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Estou grávida. Meus filhos mais velhos podem participar do parto do irmão?

O debate veio à tona após as duas filhas do chef Jamie Oliver participarem do nascimento do 5º irmão: elas foram responsáveis por cortar o cordão umbilical do caçula

Por Débora Stevaux (colaboradora)
Atualizado em 12 abr 2024, 15h02 - Publicado em 19 ago 2016, 17h59
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O parto deve ser uma experiência coletiva? O debate que aborda vários questionamentos veio à tona após o nascimento do 5º filho do chef e apresentador de TV, Jamie Oliver e de sua esposa, Jools Oliver. As duas filhas do casal, Daisy Boo, de 12 anos, e Poppy Honey, de 14, não só acompanharam o nascimento do bebê, como também foram responsáveis por cortar o cordão umbilical do pequeno. 

Pode parecer algo incomum para a maioria das famílias brasileiras, mas a participação das crianças no nascimento dos irmãos mais novos têm acontecido em 90% dos partos realizados na Inglaterra, segundo dados da organização britânica National Childbirth Trust (NTC). Nos Estados Unidos, também percebe-se um crescimento significativo na presença dos pequenos neste momento emocionante. 

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Como funciona no Brasil?

Para a pediatra e infectologista carioca Dra. Fabíola La Torre a experiência desenvolve um papel fundamental no fortalecimento de laços entre os irmãos, num momento em que é muito comum o ciúmes por parte dos mais velhos. A chegada de um novo membro até pode potencializar atitudes hostis por parte das crianças que não lidam bem com a situação. Mas é necessária uma preparação intensiva para que ver a mãe parir não se torne um trauma. 

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“Mesmo que esta possibilidade ainda seja pouco estudada aqui no Brasil, os pais precisam deixar seus filhos cientes do que vai acontecer, que pode haver dor, como ocorre no caso de partos normais, que terá sangue, ou um corte, caso seja cesárea”, explica Fabíola. “É fundamental que exista muito diálogo, que pode ser ilustrado com vídeos de partos ou com brincadeiras educativas que é normal nascer. Não é uma tarefa fácil, pois a maioria dos pais nem sequer explicam às crianças como é feita a concepção de um bebê.” 

Por mais que a ideia possa parecer incrível, é sempre importante lembrar que as decisões devem ser tomadas sempre pensando num meio termo: preservar o filho de emoções muito fortes, que ainda está em processo de formação e tornar esta vivência algo realmente coletivo – mostrar a realidade do nascimento, que ele terá o irmãozinho da mesma forma como veio ao mundo.

“É superimportante que o desejo dos pequenos seja respeitado desde o princípio, porque, às vezes, os pais, nesta esperança de que os filhos acompanhem o parto, acabam forçando. Acredito que a faixa etária ideal para que haja este acompanhamento seja a partir dos 6 anos, é nesta época que eles passam a entender melhor o mundo e criar uma noção mais refinada de si e do outro”, esclarece a médica. “A família também precisa pensar que nem sempre tudo ocorre conforme planejado. Por exemplo, no caso de uma mãe hipertensa, ou de um bebê que nasce sem chorar. Se até mesmo os adultos ficam inseguros ou desmaiam de nervoso nesses casos, a situação poderia ficar realmente insustentável no caso de uma criança passando mal dentro da sala de parto.” 

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O que a lei diz?

A Lei de número 11.108, de 7 de abril de 2005, assegura que toda grávida tem direito a um acompanhante que poderá estar presente durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a OMS (Organização Mundial de Saúde) também possuem regimentos sobre a presença da pessoa escolhida pela mãe, mas nenhuma delimita a faixa etária daquele que assistirá ao nascimento do bebê. Porém, o que poderia parecer como um passe-livre para que as crianças participassem do nascimento, pode ser vetado por regulamentos internos de determinados hospitais. Inclusive, há diversas áreas proibidas para menores de idade por questões de segurança, de modo a evitar infecções, doenças contagiosas e traumas – entre elas a Unidade de Terapia intensiva (UTI). 

Leia mais: Os riscos e os benefícios de cada tipo de parto​.

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“Caso os pais tenham em mente compartilhar a vinda de um bebê ao mundo com os irmãos mais velhos, é necessário que haja uma averiguação das permissões do hospital escolhido para tal. Ter o respaldo da instituição para deixá-los entrar, muito provavelmente, significa entrar com um pedido – que poderá ser ou não aceito. Também há opções de hospitais humanizados, que muito provavelmente permitem. Mas há que se ter muito cuidado com doenças contagiosas, porque um pequeno com catapora que acompanhe o parto pode passar a doença para o recém-nascido, dependendo do período de incubação da doença”, exemplifica Fabíola. 

Num mundo em que o dedinho de um ano já toca, com muita agilidade, a tela de um celular, tratar a educação sexual como um assunto velado para as crianças, é inadmissível. “Por isso, os pais precisam ensinar, primeiramente, o processo de ‘fazer um bebê’, para depois compartilhar com os filhos como eles nascem. Fazer com que acompanhem as mães durante o pré-natal é uma boa saída para que eles não se sintam deslocados ou confusos. Afinal, tudo faz parte de um grande ciclo, o ciclo da vida”, finaliza a pediatra.  

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