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“Eu sempre adorei crianças, tive muito jeito com elas e também sempre quis ter família grande. Quando conheci a Andrea, minha mulher, esse desejo só aumentou. Decidimos ter filho, paramos de evitar e muito mais rápido do que imaginávamos ela engravidou. No momento de o Pedro nascer, fomos para a clínica e terminou sendo uma cesárea. Na hora, me emocionei muito, claro, ele nasceu bem. Mas logo comecei a me incomodar com o modo como estavam tratando minha mulher e o recém-nascido. Tiraram o bebê de dentro de um meio líquido, escuro, quentinho e queriam colocá-lo em uma sala clara, na incubadora. Enquanto isso, a Andrea chorava porque gostaria de ficar com ele. Não tive dúvida, entrei no berçário, peguei meu filho e levei-o para o colo da mãe. Vieram reclamar dizendo que sabiam o que estavam fazendo, que faziam esses procedimentos milhares de vezes por dia. Poxa, mas era a primeira vez do meu filho! Achei aquilo um esquema muito mecânico, muito desumano.
Agora somos essa grande família. Eu e minha mulher dividimos as tarefas: ela leva à escola, eu busco. Ajudamos a fazer lição de casa. Jantar é todo mundo junto na mesa, às 19h30. Eles vão para a cama às 20h30 e, se quiserem ler, podem ficar acordados mais um pouco. Apesar de cada um ter seu quarto, agora querem dormir todos juntos. O mais velho lê para os mais novos, um barato. Seguimos uma filosofia mais naturalista, eles comem salada com a mão, TV é só uma hora por dia, eles não gostam de doces nem de bebidas gaseificadas. Temos nossa rotina e explicamos tudo para eles. Eu, quando estou com as crianças, é de corpo e alma. Mesmo sendo ocupado e superconectado, desligo telefone, tudo, e fico dedicado a eles, nem que seja meia hora. Fim de semana também é sagrado. Meu pai trabalhava muito e lembro que eu sentia falta dele. Não quero que meus filhos passem por isso. Eles vão ter lá na caixinha da memória deles essa lembrança, da minha dedicação, de botar para dormir, jogar bola. Por isso, eu digo aos pais de primeira viagem: tem de ser pai, conviver com seu filho, porque o tempo voa e não volta“.
Márcio Garcia, 43, é pai de Pedro, 10, Nina, 8, e Felipe, 4. Ator, produtor e diretor de cinema, lançou neste ano o filme Angie e atualmente vive o galã Guto, na novela Amor à Vida, da Rede Globo |