Antes de matricular o bebê na aula de natação, visite várias escolas para checar se têm boas condições de higiene
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Visite qualquer escola de natação para bebês e o que você verá é um grupo de pais brincando e cantando alegremente ao lado de uma dezena de pequenos sorrindo felizes e interagindo com a água com uma desenvoltura que impressiona. Braçadas, pernadas, mergulhos e brincadeiras na piscina ganham um sentido muito mais profundo do que apenas divertir: são as bases para construir aptidões dentro e fora da água.
Especialistas concordam: a natação é a primeira atividade física que os bebês podem fazer. “Eles conseguem participar das aulas antes mesmo de aprender a andar”, relata o pesquisador australiano Robyn Jorgensen. Há, inclusive, consenso entre pediatras e professores de Educação Física sobre os benefícios. “A exposição à água, que massageia a pele do bebê, e o contato com a pele da mãe ou do pai, transmitindo conforto e segurança, remetem o pequeno à vida intrauterina, propiciando prazer e bem-estar”, explica José Fontanelli, professor de Educação Física e criador do método Affective Baby Swimming, pelo qual já passaram mais de 10 mil crianças pequenas.
Antes de matricular seu filho na aula de natação, tire suas dúvidas…
Quais cuidados tomar antes de matricular o filho?
Visite várias escolas para checar se têm boas condições de higiene, se não há correntes de vento onde a piscina foi instalada e se o vestiário oferece estrutura para receber bebês (por exemplo, se dispõe de trocadores). Prefira piscina com água salinizada ou ionizada, pois reduz as chances de alergias. Quando a água é tratada com ozônio, o bebê pode inclusive mergulhar de olhos abertos, pois não sentirá os olhos arderem. “O cloro é um potente agressor das mucosas”, afirma a dra. Renata Waksman, pediatra do Hospital Albert Einstein. A temperatura da água deve girar entre 28 ºC e 32 ºC e o pH, entre 7,2 e 7,8 (básico). Verifique também se os professores são habilitados para dar aulas a crianças.
Precisa usar tampão no ouvido?
Não há necessidade. O ouvido está protegido pelo tímpano, membrana fina e semitransparente que separa a porção mais externa da parte mais interna. “O que devemos ter é uma atenção ao tratamento da água da piscina, para que o bebê não pegue nenhuma doença transmitida por bactéria. O princípio é o mesmo usado ao levar a criança para a praia: não se deve entrar na água se as condições para o banho estiverem impróprias”, explica Sandra Madormo. Depois de sair da piscina, seque o ouvido do seu filho com uma toalha para evitar o aparecimento de fungos.
E se o bebê apresenta sinais de alergia e/ou otite?
“Deve evitar as aulas durante uma infecção respiratória ou uma otite”, assegura o dr. Abelardo Bastos, do Comitê de Saúde Escolar da SBP do Estado do Rio de Janeiro. A orientação também é suspender os treinos se o pequeno está fazendo uso de antibióticos ou se teve de colocar dreno no ouvido. “Quanto às alergias, são raras as ocasiões em que a criança é impedida de praticar natação por causa disso”, diz o professor Fontanelli. Mas o cloro, ainda um meio de tratamento de água bastante popular, pode desencadear rinite e otite em alguns casos. Por isso, escolha escolas onde as piscinas sejam tratadas com sal ou ozônio.
Como os pais devem retirar o bebê da água?
Envolva-o num roupão ou toalha. Seu mecanismo termorregulatório não está plenamente desenvolvido, então ele perde calor para o ambiente facilmente.
Em que casos evitar a natação?
“Há controvérsias entre os pediatras”, diz o dr. Abelardo. Ele explica que, antes de colocar o bebê nas aulas, deve-se considerar uma série de aspectos. Entre eles, se o tratamento da água é feito por meio de cloro, o que poderia aumentar as chances de alergia, e o clima e a reprodução artificial dele, caso das piscinas térmicas. Bebês que não estão em dia com o calendário de vacinas não devem entrar na piscina. De acordo com o médico Renato Procianoy, presidente do Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, prematuros merecem especial atenção, já que as defesas ainda não estão maduras. “O ideal é evitar natação, ambientes fechados e com aglomeração de pessoas.”
Qual a duração ideal de cada aula?
Bebês se cansam facilmente, portanto, entre 20 e 30 minutos é o ideal. Mas, segundo o professor Poli, é importante perceber sinais de fadiga e frio. Quando eles alcançam 1 ano, 1 ano e meio, cada aula costuma ter até 45 minutos.
Quando os pequenos podem ficar na piscina sem o suporte dos pais?
Varia. Algumas escolas permitem ficar na piscina sozinho com o professor a partir de 2 anos, enquanto outras, a partir dos 3. “Lembrando que sempre deverá ser monitorada”, recomenda Gustavo Borges. A dra. Renata alerta que, dentro da água, a criança nunca deve estar mais afastada dos pais do que a distância de um braço.