A competitividade é um assunto dos mais polêmicos, até mesmo entre os adultos. Pode ser positiva e funcionar como uma bem-vinda mola propulsora para o desenvolvimento, mas assume caráter negativo quando sai do controle e vencer sempre se torna uma obsessão. Entre as crianças, o tema é igualmente premente. Embora não tenha o mesmo peso para as crianças, esse valor está cada vez mais presente na rotina delas, sobretudo nos grandes centros urbanos, e já virou assunto frequente nos consultórios dos terapeutas infantis.
Em entrevista exclusiva, a médica do esporte Maria Beatriz Monteiro, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica até que ponto a competitividade é saudável para seu filho – e ensina a reconhecer o momento certo de intervir.
A criança leva a competição tão a sério quanto o adulto?
Não. Até os 8 anos, ela ainda está aprendendo e internalizando esse valor. Pode compreender o que é ganhar ou perder, mas tem mais foco na atividade em si. Só depois o conceito será reforçado pelas vitórias. Mas o que vai determinar se ela se tornará um adulto competitivo é o ambiente em que ela crescerá.
Até que ponto a competitividade é saudável?
Ela é fundamental para a criança reconhecer suas habilidades e aprender a lidar com frustrações, que serão recorrentes ao longo da vida. Mas, se os pais deixam o filho ganhar sempre dentro de casa, dificilmente ele terá habilidade emocional para brincar com outras pessoas e lidar com perdas.
Qual o primeiro indício de que a criança está levando a competição a sério demais?
Quando ela passa a apresentar atitudes competitivas em todos os âmbitos do universo familiar, escolar e nas atividades esportivas, não reage bem ao fracasso e tem baixa tolerância à frustração. Isso compromete a autoestima e ela começa a fugir de situações em que possa perder. Com o tempo, poderá abrir mão de competições, provas e concursos importantes com medo de fracassar.
Como os pais podem ajudar?
Incentivando a criança a assumir uma atitude cooperativa no dia a dia e evitando punições e castigos caso ela não atinja seus objetivos. Assim, estimulam uma competitividade mais saudável. Pais e treinadores devem estar atentos a esse tipo de comportamento e elaborar estratégias que desenvolvam a resiliência, que é a capacidade de se recuperar após uma frustração. Se ainda assim não resolver, é preciso procurar ajuda de um profissional especializado.
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