15 casos registrado. Sendo assim, a cada uma hora e meia uma mulher foi violentada sexualmente.
O estupro de vulnerável foi um crime que se destacou na análise também, com 2.754 casos identificado, dado que supera o dobro registrado no último ano. Por dia, em média, sete meninas com até 14 anos foram estupradas no estado.