Infelizmente, a participação da Seleção Brasileira na Copa de Futebol Feminina 2019 encerrou nas oitavas de final, após perder para França no domingo (23). Voltando para casa, as jogadoras que vestiram a camisa verde e amarela foram recepcionadas com um grande festa no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Do jeito que merecem, certo?
Cenas como esta, de apoio, incentivo e torcida foram comuns durante as últimas semanas. E se antes não era assim, esta foi a Copa feminina com mais cobertura e patrocínio.
Agora que o campeonato acabou, a pergunta está pairando no ar: depois que o clima empolgante do Mundial evaporar, como o futebol feminino fica?
Uma preocupação que compartilhamos com a nossa camisa 10, Marta, que após a eliminação, fez um discurso emocionante sobre a valorização do futebol das mulheres. “Não vai ter uma Formiga, uma Marta, uma Cristiane para sempre. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Então, pensem nisso. Valorizem mais! Chorem no começo para sorrir no fim“, disse a craque.
O futuro do futebol feminino
Persistência. Se no masculino já é difícil conseguir concretizar a carreira, as garotas que sonham em jogar bola profissionalmente enfrentam barreiras ainda maiores. Nessa luta, percebemos que talento não falta, prova disso é, por exemplo, a habilidade de Julia Rosado, mais conhecida como Juju Gol, de 9 anos.
Como não existiam times femininos da faixa etária dela, Juju sempre jogou com meninos. Em 2017, ela se tornou a primeira atleta federada para jogar no masculino, assim, é a primeira garota com autorização para disputar competições oficiais sub-9, tanto nacionais quanto internacionais. Só que com os meninos.
* Vale a pena entrar no Instagram dela e ver o que esta garota faz com as bolas nos pés, viu?
Mas sabemos que não é só de talento que se constrói uma história no futebol. O incentivo das grandes instituições que rodeiam o esporte precisa acontecer, como ressaltou a jogadora Tamires, que defendeu o Brasil na Copa na França, durante entrevista ao programa “Encontro com Fátima Bernardes”. “A gente fala muito na questão da base, que as meninas novas possam ter oportunidade de ir para um clube, ter um campo para treinar, ter uma comissão que vai auxiliá-las muito bem, uma preparação física boa. Uma coisa que a gente trata muito também é a questão do lastro físico das europeias e isso começa da base”, declarou a lateral.
E qual o plano?
Pensando no desenvolvimento do futebol feminino, em 2018, a FIFA lançou uma estratégia global para aumentar a participação e o valor comercial, além de construir uma estrutura mais sólida para a modalidade. Para alcançar o objetivos estabelecidos, a entidade mais importante de futebol tem como ações-base disseminar iniciativas femininas dentro e fora dos gramados e aprimorar as competições femininas, tornando-as fortes e sustentáveis. Também busca cultivar maior exposição em mídia e atribuir maior valor comercial das competições e ainda educar, empoderar e criar impacto social.
Junto com o apoio, o esporte também precisa ter o olhar feminino dentro da sua organização, por meio de mulheres ocupando espaços de liderança nas instituições esportivas.
Aline Pellegrino, capitã da Seleção Brasileira de Futebol Feminino (2004 a 2013) e atual coordenadora da modalidade na Federação Paulista de Futebol, conversou com o MdeMulher no dia de lançamento da exposicão Contra-Ataque! As Mulheres do Futebol, no Museu do Futebol, em São Paulo (inclusive um programa bem legal de ir, viu?), na qual ela é uma das curadoras, e falou sobre a importância da representatividade.
“Nós precisamos ocupar todos os espaços. Então, ter uma mulher ajudando a cuidar e desenvolver o futebol feminino com um olhar diferente, como acontece comigo na Federação, por exemplo, é muito bacana. É necessário também ter técnicas, comentaristas, narradoras e repórteres para a gente estar representada em todas as partes do futebol”, declarou Aline.
E aos torcedores e torcedoras, também cabe colaborar com o crescimento. Vamos torcer por essas mulheres que representam nossos times e nosso país: vamos aos estádios, divulguem nas redes sociais, marquem um jogo com as amigas, cobrem dos veículos mais matérias de futebol feminino. Vamos juntas, driblando os preconceitos e desigualdades. Vai, timê!