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Foi dada a largada! Prêmio CLAUDIA 2019 já busca mulheres inspiradoras

Durante seis meses, cruzaremos o Brasil com o compromisso de eleger os nomes que, distribuídos em oito categorias, disputarão a estatueta da mulher alada

Por Isabella Marinelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Gabriela Maraccini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 abr 2024, 15h39 - Publicado em 3 Maio 2019, 18h41
 (Reprodução/CLAUDIA)
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Elas estão nas escolas, nos hospitais, nas aldeias, nos laboratórios, nas microempresas, nas multinacionais, nas ruas e na internet. Há 24 anos, CLAUDIA cumpre a missão de garimpar cada canto do país em busca de pessoas que fazem a diferença. É o nosso reconhecimento aos que não se conformam com a própria dor e, sobretudo, com a do outro. Aos que não dormem tranquilos por saber das injustiças sociais. Aos que fazem da vida um caminho para perseguir propósitos maiores. Acreditamos em quem está mudando o mundo um dia de cada vez. E é por isso que mais uma edição da maior premiação feminina da América Latina começa agora.

Para relembrar a nossa jornada até aqui, revisite algumas das vencedoras dos últimos anos e entenda como a honraria impactou o trabalho de cada uma delas e a comunidade ao redor.

Marineide Silva – 2016

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(Pablo Saborido/CLAUDIA)

O marido e o filho de Marineide Silva, 59 anos, foram assassinados em episódios de violência, em São Paulo. A dor, que para muita gente pode ser paralisante, serviu de combustível para que a baiana, que mora na capital paulista desde 1967, cumprisse a promessa feita no velório do herdeiro. Ela havia jurado que trabalharia para afastar as crianças da criminalidade.

Corredora amadora que treinava pelas ruas do bairro do Capão Redondo, criou o Vida Corrida, com o intuito de atrair para o esporte pessoas vulneráveis. À época do Prêmio CLAUDIA 2016, quando levou a estatueta pela categoria Trabalho Social, atendia 500 adultos e crianças. Desde então, a equipe saltou de quatro para dez funcionários, e já são 734 alunos nas aulas de corrida.

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(Pablo Saborido/CLAUDIA)

“Levei alguns convidados para a cerimônia, entre eles um dos maiores apoiadores da ONG. Depois do prêmio, ele disse que gostaria de pagar pelo meu tempo. Com esse suporte, consegui deixar o trabalho de costureira e me dedicar 100% à iniciativa”, conta. Fechou também um contrato por tempo indeterminado com uma gigante esportiva. “Tenho a tranquilidade de saber que haverá suporte enquanto existir o Vida Corrida.”

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Admirada pela comunidade, Neide, como é chamada, não planeja parar. Recentemente, retomou os estudos. “Sofri um baque e decidi que faria tudo o que tenho vontade. Estou cursando o 9º ano do ensino fundamental, e minha meta é ir para a faculdade. Quero ser um exemplo para outras mulheres do meu entorno”, afirma, decidida.

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(Pablo Saborido/CLAUDIA)

Denice Santiago – 2017

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(Pablo Saborido/CLAUDIA)

Salvadores de Marias. Assim é conhecido popularmente o grupo especial da Polícia Militar da Bahia comandado pela major Denice Santiago, 47 anos, em Salvador. A Ronda Maria da Penha percorre a capital para proteger mulheres vítimas de violência doméstica que vivem com medida protetiva contra seus algozes. O objetivo é reduzir os casos de reincidência de agressão e zerar o número de feminicídios.

Desde o início do projeto, em 2015, a major viu todo tipo de monstruosidade. Uma mulher que era violentada com um rolo de macarrão, uma bebê que nasceu com uma marca nas costas em razão de um chute dado pelo pai na barriga da mãe durante a gestação. É para que casos assim não se repitam que ela vai periodicamente à casa das atendidas.

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No primeiro encontro, avalia com sua equipe a gravidade da situação e define a frequência com que voltarão àquele lar. Hoje, são mais de 2,4 mil mulheres cadastradas.

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(Mariana Pekin/CLAUDIA)

A iniciativa lhe rendeu a estatueta do Prêmio CLAUDIA 2017 na categoria Políticas Públicas. Até então, 63 assassinatos haviam sido evitados. A partir dali, a ação, que já era respeitada dentro da corporação, passou a ser valorizada.

Segundo Denice, virou motivo de prestígio. “Deu visibilidade nacional ao meu estado, ao trabalho que desempenhamos no Nordeste brasileiro. Dá credibilidade ao que escolhi fazer. Ele se tornou a assinatura da minha missão e do meu legado”, afirma.

As transformações também foram pessoais. “É um dos maiores orgulhos da minha vida. Deixo a estatueta na minha mesa e olho para ela todas as vezes que penso em desistir. Lembro-me de que, se fui merecedora dele, preciso continuar me esforçando. É meu talismã e minha fonte de inspiração.”

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Andreza Jorge – 2018

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(Pablo Saborido/CLAUDIA)

A história da avó de Andreza Jorge, Erotides Borges da Silveira, se mistura à narrativa da criação e do crescimento da comunidade do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Viúva com seis filhos pequenos, chegou ao terreno alagado na Zona Norte da cidade depois de uma desapropriação na Zona Sul e precisou lutar para sobreviver.

Felizmente, sua família teve mais oportunidades. Ainda pequena, Andreza, hoje com 30 anos, foi uma das beneficiárias da Redes da Maré, instituição que luta por políticas públicas afirmativas para melhorar as condições dos moradores. Entre os objetivos estão a garantia de educação para as crianças e o ingresso dos adolescentes nas universidades.

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(Mariana Pekin/CLAUDIA)

Foi a abertura dessa possibilidade, combinada à sua dedicação, que permitiu à jovem se formar em dança e fazer, hoje, mestrado em relações étnico-raciais. Desde os 15 anos, também atua em ONGs e defende causas femininas.

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A voz potente fez dela uma referência local de liderança. Entrou para a direção da Casa das Mulheres, um dos braços da Redes, que oferece cursos de empreendedorismo feminino. O trabalho lá desempenhado lhe rendeu a vitória na categoria Revelação do Prêmio CLAUDIA 2018.

“A vida de militância é dureza, parece que ninguém está olhando. E, então, você é chancelada. O reconhecimento chegou em um momento em que estava desanimada e me deu gás para continuar”, afirma.

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(Mariana Pekin/CLAUDIA)

Tributos inesquecíveis

Na noite da cerimônia também celebramos mulheres excepcionais que não participam da disputa por categorias.

Ruth Rocha – 2018

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A escritora paulista Ruth Rocha, 88 anos, já vendeu mais de 20 milhões de cópias de seus livros (Victor Affaro/CLAUDIA)
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Difícil encontrar alguém que nunca tenha virado as páginas de uma das obras da escritora durante o processo de alfabetização. Por meio de narrativas doces e atemporais, revolucionou a literatura infantil no Brasil.

É figura fundamental para o cenário da educação – que foi o grande tema da edição de 2018 da premiação, ano em que foi homenageada.

Taís Araújo – 2017

A atriz Taís Araújo é surpreendida com a homenagem hors-concours
Taís Araújo, 40 anos, foi a primeira protagonista negra de uma novela em horário nobre. No dia a dia, trabalha para que não seja apenas uma exceção (Mariana Pekin/CLAUDIA)

“A todos os homens e mulheres que subiram neste palco hoje, eu digo: ‘Precisamos ser incansáveis’”, exclamou a atriz ao receber a estatueta em 2017 das mãos da amiga e também artista Arlete Salles.

Seu posicionamento firme contra o racismo e a luta por representatividade negra na mídia e nas produções culturais lhe renderam o destaque.

Maria da Penha – 2016

Foi dada a largada! Prêmio CLAUDIA 2019 já busca mulheres inspiradoras
Maria da Penha, 73 anos, que ficou paraplégica depois de uma das agressões do marido, dedicou a vida à causa da violência doméstica (Marcus Steinmeyer/CLAUDIA)

A história de sofrimento da farmacêutica cearense se transformou no símbolo da luta contra a violência doméstica no Brasil. Em 2016, ano em que a lei que leva seu nome completou dez anos, ela recebeu o Prêmio CLAUDIA pela dedicação e resiliência contra a impunidade dos agressores. Até hoje, é um dos mecanismos jurídicos mais modernos do mundo no combate a esse tipo de crime.

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