No mundo em que a gente vive, a discriminação ocupa os mais diversos espaços. Ela está no ônibus, no ambiente de trabalho, na escola, na fila do banco, enfim, nos mais diversos espaços públicos. E, para os LGBTs, ela está MUITO presente também dentro de casa. Essa realidade alarmante já gerou até uma campanha linda por parte do Governo de Minas Gerais e motivou um grupo de estudantes de Pernambuco a desenvolver uma plataforma virtual revolucionária.
A triste situação dos LGBTs expulsos de suas próprias casas também fez com que o jornalista paulistano Iran Giusti abrisse as portas de seu apartamento para acolher a quem precisa. E desse gesto nasceu uma ideia muito maior: a Casa 1.
“A ideia é sermos uma república de acolhimento. O tempo inicial de permanência é de três meses mas vai depender das necessidades de cada pessoa. Não vamos ter uma estrutura rígida, a ideia é ver como podemos auxiliar cada pessoa que chegar”, conta Iran. Na empreitada, ele também conta com o trabalho voluntário das meninas da agência feminista Quatro e Um e do estudante de relações públicas Otávio Salles – que foi acolhido por Iran anteriormente.
A meta é abrir a Casa 1, em São Paulo, no mês de fevereiro, mas tudo depende do sucesso da campanha de crowdfunding, que precisa arrecadar R$ 83.952 e se encerra no dia 30 de novembro. Até o fechamento dessa matéria, apenas 60% do valor havia sido levantado. Com essa verba, a casa poderá funcionar durante 1 ano, com capacidade para acolher até oito pessoas.
A proposta é que a Casa 1 também funcione como um centro cultural, o que poderá gerar mais verba no futuro, com a realização de diversos eventos. “O projeto não só ousado e custoso, como também cheio de complexidades como questões legais e burocracias. Por isso a ideia é que funcionemos inicialmente por um ano, para na prática conseguirmos entender como fazer para manter. A grande questão é que é um projeto que depende de uma mudança de pensamento muito forte da forma como a gente ajuda o outro. Não é assistencialista, não é vertical e não é rígido em sua estrutura”, explica Iran.
Para viabilizar o projeto, ele e Otávio também passariam a viver na Casa 1. “Assim, os gastos que tenho com aluguel, condomínio e contas vai ser todo dedicado para a casa”. Essa foi a maneira encontrada para que as pessoas acolhidas não precisem arcar com despesas fixas. A ideia é que cada um contribua com o quanto pode.
“A gente entende quando as pessoas ficam desconfiadas, porque é muito diferente do que se pensa quando se fala ajudar o próximo. Quando eu abri a minha casa para quem precisava a reação foi a mesma, porém, antes quando eu alugava meu sofá no AirBnb, ninguém ligava. Quando envolve dinheiro as pessoas acreditam, mas isso muda quando envolve uma pessoa falando ‘então é assim que eu acredito que a gente pode evoluir como sociedade, eu pegando o que ganho e dividindo com quem não ganha nada e assim que essa pessoa começar a ganhar, ela vai ajudar outro que não ganha e por aí vai'”.
No futuro, Iran pretende conseguir apoio do poder público e de empresas, mas, por enquanto, a Casa 1 só vai sair do papel se a campanha de financiamento coletivo atingir a meta estipulada. “Hoje os direitos humanos são uma grande causa e fica lindo nas propagandas, mas efetivamente as empresas pouco fazem e nós queremos mudar isso. Em relação ao poder público, a gente tem que lembrar que essa é uma iniciativa que, inclusive, deveria ser obrigação do Estado. A maioria dos LGBTs em situação de rua não consegue ir para os abrigos públicos, porque lá são agredidos e estuprados, em especial as mulheres transexuais”, completa.
Quer entrar nessa corrente? É possível doar valores a partir de 20 reais através do site Benfeitoria.com. Mas lembre-se: a campanha vai até o dia 30 de novembro. Causa urgente e mais do que nobre!