Essa não é a primeira vez que a Dinamarca se destaca em pesquisas mundiais sobre o bem-estar – ela é pioneira no assunto há mais de 30 anos. Desde 2012, quando a ONU publicou seu primeiro relatório sobre a felicidade no mundo, o país nórdico já ocupou duas vezes o primeiro lugar, em 2013 e 2016, e uma vez o terceiro, em 2015 (2014 não contou com este relatório).
Se é evidente que questões mais palpáveis, como a baixíssima desigualdade social e o altíssimo IDH, são peça-chave para a presença do país neste pódio dos sorrisos, há um fator essencialmente dinamarquês dando o que falar entre os caçadores de felicidade (e também, convenhamos, entre os caçadores de fotos de livros bonitos para o Instagram): é o hygge.
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De acordo com Meik Kiking, do Instituto de Pesquisa da Felicidade, em Copenhague, este é o principal ingrediente na receita dinamarquesa para ser feliz. Daquelas palavras exclusivas a uma língua – como é o caso da nossa “saudade” -, o hygge não tem tradução exata para outros idiomas. O que mais tem se mostrado útil para entendê-lo é a ideia de aconchego. Em um ambiente calmo, pensado com atenção e iluminado por velas, por exemplo, diz-se que aumentam bastante as chances de sentir na pele o tal do hygge.
Além da publicação de livros, algumas pessoas têm se aproveitado do conceito para fazer propaganda de cafés na capital dinamarquesa. Não se iluda: a chave desse aconchego não mora na iluminação, no décor e nem mesmo no ato de pausarmos o estresse do cotidiano (não importa o quão gostoso esteja o café). As pessoas é que são a verdadeira essência do hygge: é mais difícil senti-lo, caso você esteja sozinho.
Quando acompanhado, é importante sentir que todos os presentes têm uma visão de mundo semelhante: esse aconchego aparece principalmente quando estamos lado a lado com quem pensa parecido com a gente e gosta das mesmas coisas. Estar junto naquele momento seria, quem sabe, como receber um abraço apertado e demorado quando a gente está meio para baixo. É óbvio que não vamos passar o dia todo abraçados com quem amamos – assim como os dinamarqueses não o passam concordando, em um café à luz de velas, com seus interlocutores -, mas se essa sensação fosse mais presente no dia-a-dia, com certeza a vida seria mais fácil. E mais feliz.
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