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Os benefícios do parto normal

Em entrevista à revista CLAUDIA, o médico Alexandre Padilha, ministro da Saúde, fala sobre as vantagens do parto normal. Confira

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 27 out 2016, 23h46 - Publicado em 23 Maio 2012, 22h00
Reportagem: Karla Spotorno Edição: Cleber Facchi
Reportagem: Karla Spotorno Edição: Cleber Facchi (/)
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Conheça os beneficíos do parto normal e saiba quais são as ações do governo para estimular a prática
Foto: Getty Image

O parto normal pode ser entendido como uma espécie de ritual de passagem importante para o bebê. É a transição da vida num ambiente escuro, líquido e quente para um lugar mais amplo, frio, iluminado, onde ele vai passar a respirar de forma autônoma, algo diferente do que experimentou no útero. “O stress que o bebê sofre no parto normal é benéfico para sua adaptação”, afirma Renato Kalil, obstetra e especialista em reprodução humana. As mudanças no trabalho de parto desencadeiam a produção de substâncias – entre elas os corticoides – que ajudam a preparar o organismo do filho para seu novo hábitat. A saída pelo canal vaginal – e não pela barriga – traz vantagens: propicia a compressão do tórax, que leva a criança a eliminar todo o líquido amniótico do aparelho respiratório.

Para a mulher, as vantagens da via normal também são muitas. Ela toma menos remédio, corre menos riscos de infecção, hemorragia e embolia. A perda de sangue não chega a meio litro. Se o médico precisa fazer a episiotomia – incisão no períneo, o músculo entre a vagina e o ânus – para aumentar o canal de expulsão, apenas seis ou sete pontos resolvem. Já na cesárea, cirurgia abdominal que prevê anestesia peridural ou raquidiana, a perda é em torno de 1,5 litro de sangue. O corte é bem radical, atinge ao todo sete camadas, que serão fechadas com 150 pontos, a maioria deles nas áreas internas. A cicatrização é demorada.

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Rito de passagem
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Se a cesariana não deve ser banalizada, tampouco merece condenação. “Ela é uma conquista”, afirma o médico Eduardo Souza. Ele adverte, no entanto, que a cirurgia só deve ser adotada quando há recomendação.

A transformação da cirurgia em algo corriqueiro preocupa o governo. Para estimular a via normal, o Ministério da Saúde tomou iniciativas, como criar ambientes propícios para o parto na rede pública e casas que funcionam só com parteiras, mas que ficam contíguas a hospitais – que podem dar socorro imediato em caso de complicações. Os resultados ainda não apareceram. Na década passada, o SUS registrou um salto de 24% para 36% no número de cesáreas. Outra medida é a parceria que está sendo firmada com a Fundação Bill e Melinda Gates, nos Estados Unidos. O ministério e a instituição do criador da Microsoft vão investir mais de 14 milhões de reais, nos próximos dois anos, em pesquisas para melhorar a saúde materna, as condições do parto e, assim, reduzir a incidência de bebês prematuros, segunda causa de morte de brasileiros até 5 anos.

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Em entrevista concedida à revista CLAUDIA, o médico Alexandre Padilha, ministro da Saúde explica por que é um dos defensores do parto normal e quais são as ações do governo para estimular a prática. Veja:

Por que defende o parto normal?
Sou um pleno defensor desde a faculdade de medicina, onde entendi a fisiologia da mulher e as vantagens do parto normal. A convicção se fortaleceu com a experiência como infectologista. A paciente fica menos tempo no hospital; portanto, o risco de infecção é menor.


A que experiências se refere?
Assisti mães ativas no parto normal – elas já pegavam o bebê e o amamentavam – enquanto as outras estavam anestesiadas. Coordenei o Núcleo de Medicina Tropical da USP, que montou um centro no Pará, em comunidades indígenas. Vi muitos nascimentos. Nenhum com sofrimento.

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A mulher urbana, mais sedentária que a indígena, está preparada?
Ela tem de encarar a gravidez como um momento para se cuidar. Se é sedentária, deve criar hábitos saudáveis, preparar o corpo, evitar riscos de obesidade e hipertensão. O pré-natal é para isso.


Médicos preferem a cirurgia. Como o governo mudará essa cultura?
Atacando em várias frentes. Temos de tê-los como parceiros – a opinião deles influencia a mulher – e mudar sua formação. Residentes não aprendem o parto normal, formam-se em hospitais de alta complexidade que só realizam cesáreas. Também devemos valorizar, financeiramente, o que a rede pública já faz há dez anos. Em 2011, a Agência Nacional de Saúde Suplementar passou a estimular os planos de saúde. Os que diminuem as cirurgias recebem um indicador positivo. Outra coisa é falar com a gestante: o governo faz campanhas permanentes sobre as vantagens da via natural.

 

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