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Mulheres, ESG e futuros: as vozes que impulsionam a agenda

Elas lideram debates e ações que podem mudar a rotina de cada um e os rumos do planeta

Por Sarah Catherine Seles
Atualizado em 16 fev 2023, 09h22 - Publicado em 16 fev 2023, 08h59
ESG
As mulheres lideram debates e ações que podem mudar a rotina de cada um e os rumos do planeta. (Ilustração/Getty Images)
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Não podemos deixar que ESG se torne apenas uma sigla corporativa. Do inglês Environmental, Social and Governance, refere-se a estratégias centradas no meio ambiente, no ser humano e na governança de organizações. Em 2022, a expressão se transformou em uma espécie de guarda-chuva que acolheu pautas urgentes de diferentes áreas, de ações contra mudanças climáticas a políticas de inclusão e diversidade, passando por transparência nos negócios. Se você luta, defende ou reconhece pautas nesta direção, pode apoderar-se do termo e incluí-lo cada vez mais em seu vocabulário.

Mais do que ter vez, as mulheres são vozes potentes que impulsionam a agenda ESG no país. Dados do Credit Suisse mostram que a proporção de mulheres como lideranças de sustentabilidade é mais que o dobro que nas posições de gestão como um todo. Dentre os associados da Associação Brasileira de Profissionais de Sustentabilidade, 68% são mulheres. Os indicadores estão reunidos no livro Essas Mulheres Sustentáveis, organizado por Velma Gregório e que reuniu colaborativamente a experiência de vida e o conhecimento acadêmico de 40 profissionais da sustentabilidade e ESG, exclusivamente mulheres brasileiras — o e-book está disponível gratuitamente no Kindle.

Paula Harraca, diretora de futuro de um dos maiores conglemerados siderúrgicos do mundo, a ArcelorMittal, é outra força. Ela acaba de lançar o livro O Poder Transformador do ESG (Planeta, R$ 61,90). Com base em 25 anos de sua experiência profissional, a executiva ensina como construir uma estratégia de negócios voltada para o ser humano e centrada na sustentabilidade como qualidade essencial. Para isso, sugere uma associação aos 7 P’s: propósito, princípios, protagonismo e paixão, proposta de valor, profitability (lucro), programas e performance.

Para Harraca, quando falamos em ESG, nos referimos a princípios que regem uma série de parâmetros relacionados ao modo de agir. “Não é difícil de entender o porquê: uma organização não sobrevive se não considerar o ambiente em que está inserida, as pessoas que nela trabalham e as contribuições que deseja fazer para o mundo”, afirma. Ela destaca ainda que, com consumidores cada vez mais conscientes de suas escolhas, cada etapa dos processos deve ser permeada por pautas que contribuam para o impacto que a empresa quer causar e a percepção que ela quer deixar na sociedade.

Nesse contexto, Harraca pondera que a mulher traz de forma mais concreta o ingrediente do “feminino” presente em todo ser humano. “O papel de cuidar, de acolher, de valorizar as pessoas independente de qualquer rótulo ou convenção social que tenha sido construída ao longo de séculos, é fundamental nessa jornada de transformação. Sendo uma maioria da sociedade, mas que foi minorizada durante a história das civilizações, a mulher precisa ampliar seu lugar de impacto e influência fazendo parte dos espaços de poder para influenciar a tomada de decisões mais abrangentes e conscientes, que equilibrem melhor a pressão desproporcionada pelos resultados de hoje e a necessidade urgente de preservarmos a sustentabilidade do amanhã”, defende a executiva.

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Afinal, como surgiu o ESG? O termo apareceu em 2004, quando Kofi Annan, então secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), apresentou o Relatório “Who cares wins” (Quem se importa vence), em 68 claudia.com.br janeiro 2023 parceria com grandes bancos e fundos globais. Eles convocaram instituições financeiras a incluírem critérios ambientais, sociais e de governança ao analisarem as empresas em que iriam investir, apresentando os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), instituídos em assembleia geral, como norteadores das escolhas. Entre eles estão: erradicação da pobreza, saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero, água potável e saneamento, energia limpa e acessível, trabalho decente e crescimento econômico, cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção sustentáveis e ação contra a mudança global do clima, entre outros.

De acordo com a ONU, para limitar o aquecimento global em 1,5°C, quando comparado aos níveis pré-industriais, as emissões de carbono devem ser reduzidas em 45% até 2030 e chegar a zero até 2050. Mais de 70 países mundo afora, que são responsáveis por quase 80% das emissões, já se comprometeram com as metas net zero, ou carbono zero. Entre outros agravantes estão a desigualdade social, a restrição de recursos hídricos, a perda de biodiversidade, o excesso de resíduos… Enfrentá-los exige medidas que impactam toda a sociedade, que podem atingir a nossa rotina. Então sim, ESG tem a ver com cada um de nós.

É importante destacar dois aspectos que reforçam a costura da sustentabilidade. De um lado, o mercado de capitais passou a considerar que práticas sustentáveis são um diferencial para investimentos – 83% dos líderes executivos acreditam que programas do tipo resultam em maiores rendimentos para acionistas em cinco anos, conforme levantamento divulgado pelo Think with Google. E, de certa forma, esse primeiro aspecto está relacionado com o segundo: os consumidores estão buscando de forma ativa por empresas e marcas cuja atuação se dá de forma responsável e apoiam ONGs e movimentos que atuam em questões relevantes.

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Fernanda Ribeiro exerce o papel de levar para mesas conversas difíceis, por meio do trabalho de questionar atores do ecossistema onde está inserida. Ela é cofundadora da startup Conta Black, que busca democratizar os serviços financeiros. Também é presidente da AfroBusiness Brasil, conselheira Administrativa no Instituto C&A., líder de diversidade da Associação Brasileira de Fintechs e Embaixadora da Rede Ibero Americana de Mulheres em Fintech. É focada na inclusão financeira e profissional da população negra. Este ano, Fernanda Ribeiro também foi uma das brasileiras escolhidas para palestrar no Pacto Global da ONU, pautando a equidade racial dentro das empresas.

“Por ser uma discussão teoricamente nova, ainda há muita superficialidade na tratativa da temática. Limitando ao ‘E’ com compensação de crédito de carbono, ‘S’ como investimento de capital privado em ações sociais e ‘G’ em publicações de materiais que remetem à governança. Entendo que ainda há muito o que se fazer”, destaca Fernanda. “Acredito que não podemos falar em ESG sem colocar uma lente específica para gênero e raça, uma vez que a mulher negra está na base da pirâmide social e figura os piores índices”, exemplifica.

Junto com a sigla ESG, precisamos aliar o termo “greenwashing”, ou seja, o discurso que não se traduz em ações ou consequências práticas. Empresas — e as pessoas que as formam — precisam não só ter consciência ambiental e social, como promover transformações que vão além das básicas dessa agenda inadiável. O bem-estar individual não pode estar à frente do coletivo.

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