Mulheres lutam pelo direito de escolher como viver
Em tempos de guerra, mães que desejam suas gravidezes são mulheres que lutam duplamente pela vida
Há alguns dias eu recebi uma figurinha com os dizeres “Você sobreviveu a uma pandemia e como prêmio você receberá: a terceira guerra mundial!”, em alusão à Guerra entre a Rússia e Ucrânia, que há dias tem sido amplamente televisionada e mencionada em todos os canais de comunicação. Enquanto assistimos ao vivo e em tempo real os horrores de mais uma guerra no mundo, desta vez com os requintes tenebrosos da suposta ameaça da bomba atômica, conseguimos compreender também as chamadas “políticas do sofrimento”, ou seja, a capacidade seletiva dos seres humanos de sofrerem e de se mobilizarem com algumas tragédias e, com outras, nem tanto.
É inegável que uma guerra seja um horror e, portanto, mobilizadora de muitas ajudas humanitárias. Realmente TODAS as pessoas que necessitam devem receber tratamento digno, refúgio e acolhimento. Reforço que, de fato, TODOS os conflitos e tragédias que geram o sofrimento humano com o desabrigo, a fome e o desespero imediato na luta pela sobrevivência DEVEM receber as MESMAS formas de tratamento humanitário. No entanto, se pensarmos historicamente, as guerras e conflitos mundiais não receberam a mesma mobilização e acolhimento. Por exemplo: em todas havia mães parindo ou grávidas desesperadas por abrigos seguros. Mães que desejam suas gravidezes são mulheres que lutam duplamente pela vida. A Guerra é a morte. Mas para essas mulheres desses conflitos não espetacularizados não havia televisões mostrando em tempo real suas histórias e, talvez, por isso, a capacidade de empatia foi bem menor. Talvez por isso. Eu assisto atualmente em desespero a luta dessas mulheres pelas suas vidas e de suas crianças e penso em tantas outras das quais nunca tivemos notícias e que hoje jazem enterradas e esquecidas. Políticas de sofrimentos não (im)portadas. Se TODAS as vidas importam as empatias NÃO podem ser seletivas.
Durante um programa dentre tantos que estão transmitindo esse tema, eu ouvi uma repórter corajosamente dizer na televisão o que considero uma das melhores explicações desta comoção seletiva de sofrimento: “pela primeira vez, a Europa recebe os refugiados de braços abertos, sem restrições, como nunca antes durante décadas de conflitos no continente Africano e no Oriente Médio.” A empatia é sempre mais fácil quando se olha no espelho. E essa é a questão que precisamos ensinar, como mães, para construir uma sociedade mais equitativa, justa e melhor para nossas crianças. O mundo é diverso, diferente e isso é maravilhoso. Mães, em sua maioria, sabem que suas crianças são diferentes umas das outras e que só é possível viver bem respeitando essas diversidades. As mulheres sempre estão vivendo na luta pelo direito de escolher como viver, em especial as mães que, em geral, lutam por suas vidas e de suas crias. Isso sem falar daquelas que decidem que não querem ser mães e que sofrem o julgamento de não terem crianças. Sempre seremos condenadas, qualquer que seja nossa decisão. A questão é: estamos sempre lutando pelas nossas vidas. Todas nós.
Apenas por esse motivo, dentre tantos outros, precisamos lutar juntas. Somos diferentes em nossas histórias, culturas, raças, etnias, identidades, sexualidades e temos como ponte de união essa marca da falta: de fala, de escuta, de vida, de lugar, de reconhecimento. Vou parar por aqui. O Dia Internacional de Luta pelo Direito das Mulheres é amanhã. Seu coração sangra igualmente por TODAS as vidas que sofrem no mundo? A luta por uma sociedade mais equitativa começa hoje com todos os passos, gestos e atitudes. É possível sermos melhores, sempre! Dias Mulheres virão! Vamos conversar?
Vamos conversar?
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