Nos últimos dias, um tuíte tornou-se viral ao fazer a seguinte pergunta: “Se o racismo acabasse HOJE, o que você faria?”. Respondendo à própria indagação, Gilberto Porcidonio, o autor do tuíte, disse que iria ao shopping de chinelo.
O que se sucedeu foi uma chuva de comentários no post, contendo respostas que dão uma dimensão do que é o racismo no Brasil. “Usaria boné muito mais vezes e em diversos cantos”, disse um usuário. “Eu abriria minha bolsa no meio da loja sem medo do segurança achar que estou roubando”, disse outro. “Correria na rua com tranquilidade”, escreveu um terceiro. “Teria um filho”, falou uma mulher – e várias outras concordaram. São milhares de respostas e a maioria se repete, mostrando que inúmeras pessoas negras convivem com esses mesmos problemas.
Frente à repercussão, Gilberto lançou mais um tuíte, tão poderoso quanto o primeiro: “As inúmeras respostas que só surpreendem quem não tem pele preta só provam que não existe e nunca existiu racismo velado no Brasil. Racismo só é velado para quem não sofre”.
Realmente, algo que impressiona nas respostas à pergunta é o fato de que pessoas brancas dificilmente precisam lidar com tais situações. Também é surpreendente que a maior parte das pessoas brancas jamais parou para refletir sobre essas questões do cotidiano.
Quantas são as situações em que uma pessoa negra precisa pensar duas vezes antes de agir? Respostas como “abriria tranquilamente a mochila/bolsa numa loja sem que o segurança pense que estou roubando” estão entre as que mais se repetem, por exemplo. Relatos quanto ao medo frente à polícia também. Um usuário chegou a comentar “usaria guarda-chuva”, numa alusão à morte de Rodrigo Alexandre da Silva Serrano. Em setembro de 2018, ele foi baleado por um policial que confundiu seu guarda-chuva com um fuzil.
O racismo e a violência policial voltaram a repercutir com força no último fim de semana. Em uma operação policial, frequentadores de um baile funk em Paraisópolis, em São Paulo, foram encurralados pela polícia, numa ação truculenta. Nove pessoas morreram, todos jovens entre 14 e 23 anos – negros em sua maioria.