Quantas vezes você já reparou na pessoa do outro lado do balcão na balada? Poucas, né? Nessas horas, a coisa mais importante para qualquer um é apenas conseguir o seu drink… Mas, saiba, a profissão de bartender ou ~ mixologista ~ é coisa séria e mais do que isso: é coisa de mulher também! Prova disso é Jéssica Sanchez, de 26 anos, um dos principais nomes do ramo no Brasil.
“Talvez hoje em dia não seja tanto assim, mas há cinco anos atrás era um mercado muito difícil para nós mulheres. Os contratantes achavam que a gente não daria conta”, avalia ela. De acordo com a paulista, por ser uma área muito operacional, os donos de bares ficavam receosos em contratar uma garota pela quantidade de caixas que é preciso carregar e pelo ambiente não ser tão assim amigável… “Você acaba tendo que provar ainda mais para as pessoas que é capaz de fazer um trabalho bem feito”, conta.
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E já que medo não é uma das palavras no vocabulário dessa verdadeira #girlboss, ela não só está quebrando barreiras e abrindo espaço para garotas na profissão, como está quebrando regras! Em pouco mais de cinco anos da profissão, Jéssica é hoje responsável por quatro bares, um restaurante e os eventos do Copacabana Palace e já foi considerada a melhor bartender da América Latina. Recentemente ela ainda conquistou o 2º lugar na etapa nacional do DIAGEO World Class, espécie de Oscar dos mixologistas.
Jéssica em seu habitat natural: o bar
O começo
E quem diria? Criada na religião mórmon que tem por preceito o não consumo de bebidas alcoólicas, a paulista de São Caetano do Sul precisou, claro, além de enfrentar os percalços de ser uma garota em uma profissão dominada por homens, driblar uma certa resistência dentro de sua casa… “No começo a minha família achou que era apenas um hobby, mas a partir do momento que viram que eu estava levando o negócio mesmo a sério não foi difícil convencê-los”, explica.
Afastada desde a adolescência, ela, porém, é grata por todos os ensinamentos que recebeu dentro da igreja: “Foi ótimo crescer nessa doutrina, acho que foi lá que eu aprendi o que é certo e o que é errado”. Ela explica que um desses ensinamentos é o de não beber muito e sempre manter o controle. “Não confio em ninguém que trabalha com álcool e não saiba se controlar. Mexer com bebida nos eu dia a dia é ter responsabilidade com o cliente também. Pensar se ele vai voltar bem pra casa, por exemplo”.
E, talvez, esse olhar diferenciado fez de Jessica uma das profisisonais do ramo mais destacadas no país. “Quando comecei pensava que se não quisessem me deixar ir para o bar preparar coquetéis e me colocassem para lavar a louça, eu seria a melhor lavadora de louças do mundo. Acho que esse pensamento me ajudou”. E como!
De um começo não muito feliz na filial paulistana do nova-iorquino PJ Clarke’s, pub no qual ela ia todos os dias experimentar um drink diferente e que de tanto insistir acabou sendo contratada, mas nunca foi autorizada a fazer uma bebida. Ao encontro com a “fada madrinha” Talita Simões, outra bartender premiada que a ajudou na profissão. Jéssica destaca que, sim, foi difícil crescer num ambiente dominado por homens, mas isso nunca foi um obstáculo e nem deve ser para quem quer vencer como mixologista.
“Acho que a pessoa precisa estudar bastante e nunca parar, sabe. Eu fiz mais de 30 cursos, por exemplo… Mas mais do que isso não pensar em aonde você está indo e, sim, na sua jornada e nas coisas que você irá aprender nela”, sugere a bartender que hoje é responsável por 40 funcionários. 90% deles homens. Então, da próxima vez que for à balada, que tal reparar na pessoa do outro lado do balcão? Ela pode ser tão f*da quanto a Jéssica.