Quando o assunto é assédio de rua, os números são alarmantes no mundo todo: no Brasil, o Datafolha mostra que mais de 20 milhões de mulheres já foram vítimas deste tipo de agressão, sendo que países como Estados Unidos, Canadá e Austrália também contam com dados altos. No Reino Unido, por exemplo, 75% das mulheres alega já ter sofrido algum tipo de assédio no espaço urbano.
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Por isso, uma recente pesquisa tentou entender o porquê de os homens ainda estarem assediando as mulheres nas ruas. Realizada em parceria entre a ONU Mulheres e a empresa Promundo, ela focou em quatro áreas específicas do Oriente Médio: Egito, Líbano, Marrocos e o território palestino. Foram entrevistados 4.830 homens, dos quais de 31% (no Líbano) a 64% (no Egito) admitiram já ter, de fato, assediado mulheres em público.
Ao analisar o perfil social dos adeptos desta prática, o estudo descobriu algo surpreendente: no Egito, Marrocos e nos territórios palestinos, os homens jovens e com segundo grau completo se mostraram mais aptos a assediar mulheres na rua do que os mais velhos com menos educação. Dá para acreditar?
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Segundo Gary Barker, CEO da Promundo, o que geralmente acontece no mundo é o contrário: os homens com mais educação são os que menos recorrem às ~cantadas de rua~. Ele suspeita, no entanto, que o que aconteça nos países em questão seja que os índices de desemprego, a instabilidade política e a pressão para suprir as necessidades diárias das famílias façam com que estes jovens enxerguem no assédio de rua um bom jeito de se autoafirmar.
“Eles têm expectativas altas para si mesmos, mas não conseguem atingi-las nunca”, ele diz, em entrevista à NPR. “Então eles assediam mulheres, para colocá-las em seu lugar. Eles sentem que o mundo deve isso a eles“.
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A pesquisa da Promundo também perguntou a estes homens, justamente, o porquê de eles assediarem mulheres em público. A grande maioria (cerca de 90%!) alegou fazer isso pela diversão e pela adrenalina. Inacreditável, né?
Também em entrevista à NPR, a ativista egípcia Esraa Yousria Saleh defende o lado das vítimas: “não tem nenhuma graça”, ela diz. “É um pesadelo”.