Quando começou a surfar, há uma década, a advogada Débora Futscher comprava roupas masculinas de surfe porque não conseguia encontrar boas opções femininas. No Rio de Janeiro, onde mora, ela já enfrentou hostilidades de surfistas em points tradicionais. E no mar, já foi cortada diversas vezes enquanto tentava pegar onda. Mas a direção dos ventos começou a mudar. Apesar de o surfe ainda ser um esporte predominantemente masculino, as mulheres vêm conquistando seu espaço na água.
O #hellocidades, projeto da Motorola que busca inspirar novas experiências na metrópole, pegou uma onda com mulheres que buscam um lugar ao mar. Não são poucas. Mas os obstáculos também não faltam. No surfe profissional, a diferença entre os gêneros fica bem clara. Elas lutam por mais destaque nas competições, precisam dar mais duro em busca de patrocinadores e reivindicam equiparação no valor dos prêmios, em relação ao que é dado aos homens. No ambiente amador, as disparidades são menos visíveis para quem está de fora, mas também estão presentes.
No surfe, as disputas territoriais são frequentes. Um novato numa praia ou um iniciante numa onda nem sempre é bem recebido. Se for mulher, o desconforto pode ser maior. “A gente passa por situações difíceis. Dependendo do lugar, você é intimidada, o cara fica se posicionando na sua frente para pegar a sua onda”, diz Débora.
É por isso que ela faz parte de grupos de WhatsApp voltados unicamente para mulheres surfistas no Rio. Assim, elas trocam ideias, ganham companhias para a atividade e compartilham dia a dia os melhores locais de surfe na capital fluminense.
“A intenção das redes é ter apoio e incentivo feminino. Hoje tem muito homem incentivando, mas ainda existe preconceito”, conta a advogada surfista. Ela conta que, no Rio, as praias do Arpoador, Quebra Mar e Prainha são os guetos menos hospitaleiros para mulheres. Barra da Tijuca, Grumari e Joatinga são locais mais abertos.
Um dos grupos dos quais Débora participa é o Longarina, que, na verdade, é mais do que uma reunião de mulheres que gostam de surfar. É uma rede que busca mostrar que o surfe é para todos – e todas. O grupo começou em 2012 como uma espécie de blog criado por Vanessa Bertelli e Cristiane Brosso. Por muito tempo, elas se viram sem companhia para praticar o esporte, ou foram as únicas mulheres em grupos de homens surfistas.
Vanessa e Cristiane também se incomodavam com os estereótipos que acompanhavam as surfistas – o de meninas lindas, saradas e jovens – e passaram a produzir conteúdo para democratizar o esporte e desafiar o senso comum. Logo, a dupla viu que havia várias outras mulheres na mesma praia.
O projeto cresceu, saiu da rede virtual e passou a promover encontros presenciais. As vivências, como elas chamam, são escapadas de um dia ou mais para areias do Brasil e do exterior. Nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2018, o Longarina aporta no Rio de Janeiro. E elas garantem que a experiência vai além de aulas de surfe. A vivência vai incluir rodas de conversa e meditação.
“Setenta por cento das mulheres que nos acompanham não surfam e vão como parte de um processo terapêutico de aventura no mar, conexão com a natureza, sociabilidade”, explica Bertelli. “Tem gente que nos escreve dizendo que adoraria surfar, mas está acima do peso ou acha que é impossível. Sempre dizemos: ‘venha’. A gente busca criar um ambiente de sororidade e tenta bloquear a competitividade da performance ou do corpo perfeito para elas se sentirem confortáveis”, completa.
Quer experimentar uma nova atividade no Rio? Junte-se a essas surfistas! Confira mais informações disponíveis no site do projeto ou entre em contato pelo e-mail, em contato@longarina.com. Se não der para esperar a próxima vivência, combine com as amigas e vá explorar as ondas cariocas. Registre a experiência nas redes sociais com a hashtag #hellocidades e veja outras formas de se reconectar com a cidade em hellomoto.com.br.