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Por que não é uma boa ideia dar coelhos de presente de Páscoa

Animais não são brinquedos!

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 16 jan 2020, 17h13 - Publicado em 9 mar 2018, 21h14
Delicious chocolate Easter bunny, eggs and sweets on rustic backgroundDelicious chocolate Easter bunny and eggs on rustic background (AND-ONE/ThinkStock)
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É difícil resistir ao encanto dos coelhos. Eles são lindinhos, fofos, ativos, suas orelhas podem ser curtinhas e marotas ou longas e charmosas, seus focinhos estão sempre em movimento. Nhoim! Mas achar que sabe tudo sobre como vive um coelho apenas por essas características é a mesma coisa que achar que conhece as Kardashian/Jenner só porque as segue no Instagram: um tremendo engano.

E é justamente o desconhecimento que faz com que muitas pessoas considerem uma boa ideia dar coelhos reais de presente de Páscoa e eles sejam abandonados pouco tempo depois. Nem todos querem cuidar de um ser vivo com necessidades diferentes daquelas dos cães e dos gatos.

Ou seja, não é uma boa ideia dar coelhos de presente de Páscoa, seja para crianças, para a mozona ou para o mozão. Seres vivos não devem ser considerados descartáveis. Vamos aos fatos.

Abandono: coelhos soltos em parques, praças e ruas

Não há dados oficiais sobre o número do abandono de coelhos no pós-Páscoa no Brasil, mas as informações de defensores de animais são consistentes e tristes.

Ativista e professora do Ensino Fundamental I em uma escola particular e em uma pública em Novo Hamburgo, na grande Porto Alegre (RS), Susana (que pediu para não ter o sobrenome publicado) faz todos os anos um levantamento com os alunos sobre quem ganhou coelhos na Páscoa e, seis semanas depois, pergunta a eles como está o bichinho.

“Comecei a puxar esse assunto em 2010. De lá para cá, de 78 alunos que ganharam coelhos de avós, padrinhos ou mesmo dos pais na Páscoa, só três continuaram com os animais como pets. Os outros ‘misteriosamente’ sumiram, e meus alunos ouviram todo tipo de desculpa dos pais: que o coelho tinha fugido, que tinha ido para um sítio para ter mais espaço. Ao mesmo tempo, é só dar um pulo no parque para ver coelhos soltos”, diz.

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Joana Paes Leme, biomédica e coordenadora da feira Adote Seu Melhor Amigo, em Niterói (RJ), conta que os coelhos ocupam a terceira posição no triste ranking de animais abandonados, ficando atrás de cães e gatos, nesta ordem. E que a Páscoa tem tudo a ver com isso. “Coelho é muito fofo e lúdico, as pessoas não pensam no depois”, observa. “Eles dão afeto e brincam de uma forma diferente dos cães e dos gatos, as pessoas não compreendem, não têm paciência para se informar, sentem-se frustradas e abandonam. Coelho não é brinquedo, é um ser senciente, que sente amor, dor, medo, todas as emoções.”

Em Brasília, o Parque Olhos D’Água é tradicionalmente escolhido para o abandono de coelhos da região. Uma funcionária pública que trabalha como voluntária no recolhimento deles e pediu anonimato fica com a voz embargada ao falar sobre as condições dos bichinhos: “Alguns são recolhidos desidratados, desnutridos e com diarreia, porque foram alimentados de forma errada. As pessoas veem cartoons e acham que coelho come só cenoura. Sem contar as coelhas que já são resgatadas prenhas, porque encontraram um macho também abandonado e eles reproduzem muito rapidamente.”

Já dá para ter uma boa ideia do destino de um coelho que seja dado como presente surpresa na Páscoa, né? Se você por acaso andou pensando nisso, por favor, reconsidere e opte por outro presente: um coelho de pelúcia ou de chocolate, ovos de chocolate variados, ovos decorados e recheados com doces… São muitas opções!

Claro que sabemos que há gente boa no mundo que tem vontade e todas as condições de cuidar adequadamente de um coelho. Se você já conversou com a pessoa potencialmente presenteada e sabe que ele será bem acolhido e mantido como parte da família, tudo bem. Mesmo assim, insista para que ela busque informações sobre os cuidados que o animal exige. Para facilitar, as trazemos aqui embaixo. 😉

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Dos dentes ao espaço, coelhos requerem cuidados especiais

Sabia que os dentes incisivos centrais superiores dos coelhos nunca param de crescer, e que eles precisam roer alimentos e objetos duros a vida toda para manter o comprimento deles? “É por isso que eles roem pés de mesas de cadeiras e tudo que encontrarem pela frente se não receberem os cuidados adequados”, explica a veterinária Gisele Starosky, da farmácia de manipulação veterinária Fórmula Animal-SC.

Por cuidados adequados, entenda sempre deixar à disposição deles pedrinhas e madeiras específicas para serem roídas (são vendidas em pet shops que não sejam focados apenas em cães e gatos).

“Eles também são muito ativos e não ficam bem instalados em gaiolas. O melhor para eles é haver um espaço amplo e rampas em que eles possam subir e descer livremente, para gastar energia”, esclarece a veterinária. Engaiolados permanentemente, inclusive, eles ficam estressados e podem entrar em depressão e morrer. Se houver a possibilidade de os coelhos ficarem um tempo ao ar livre todos os dias – em um ambiente seguro e controlado, obviamente -, chegamos ao mundo ideal!

Rabbit in the Grass
Coelhos gostam de ficar ao ar livre; em uma situação ideal, eles devem passar pelo menos algumas horas por dia fora de casa (STUDIO TEC/amanaimagesRF/ThinkStock)
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A parte de idas ao banheiro dos coelhos, segundo Gisele, é muito parecida com a dos gatos: eles aprendem a fazer seus xixis e cocôs na areia higiênica, que deve ser trocada todos os dias.

E não se esqueça de que eles precisam de um check-up veterinário anual, para verificar a saúde e aplicar vermífugo.

O fator educação – ou a etiqueta sobre animais serem usados como presentes

Ao presentear, é importante considerar o bem-estar da pessoa e legal ter o máximo possível de certeza de que o presente será bem recebido. Também nesse sentido, usar um coelho ou qualquer outro animal como presente é errado.

“É indelicado, porque nem todos gostam ou podem ter um pet. E, mesmo que curtam, não dá para saber qual é o preferido. A pessoa pode ser alérgica. Não é o ideal”, afirma a consultora de etiqueta Claudia Matarazzo.

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Ao consultar o potencial presenteado, nada de fazer pressão por um “sim”; quem estiver consultando tem que estar preparado para receber um “não” e respeitar essa resposta.

Se você estiver do outro lado da situação, ou seja, for a presenteada e não puder ou não quiser ficar com o coelho, procure uma ONG e o doe com responsabilidade, para que ele tenha a chance de ser adotado. “E depois não precisa ter medo de contar que doou, para que a pessoa perceba e não repita o gesto com outros”, conclui Claudia.

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