De acordo com censos demográficos, as mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho. Em 1970, apenas 18,5% delas eram economicamente ativas, enquanto o número aumentou para quase 50% em 2010. Apesar da visível desigualdade entre homens e mulheres no espaço de trabalho, é preciso enxergar as disparidades que separam as próprias mulheres e as hierarquizam.
A partir de dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnad) feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi elaborada a pesquisa Mulheres e trabalho: breve análise do período 2004-2014. E os dados não são nada satisfatórios.
De acordo com o relatório, o número de mulheres presentes no mercado de trabalho entre 2004 e 2014 não teve grandes variações. Em 2005, 59% das brasileiras estavam empregadas; em 2011, elas eram 56%; e, em 2014, 57%. Enquanto isso, os homens mantiveram um percentual médio de 80% ao longo da década em questão.
A respeito dos salários pagos, os dados apontam que, em 2014, o rendimento das mulheres ultrapassaram, pela primeira vez, 70% da renda masculina. Em 2004, esta proporção era de 63%. No entanto, infelizmente, esta realidade não é igual para mulheres brancas e negras: o segundo grupo ainda não alcançou nem 40% da renda dos homens brancos.
Além disso, os dados da Pnad 2014 mostram que as mulheres aparecem no topo das taxas de desocupação quando comparadas aos segmentos masculinos. Ademais, de acordo com o estudo, as mulheres negras ainda são mais suscetíveis ao desemprego.
“A mulher negra é a base do sistema remuneratório, sujeito preferencial das piores ocupações, convergência da tríplice opressão de gênero, raça e classe. Nada menos que 39,1% das mulheres negras ocupadas estão inseridas em relações precárias de trabalho, seguidas pelos homens negros (31,6%), mulheres brancas (27%) e homens brancos (20,6%)”, mostra o estudo.
Uma das conclusões dos pesquisadores do Ipea indica que os homens continuam ganhando mais do que as mulheres: em 2014, eram R$1831 para eles contra R$1288 para elas. No mesmo ano, as mulheres negras seguiram como a base da pirâmide, ganhando cerca de R$946, ao mesmo tempo em que os homens brancos ocuparam o topo, com rendimento médio mensal de R$2393.
Apesar de as mulheres terem conquistado coisas incríveis desde o começo do século, muito ainda precisa ser feito. Famosas já mostraram sua indignação com a desigualdade entre os salários pagos aos atores e às atrizes de Hollywood, mas é necessário que todas nós lutemos pela igualdade salarial, bem como pela autonomia econômica das mulheres.