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Resoluções de mãe: o que você pode fazer este ano pelo seu filho

Aproveite o ano que começa para se comprometer com algumas mudanças importantes para a vida das crianças. Sabe aquelas medidas que você sempre deixou para implementar depois? Pois são essas mesmo!

Por Giuliana Bergamo (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 13h18 - Publicado em 2 fev 2015, 08h11
Reprodução / Revista CLAUDIA
Reprodução / Revista CLAUDIA (/)
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Todo começo de ano é assim: adotamos aquela atitude de “o que aconteceu já passou” e elaboramos – no papel ou só mentalmente – uma lista do que gostaríamos de fazer diferente. E os filhos, como ficam nesse planejamento? Aqui vão algumas ideias para melhorar a vida das crianças em 2015 – e dali em diante. Mas não se engane: as propostas são para você também. Sabe aquela máxima que diz que é pelo exemplo que os filhos aprendem de verdade? Pois então: ao se comprometer com algumas resoluções para os pequenos (como comer melhor, praticar atividade física e apaixonar-se pela leitura), os pais também devem colocar as medidas em prática para si mesmos. Veja nossas sugestões e como atingi-las.

Brincar mais e de formas diferentes

Brincadeira é coisa séria. É assim que a criança faz um ensaio para o mundo adulto. Montando uma casinha, passeando com o carrinho pelos móveis ou até dançando pela sala, meninos e meninas interpretam o que acontece à volta deles e amadurecem emocionalmente. “Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança. É uma arte, um dom natural que, quando bem cultivado, irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto”, escreve a educadora Nylse Helena Silva Cunha no livro Brinquedos – Desafios e Descobertas (Vozes).

Mas o que fazer para que os pequenos brinquem mais? O primeiro passo é não entupir a agenda infantil com tantas tarefas que não sobre tempo para a simples diversão. O segundo é ficar de olho para que eles não se ocupem apenas com os eletrônicos. Videogames são proibidos? De jeito nenhum. Mas não bastam. Até porque eles não substituem a experiência de jogar bola com um amigo, por exemplo. Estabeleça um limite diário para atividades eletrônicas (a televisão incluída) e proponha novidades para o resto do tempo. A empresária Luciene Motta, proprietária da Casa do Brincar, em São Paulo, dá algumas sugestões para ambientes variados:

  • No trânsito: resgatar cantigas da sua infância – ou soltar a voz com um hit do momento – é diversão garantida. E é fácil: que mãe não deixou escapar um “Let it goooo…” no carro em 2014? Além disso, você pode propor jogos improvisados, como achar um Fusca azul, contar ipês-amarelos no caminho ou, para quem está em fase de alfabetização, procurar letras específicas nas placas de rua ou dos carros.
  • Em casa: resista ao medo de ver seu espaço revirado. Combine que, ao final da farra, tudo volta ao seu devido lugar e permita à criança criar com o que está ao redor. Duas poltronas viradas de costas uma para a outra e cobertas por um lençol transformam-se em uma cabaninha onde coisas fantásticas podem acontecer. Panelas e uma colher de pau dão uma ótima bateria.
  • No banho: até por volta dos 6 anos, as crianças gostam (e algumas precisam) de companhia no banho. Se sua casa não tem banheira, encha uma grande bacia e as convide para levar bonecos e outros brinquedos para o chuveiro – só cuidado para não desperdiçar água!

Comer melhor

Ajudar a criançada a fazer refeições mais saudáveis é trabalhoso e demanda atenção, sobretudo para as famílias que não têm o costume de sentar para que todos comam juntos. Hábitos alimentares fazem parte da cultura familiar e, se pais e filhos não compartilham as experiências à mesa, fica mais difícil transmiti-los. Então, comece a dar um jeito de acomodar na agenda um tempo para tomar café da manhã ou jantar com as crianças. A rotina está apertada e essa é uma meta impossível? Tudo bem. Enquanto não consegue criar brechas (mas não desista!), reserve um almoço no fim de semana para ser preparado e devorado em conjunto. “Quando participam do preparo, as crianças se sentem donas da comida e costumam desenvolver o gosto por provar novos ingredientes”, diz a chef Adriana Vasconcelos Mac Dowell, criadora do Minha Caçarola, programa de educação culinária infantil.

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Comece com a feira ou o supermercado. Se seu filho já souber escrever, proponha que ajude a fazer a lista de compras. Depois, leve-o para escolher e, por fim, coloque-o na cozinha. Até os bem pequenos, perto dos 2 anos, podem participar. Basta reservar para eles tarefas simples, como lavar ou picar (com as mãos) verduras.

Outra atividade gostosa para incentivar a criançada a experimentar novos sabores é promover degustações em casa. Que tal descobrir as diferenças entre as variedades de maçãs ou de bananas? Compre uma de cada: verde, fuji, gala, argentina – ou prata, da terra, nanica, maçã… Exponha todas na mesa e corte pequenos pedaços para provarem juntos. A cada mordida, todos devem fazer um comentário sobre o sabor. E divirtam-se! Deixe a cobrança de lado e aventure-se com sua trupe gourmet mirim.

Ter mais e mais contato com a diversidade

Conviver com o diferente não é algo que se ensina com palavras. Ações são fundamentais. Famílias que reconhecem a importância de uma sociedade plural devem fazer isso valer nas próprias atitudes. Como? As metrópoles brasileiras frequentemente são palco de festivais culturais onde há espaço para artistas e público de todo canto e todo tipo. Se pretende ir a um desses eventos, escolha atrações e horários apropriados e leve seus filhos com você. Outro caminho é apresentar a eles um repertório musical diversificado, com canções de várias nações – tarefa simples para quem tem acesso à internet. Provar novos sabores é mais uma forma de incutir nos pequenos a atração pelo diferente. Isso sem falar no cinema. Não precisa deixar de lado as superproduções da Disney, mas se aventure por festivais de animação, que trazem obras do mundo todo, ou garimpe filmes infantis estrangeiros. Atenção: nada de tornar essas experiências eventos didáticos. A proposta é curtir o novo, e não ter aula de antropologia.

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Criar o hábito da leitura

Está aí algo que pode e deve ser cultivado desde o nascimento. Como escreveu o educador Paulo Freire: “A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra.” Ou seja, ler é muito mais do que interpretar a combinação de letras; é entrar em contato com o universo mágico, com o imaginário. Comece o quanto antes. Se você tem um bebê em casa, converse com ele, conte sobre casos do seu passado e até mesmo leia um livro com ele no colo. “Quanto mais se aproxima da forma literária de contar uma história, maior o interesse despertado para a leitura no futuro”, afirma a educadora Zélia Cavalcanti, coordenadora do Centro de Formação de Professores da Escola da Vila, em São Paulo. Ainda durante a primeira infância, uma ideia é levar as crianças a livrarias não apenas para comprar mas também para folhear livros que estão lá disponíveis para manuseio. Em casa, aproveite para criar um cantinho da leitura. Coloque uma prateleira baixa para manter exemplares ao alcance das mãozinhas, uma almofadona e um tapete fofinho. Assim, elas aprendem que podem xeretar páginas, viajar sem sair do lugar e ter um tempo em paz sempre que quiserem. Participar de rodas de história ou aproveitar momentos em casa para falar sobre sua infância em tom de “contação de causo” são atividades enriquecedoras entre pais e filhos, avós e netos. “Crianças gostam de saber sobre a infância dos antepassados”, diz Zélia. A partir dos 6 anos, já é possível adquirir o costume de ler livros maiores em capítulos. Que tal tentar a obra de Monteiro Lobato neste ano?

Desenvolver empatia e o desejo de ajudar

Preparar os pequenos para reconhecer a necessidade do próximo é mais simples do que parece. Desde muito novos (a partir de 2 anos), eles já podem selecionar brinquedos que não usam mais para doar a crianças carentes. Aproveite o dia seguinte à festa de aniversário, por exemplo, e convide seu filho para um rodízio de jogos e bonecos, tirando o que anda encostado. Explique que não há espaço para tanto e, infelizmente, existe quem não tem nem uma bola. Escolham juntos alguns itens para ser doados. Torne isso um hábito. Com o passar dos anos, você pode montar cesta de Natal para alguém atendido por instituição com itens novos (como roupas, produtos de higiene, livro, brinquedo) e chamá-lo para ir às compras e à entrega com você. Contar histórias em creches ou visitar asilos são caminhos já conhecidos para estimular o desejo de fazer algo pelo outro. Uma opção ainda mais fácil? Leve os pequenos para fazer uma “faxina” na praia e deixá-la limpinha para melhor proveito de todos. Recolham palitos e papéis de sorvete, copinhos e garrafinhas jogadas na areia.

Praticar exercícios

Criança tem muita energia e nada melhor do que atividades físicas para queimá-la. Mas elas nem precisam ser cheias de regras. Basta que sejam minimamente direcionadas para funcionar bem. Bebês de 6 meses já estão liberados – com a anuência do pediatra, claro – a cair na piscina. De qualquer modo, não é fundamental matricular seu filho em uma academia para garantir que ele se mexa. Ir com frequência a parques para andar de bicicleta ou jogar bola e brincar no playground do prédio já é suficiente na primeira infância. Até os 5 anos, aliás, o ideal é praticar o que os educadores chamam de atividades não especializadas – como brincadeiras com bolas ou com música. “É uma fase em que a criança deve usar o corpo todo e experimentar um maior número de movimentos”, diz a educadora física infantil Elodie Hue, de São Paulo. Ou seja, nada de balé, futebol, caratê, judô… ainda. Depois dessa idade, pais e filhos têm de escolher juntos o que será praticado. Encontrem algo que dê prazer ao pequeno. E não precisa dedicar mais que duas ou três horas semanais à prática escolhida. Se a criança não gostar muito da primeira experiência, insista um pouco: proponha que participe da aula mesmo que só como espectador por um tempo. Não deu? É hora de partir para outra e… 

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