“
No verão de 2009, eu e meu namorado escolhemos passar o Ano-Novo e o início do mês de janeiro em Camburi, no Litoral Norte de São Paulo. Em um sábado qualquer da viagem, decidimos ir, junto com o meu cunhado, para a rua principal, onde se concentravam vários barzinhos e baladas movimentados por outros jovens, que queriam aproveitar o melhor do estilo de vida praiano no calor. Fomos de um em um, pegando drinques, dançando e nos divertindo.
Como todo casal em início de relacionamento, a gente não se largava. Beijo aqui, mão ali… As coisas foram esquentando e resolvemos dar uma escapadinha ‘discreta’ (só na nossa cabeça, que fique claro) para transar na praia. A ideia parecia ótima: o som das ondas, o céu estrelado, o clima propício — o que poderia ser mais romântico?
Logo de cara, percebemos que a areia não era nada macia e que a coisa toda não é tão agradável e sexy quanto os filmes fazem parecer ser. Mas existe uma certa persistência na juventude apaixonada, né? Chutamos o incômodo para escanteio e seguimos ali, nos curtindo.
Não demorou muito para termos certeza de que a ideia não tinha sido das melhores. Picadas de pernilongo, areia nos sapatos, na calcinha, na cueca, no sutiã, na boca… Sacudimos (literalmente) a poeira e fomos reencontrar o meu cunhado, que achava que estávamos apenas pegando bebidas e checando como estava a balada que cogitávamos entrar na sequência. Ele não estranhou o tempo passado, e logo pensei: ‘Ufa, nossa pequena aventura passou despercebida!’. Ledo engano.
Na hora de pagar a próxima rodada de cervejas, o susto: o namorado tateou os bolsos e não encontrou a chave do carro. Nos olhamos como cúmplices de um crime e corremos de volta para a praia. Tudo escuro. ‘Onde foi mesmo que deitamos?’ Acho que, talvez, perto daquela árvore ali. Reviramos a areia com determinação por meia hora, e nada da bendita chave.
Era chegada a hora de encarar os fatos: sozinhos, dificilmente encontraríamos — e o cunhado descobriria de qualquer forma. Lasque-se a vergonha: ‘Pior é ter que dormir na rua’, pensamos. Pedimos ajuda e, ele, claro, ficou rindo muito, provavelmente mais das nossas caras desconcertadas por sermos descobertos.
Passamos as próximas horas procurando, até que, finalmente, encontramos ela ali, praticamente zombando de nós, pertinho do tal tronco, quando já estava próximo do amanhecer. O saldo? Os três com sono, cheios de areia até os cabelos, sem ver a hora de tomar banho e cair na cama.
Hoje, quase 14 anos depois, ainda rimos da situação, mas levamos a lição para a vida: sexo na praia só é romântico na ficção. Na vida real, é um mix de desconforto com vergonha alheia que dificilmente dá certo. Na dúvida, se for se aventurar, prepare-se e cuide bem dos seus pertences — e não diga que não te avisei, ok?”
*Os nomes foram alterados para garantir o anonimato dos participantes. Para contar sua história, escreva para papoaberto@abril.com.br.