Ancestrais do Futuro: série une sustentabilidade e moradia em episódio
Edna e Maria Gabrielly atuam contra problemas ambientais e lutam pelo direito de moradia
![Ancestrais do futuro](https://beta-develop.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/05/MYRELLA-LAIS-EDNA-E-GABRIELLY_-POR-DEBORA-OLIVEIRA.jpg?quality=85&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
A série Ancestrais do Futuro, realizada pela Fundação Tide Setubal, estreou em fevereiro no canal Enfrente, no Youtube, e conta histórias de pessoas dispostas a repensar e construir um mundo melhor. Em cinco episódios, a produção trata sobre política, cultura, religião, memória e preservação ambiental, apresentando pessoas e coletivos que promovem o desenvolvimento de suas comunidades.
Entre eles, aparece SALve, um filme sobre a luta por moradia e a importância da moda sustentável por meio dos projetos Casa de Sal e Cabrochas Brechó, desenvolvidos por Edna Dantas e Maria Gabrielly Dantas, mãe e filha, respectivamente. Elas atuam na Praia do Sossego, uma comunidade no litoral norte da Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, inspirando moradores e denunciando a urgência de se pensar sobre as formas de consumo e o descarte correto de resíduos.
“As violências e negligências que as comunidades sofrem são reais. Mas a gente pode se priorizar e construir novos rumos para combater essas sentenças. Aliás, não cuidar do meio ambiente é uma sentença”, diz Maria Gabrielly. “O mais legal da produção do Obirin é que sai desse lugar de que negros são coitados. Existe conhecimento, talento por trás das nossas histórias”, completa Edna.
![Ancestrais do Futuro Ancestrais do futuro](https://beta-develop.claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/05/MYRELLA-LAIS-EDNA-E-GABRIELLY_-POR-DEBORA-OLIVEIRA.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
Os mais afetados pelos problemas ambientais são os países pobres, especialmente as pessoas com menor poder aquisitivo que vivem nesses locais, segundo o relatório da agência beneficente britânica Christian Aid. No Brasil, a maioria são negros. Mesmo com esse quadro, muitas vezes as pautas de sustentabilidade e meio ambiente se concentram entre os brancos, sem dar voz ao restante da população. “Embora haja pessoas negras falando sobre esse assunto e criando projetos para minimizar os problemas do meio ambiente, como nós, o destaque vai para os brancos”, afirma a jovem.
Quem contribui para a mudança dessa narrativa é justamente o audiovisual. “A maneira como contamos, abordamos e editamos a série é muito importante para tentar mudar o imaginário do que se construiu sobre o que é periferia. O audiovisual pode reforçar estereótipos, mas também pode trazer grandes benefícios para a sociedade”, reflete Lais Rilda, uma das participantes do Coletivo Obirin que atuou nessa série. “Com essa produção, a gente quebra a narrativa única de que negros são sempre figurantes na luta contra os problemas ambientais”, termina Maria.
Outra questão importante tratada é a luta por moradia. Segundo as informações do Relatório de Impacto TETO Brasil 2021, o Brasil tem 5,8 milhões de famílias sem casa ou que vivem em moradias precárias. Além disso, em 2021, 60% das moradias inadequadas do Brasil, o equivalente a 15 milhões, eram ocupadas por mulheres, conforme dados da FIP, que demostra como esse problema afeta especialmente pessoas do sexo feminino. Com a produção, pretendem mudar o cenário. “Todo mundo tem direito a moradia digna”, pontua Edna.