O Dia Mundial da Conscientização do Autismo é lembrado em 2 de abril, entretanto, o investimento de energia e atenção às crianças com esse transtorno é constante para famílias. “Atualmente, utilizamos a sigla TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). O TEA refere-se a um grupo de transtornos caracterizados por prejuízos na interação social e de comunicação, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos”, explica a Dayane Sanches de Castro, Terapeuta Ocupacional do Grupo São Cristóvão Saúde, em São Paulo.
A Organização Mundial de Saúde estima que a condição afete uma a cada 160 crianças e costuma ser diagnosticada ainda na primeira infância, entre os 12 e 24 meses de vida.
Foi o caso de Felipe, hoje aos 4 anos, de São Paulo. A mãe, Paula Porta, conta que desde cedo começou notar alguns sinais. “Com cerca de um ano e meio, já percebi que ele era uma criança quieta, que não interagia muito. Como sou psicóloga, prestava muita atenção nisso. Cheguei a levar essa questão ao pediatra, mas, em um primeiro momento, acreditamos que era apenas um traço da personalidade dele”, conta.
Apesar disso, o quadro não evoluiu e o diagnóstico chegou pouco depois. “Iniciamos uma busca para encontrar formas de acessar o mundo dele, já que ele não conseguia se comunicar com a gente. Então, como ele mostrava habilidade ao usar o tablet e o gosto por tecnologia, pensamos que esse poderia ser um caminho”, explica. Com a ajuda dos irmãos, Felipe começou a assistir aos primeiros vídeos na internet através de uma plataforma infantil chamada Playkids.
“Foi uma grande virada na nossa vida. Além do processo de aprendizado de cores, formas e palavras, ele também fica mais receptivo aos hábitos diários. Foi o caso da escovação dos dentes. Antes, ele era intolerante e rejeitava, sofria no, mas com a ajuda de exemplos de personagens, o momento ficou mais simples”, conta Paula.
O estímulo com cores e personagens, mas, sobretudo, com música, é um dos caminhos possíveis. “Estudos informam que as atividades relacionadas à música envolvem imitação e sincronização, levando à ativação de áreas que contêm neurônios-espelho e proporcionando o desenvolvimento da cognição social. Uma atividade lúdica abre o canal de comunicação das crianças em diversos sentidos sensoriais”, relata a terapeuta.
Hoje em dia, Felipe é capaz de dialogar com a família, responde bem aos estímulos e conta com ótima memória. Felizmente, tem a oportunidade de se tratado por uma equipe multidisciplinar de apoio, além da rede familiar. Profissionais como neuropediatra, psiquiatra, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo e psicopedagogo são figuras importantes para melhorar a qualidade de vida do pequeno.
“O TEA não tem cura, mas podemos e devemos atuar para melhorar a qualidade de vida, ampliando a perspectiva da autonomia, independência, linguagem, socialização e capacidades cognitivas“, comenta a terapeuta ocupacional.