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Histórias de grandes mulheres são destaque nestas produções

Cinebiografias de Hebe Camargo e Rita Lee, álbum novo de Elza Soares e muito mais!

Por Colaboraram Anna Laura Moura e Pamela Malva
Atualizado em 24 mar 2018, 17h31 - Publicado em 24 mar 2018, 17h31

Angela, cada vez mais pop

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(Divulgação/Divulgação)

“Quando as mulheres negras se movem, toda estrutura política e social se movimenta na sociedade.” Essa célebre frase, que a ativista negra e filósofa americana Angela Davis repetiu em Salvador no ano passado, está no livro A Liberdade É Uma Luta Constante (Boitempo, 39 reais), esperado para este mês.

Nos anos 1970, ela era caçada pelo FBI, odiada pelo presidente Richard Nixon, amada pelos Beatles e pelos Rolling Stones. Foi presa por militância. Uma passeata com milhares de pessoas, em Paris, gritava seu nome, exigindo que a soltassem. Angela continua arrebatando multidões. O livro é uma seleção de discursos, artigos e entrevistas dadas pela professora universitária, que pertenceu ao movimento Panteras Negras. Foram publicados ou pronunciados entre 2013 e 2015, nos Estados Unidos, na Bélgica, França, Turquia e Inglaterra.

Rita Lee no escurinho do cinema

Histórias de grandes mulheres são destaque nestas produções
(Marlon Brambilla/Reprodução)

As confissões da mutante sobre sua vida louca e criativa vão virar filme em 2019. O roteiro, baseado em Rita Lee – Uma Autobiografia, está sendo adaptado pela compositora em parceria com Nelson Motta e Patrícia Andrade. “A vida dela é incrível”, diz ele.

“Rita é uma mulher atemporal, desbravadora, que me emociona desde que ouvi sua música Fruto Proibido na adolescência”, completa Patrícia. O sucesso do livro tende a se repetir. A paulista é de uma honestidade cristalina ao relatar encrencas e cenas sombrias que protagonizou no showbiz; e sincera ao contar sua dependência química, o que descreve como “tomação de ácido, álcool, drogas e muito roquinrol”.

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Seus amores, seus vexames, a displicência com contratos não cumpridos, a coragem de romper com os parceiros Arnaldo e Sérgio Baptista tinham mesmo que ir para o cinema. Não é só uma história da garotinha feliz com os pais de classe média que vira roqueira; da mãe carinhosa e quase irresponsável com os três filhos; da amiga fiel de Elis Regina; da amante enciumada do guitarrista Roberto de Carvalho; da artista que escreveu com um olho na sua geração lisérgica e cantou com voz tão macia que podia interpretar qualquer clássico da bossa nova. Estará registrado na obra, que depois se tornará série da Globo, um fiel retrato do Brasil que ela viu.

Para sempre, Hebe

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(Chico Audi/Reprodução)

Ela gostava de esconder a idade, mas até morrer, em 2012, aos 83 anos, dizia não ter vergonha de mostrar as pernas. Hebe Camargo vestia peças ousadas, com fendas que quase revelavam suas coxas claras e lisas. Adotava decotões, exibia joias deslumbrantes. Só não foi o primeiro rosto a aparecer na inauguração da televisão brasileira, em 1950, porque, na noite anterior, perdeu-se no corpo de um namorado e se atrasou para o compromisso.

É sem dúvida a rainha da nossa TV. E cantava muito bem. Sua trajetória será retratada no cinema pela roteirista Carolina Kotscho (Dois Filhos de Francisco) e dirigida por Maurício Farias. Não é fácil fazer Hebe, que ainda está muito presente na memória dos brasileiros. Andrea Beltrão (mulher de Maurício) foi a escolhida. A atriz tem uma veia cômica parecida com a da apresentadora, que dava risadas ruidosas e falava sem papas na língua. Adorava dar selinho nos convidados e pilotou o mais longevo e irreverente programa de entrevistas.

Todas as estrelas queriam sentar-se no famoso sofá da loira e responder às perguntas dela. “Hebe tinha muita história boa para contar”, diz Andrea. Para além das câmeras, a apresentadora entabulou uma cruzada contra a aids e declarou certa vez ter feito aborto, numa tentativa de provocar a discussão em torno do que chamava hipocrisia nacional – que ainda mantém a interrupção voluntária da gravidez como crime. As filmagens não têm data para começar.

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Mil vezes Fernanda

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(Cesar Alves/Rede Globo)

Abarrotada de projetos, sem medo da crítica, Fernanda Montenegro se lança aos 87 anos como cantora. Participa do disco do compositor Cézar Mendes, ainda sem data de lançamento. Aquele Frevo Axé, dele e de Caetano Veloso, é a música que ela interpreta.

Cézar propôs a gravação no dia em que conheceu Fernanda, no sítio da filha dela, a também atriz Fernanda Torres, durante um sarau que rolou ali. “Já te disseram que gosto de ensaiar à exaustão?”, perguntou ela para ver se o violonista desistia. O primeiro ensaio se deu das 3 da tarde às 9 da noite. A dama do teatro ainda prepara uma autobiografia, que deve sair em junho, pela Cia. das Letras, e para isso contará com a colaboração da escritora Marta Góes. Outro livro de fotos da musa em cena poderá mostrar seus quase 75 anos de carreira.

A médica dos pobres

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(Divulgação/Divulgação)

As notícias sobre o terremoto que matou milhares de pobres e destruiu o Haiti, em janeiro de 2010, chocaram o Brasil também porque nos escombros de uma igreja estava o corpo de Zilda Arns. Médica sanitarista, a catarinense morreu enquanto ensinava a salvar meninas e meninos da desnutrição.

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Criadora da Pastoral da Criança, difundiu seu programa em 20 países. Com ele, cuidava de 1,5 milhão de desnutridos por ano usando uma farinha à base de grãos e folhas que era criticada por nutrólogos. Não foi a única polêmica em torno dela. Todas as faces dessa mulher estarão em Zilda Arns – Uma Biografia (Anfiteatro, 34,90 reais), de Ernesto Rodrigues, autor do livro sobre o piloto Ayrton Senna.

“Ela não era só católica, mas política. Posicionava-se contra o aborto, e isso desagradava à esquerda”, conta o escritor. “Ao mesmo tempo, a ala conservadora da igreja não gostava muito dela porque, do ponto de vista social, se dava com a esquerda, fazia apologia da teologia da libertação e da divisão dos bens materiais.”

Laura Pausini gruda em Simone & Simaria

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(Divulgação/Divulgação)

A italiana Laura Pausini entrou para a sofrência. Convidou a dupla Simone & Simaria para interpretar com ela Novo, em clipe gravado no Brasil no final de fevereiro. A canção, um pop latino dançante, está no disco Fatti Sentire, que sai neste mês.

“O convite chegou primeiro para Simaria, e ela quase infartou”, conta Simone. “Na verdade, eu morri. De tão feliz”, diz a parceira. Saber que Laura gosta do sucesso Meu Violão e o Nosso Cachorro foi demais para elas.

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Até as vésperas da gravação, não se conheciam; apenas trocaram mensagens. “Cantar com Laura abre o mercado internacional”, afirma Simaria. Agora esperam um convite para se apresentar no palco com a italiana, que faz turnê aqui em agosto, passando por São Paulo, Brasília, Recife e Curitiba.

Deus é mulher e Elza divindade

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(Daryan Dornelles/Reprodução)

Em A Mulher do Fim do Mundo, Elza Soares propôs “um basta” ao mando machista. Com o álbum que apronta para abril, sugere o passo seguinte: uma nova era que vibre sob a energia feminina. Se no anterior, com samba, rock e rap, ela escancarou as mazelas e o caos, neste quer cantar, com sua voz rascante e inconfundível, um tanto de esperança.

O conceito veio da música composta por Pedro Luís. Ele próprio cantarolou no ouvido de Elza. Na hora, ela entendeu que o jeito era transformar o dono do céu em uma de nós. Passou a pensar neste seu 34o disco como um tributo à virada que as mulheres vão dar. A letra: “Deus é mulher. Deus há de ser. Deus há de entender. Deus há de querer que tudo vá para melhor. Se for mulher, Deus há de ser. Deus há de ser fêmea. Deus há de ser fina. Deus há de ser linda. Deus há de ser Deusa”.

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