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Artistas mostram que quadrinhos também são coisa de mulher

Elas estão entre os nomes que chamam cada vez mais a atenção de editores e do público

Por Liliane Prata Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 8 jan 2018, 15h03 - Publicado em 8 jan 2018, 15h03
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  • Elas são unânimes em afirmar que a cena ainda é bem masculina. E, entre projetos, prazos e pinceladas, precisam respirar fundo e mostrar que mulher pode, sim, fazer humor, críticas políticas e o que mais quiserem com desenhos e balões. “Mesmo tão ou mais talentosas que colegas homens, muitas acham que seu trabalho não está bom e ficam receosas em se expor. Não é à toa. Sabem que são postas mais à prova”, diz Mika Takahashi, que, como as outras quadrinistas destas páginas, está entre os nomes que chamam cada vez mais a atenção de editores e do público. O universo engloba de tirinhas a graphic novels, verdadeiros livros em quadrinhos. “Aprendi que o melhor jeito de lidar com a insegurança é seguir trabalhando e mostrando minha produção, nem que seja para receber críticas, coisa a que todo artista está sujeito”, conta Aline Zouvi.

    Cada uma ao seu modo, essas quatro artistas mostram que o estilo não está restrito aos homens – nem para ler nem para produzir.

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    Mariana Waechter

    “Qual o papel da arte? É a resistência. O quadrinho não é só relaxante, é uma provocação, um espelho”, reflete Mariana Waechter, 28 anos, paulistana, que, depois de participar de uma série de coletâneas independentes, lançou o elogiado Medeia, adaptação da tragédia de Eurípedes em que aborda o discurso do terrorismo no Brasil. No próximo projeto, ainda sem data de publicação, sua criatividade estará a serviço da ficção científica e da literatura fantástica.

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    (Filipe Redondo/CLAUDIA)

    Mika Takahashi

    Mika Takahashi, 29 anos, ganhou este ano o Troféu HQMIX nas categorias novo talento desenhista e melhor arte-finalista por Além dos Trilhos, quadrinho protagonizado por um coelho que tenta fugir do vazio existencial. Sorridente que só, nem parece que a paulistana já passou por uma crise de stress que a fez aprender a dizer “não”. “Hoje, seleciono melhor meus frilas como ilustradora, separo um tempo para focar na produção autoral e procuro descansar entre uma coisa e outra”, diz.

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    (Filipe Redondo/CLAUDIA)

    Aline Zouvi

    Carioca radicada em São Paulo, Aline Zouvi, 27 anos, também é poeta e escritora, e fez mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) sobre a representatividade das minorias nos quadrinhos. Aline está cada vez mais conhecida por seus cartuns publicados no caderno Ilustríssima, do jornal Folha de S.Paulo, e acaba de lançar a HQ Síncope, em que narra um dia na vida de uma musicista que sofre de ansiedade crônica. “Percebo que passei realmente a caminhar para ser autora quando mudei do ‘não quero postar esse desenho’ para ´vou postar, sim, mesmo se não gostarem dele´”, diz a artista. “A sororidade é fundamental. Quando gosto do trabalho de uma mulher, faço questão de elogiar, porque ela é boa no que faz e é mais difícil que tenha seu valor reconhecido.”

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    (Filipe Redondo/CLAUDIA)
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    Fabiane Langona

    Conhecida como Chiquinha, apelido que ganhou na faculdade, a gaúcha radicada em São Paulo Fabiane Langona, 33 anos, começou como estagiária na revista Mad e é considerada uma das pioneiras entre as quadrinistas. Em suas tirinhas da série Chiqsland, publicadas atualmente no caderno Ilustrada, na Folha de S.Paulo, ela brinca com cenas do cotidiano das mulheres. “Não gosto de ser pressionada a tratar de determinados temas ou usar enfoques específicos para atender à agenda feminista”, comenta. “Não preciso falar só de machismo. Às vezes, fico pensando que deve ser tão bom ser artista homem e não ter essa obrigação!”

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    (Filipe Redondo/CLAUDIA)

     

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