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Mulher gay, não. Eu sou lésbica!

Por que muita gente, incluindo mulheres homossexuais, ainda torce o nariz para a palavra "lésbica"? A ativista Lela Gomes reflete sobre o assunto

Por Lela Gomes*
Atualizado em 5 jul 2022, 22h16 - Publicado em 25 ago 2020, 15h00
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  • Agosto é o Mês da Visibilidade Lésbica e nós precisamos falar sobre a palavra LÉSBICA. A gente fala tanto sobre o orgulho de ser quem somos e sobre a importância do ativismo, mas ainda vemos TANTO preconceito com a palavra lésbica e não há quase ninguém falando sobre isso.

    Você sabia que o L é tão invisibilizado que, em 2008, ele foi colocado na frente da sigla para que a letra fosse mais lembrada? Antigamente era GLBT. Mas eu acredito que isso não tenha adiantado tanto, porque a palavra lésbica ainda é marginalizada demais, inclusive pelas próprias mulheres da sigla.

    “Não é preconceito, a palavra em si é feia, soa como algo técnico, enquanto gay é uma palavra curta, pra cima, alegre”, “lésbica é feio, parece um som de vômito”, “lésbica é muito pesado, prefiro gay”. Essas frases, entre outras milhares, eu já ouvi vindo de mulheres que se relacionam com mulheres.

    As próprias lésbicas invisibilizam a potência da palavra, pois muitas acham que o que as define é uma palavra que, na verdade, diz respeito a homens que se relacionam com homens. E é super importante lembrar que a letra G já é extremamente privilegiada e tem uma visibilidade infinitamente maior em tudo. Essa é mais uma prova de como o machismo está enraizado na nossa sociedade e nós PRECISAMOS ressignificar a palavra lésbica. Ainda é necessário reafirmamos a nossa existência e, aí sim, vamos conseguir ser cada vez mais respeitadas por sermos quem somos.

    Aliás, a história da palavra é incrível e merece ser sempre contada: Safo era uma poeta que vivia na ilha de Lesbos, na Grécia, durante o século 6 A.C. – e era lésbica. Ela escrevia poemas para as mulheres que amava e era supermal vista por causa disso. Inclusive, hoje em dia só existem alguns fragmentos destes seus poemas, porque eles foram destruídos e muitos acabaram sendo “heterossexualizados”- reescritos como se fosse Safo escrevendo para um homem.

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    Por fim, se você é hétero e tem uma amiga lésbica, não diga que ela é gay. Se você é uma mulher lésbica, pense bem na luta que foi para chegarmos até aqui e no tanto que ainda falta para chegarmos onde queremos – e no poder de uma palavra que pode nos fazer ir muito mais além.

     

    * Lela Gomes se define como uma “sapatão que milita”. Ela é idealizadora do Boleia Bar, no Rio de Janeiro, e comanda o podcast Podcastão. No Instagram, você pode segui-la através do perfil @lelagomes.

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