8% dos jovens entre 16 e 23 anos já publicaram fotos sensuais de si mesmos pela web, segundo pesquisa da Safernet
Foto: Getty Images
Tente viajar 25 anos no tempo. Agora procure se lembrar do que você e seu namoradinho da época faziam. Era uma mão boba aqui, outra mão boba ali, um mostra-o-peitinho acolá… Volte para 2013. Os adolescentes continuam dando amassos, mas agora têm nas mãos celulares com câmera e conexão com a internet. Resultado? Quando cada um está na sua casa, o garoto às vezes pede para a namorada tirar uma foto sem blusa e mandar para ele. E a menina topa. A prática é tão comum que tem até nome: sexting, mistura de sexo com mensagem de texto. O problema é quando o rapaz quer bancar o pegador, compartilha a imagem e a menina vira motivo de piadas cruéis nas redes sociais.
Histórias assim podem acabar mal: duas garotas brasileiras cometeram suicídio por causa de imagens íntimas vazadas. “A internet tem cada vez mais importância na vida do adolescente. Ao serem massacradas na web, essas meninas deixaram de ver sentido também na vida fora da rede”, analisa Rodrigo Nejm, diretor de prevenção da SaferNet Brasil. A questão que ficou no ar é o que os pais podem fazer para afastar seus filhos desse perigo.
Falta maturidade
Adolescentes sabem tudo sobre tecnologia, mas são imaturos para medir as consequências de um passo mal dado no mundo virtual.
A garota manda a foto com os seios de fora porque acha que está segura ao enviá-la “apenas” para o namoradinho. Já o menino não imagina o tamanho do desespero que pode causar ao enviar tal foto para outras pessoas. “Os adultos devem ensinar que é preciso respeitar a imagem do outro. Se alguém compartilhou uma foto íntima comigo, não posso espalhar. É a ética dos novos tempos”, alerta Rodrigo.
É exposição demais
Uma boa questão para se discutir com os filhos é por que as pessoas têm tanta necessidade de expor o corpo (e a vida!) na rede. Mas é bobagem fazer sermão. O caminho é bater longos papos sobre casos do noticiário e deixar claro que a gente precisa ter responsabilidade para usar as tecnologias. Convide os jovens para refletir a respeito e ouça a opinião deles. Dá mais resultado que apenas impor nossas verdades. Use situações concretas. Diga, por exemplo, que mandar uma foto nua pela web é como colocá-la no mural da escola.
Como criar meninos que respeitam meninas
Este assunto também envolve pais de garotos! Quem tem um filho homem precisa explicar a ele, desde cedo, que mulheres devem ser tratadas com respeito e igualdade, jamais como objetos. Isso pode ser “dito” em gestos simples: numa família em que o pai é respeitoso com a mãe, o recado é passado naturalmente.
Tem saída, sim!
Explique a seus filhos que compartilhar fotos íntimas é uma grande roubada. Mas, se eles já fizeram isso, diga que terão seu apoio caso as imagens vazem. Por mais difícil que a situação seja, existe saída, sim. “Se as garotas que cometeram suicídio soubessem disso, talvez essas tragédias tivessem sido evitadas”, ressalta Rodrigo. No site da Safernet (safernet.org.br), há uma cartilha voltada para a garotada com informações valiosas sobre como agir em casos assim (é possível reunir provas e procurar uma delegacia para registrar a ocorrência). A ONG também usa histórias em quadrinhos para mostrar os riscos do sexting e de outras práticas perigosas que rolam no mundo virtual (mostre a seus filhos o trecho ao lado, adaptado de uma delas). Quem ainda ficar com dúvidas pode contar com o Helpline, um serviço de orientação on-line, via bate-papo, realizado por psicólogos.
1. Um casal adolescente se conhece na balada e começa a ficar. Os dois se falam o tempo todo pelo celular.
2. O menino pede para a garota mandar uma foto nua para ele. Sozinha no banheiro, ela se sente segura e envia.
3. O garoto se empolga com a foto e a compartilha com um amigo. O amigo manda para outro amigo e…
4. Muitos colegas da menina também espalham a foto e fazem comentários cruéis. Ela fica arrasada!