Mesmo com todas as mudanças e melhorias que o feminismo trouxe, os ambientes corporativos, empresas e escritórios, continuam sendo locais com predominância masculina. A disparidade de gêneros é ainda maior em cargos de liderança. Segundo dados divulgados pelo Fórum Econômico Mundial de 2019, serão necessários 217 anos para que as mulheres consigam a mesma participação no mercado de trabalho, salário e presença em cargos de liderança que os homens.
Para lutar contra essa realidade e tentar reverter o caso mais rapidamente, diversas empresas começaram a investir em ter mais mulheres em seus times. É o caso da Puratos, empresa belga de panificação e confeitaria, que criou o “Lugar de mulher é onde ela quiser”, programa de trainee somente para mulheres.
Além de, obviamente, aumentar a quantidade de mulheres na empresa – elas já são 37% em cargos de diretoria na América Latina – o processo seletivo também serve como um minicurso de empoderamento feminino e ajuda as mulheres a lidar da melhor maneira com casos de machismo ou desigualdade dentro do trabalho. As líderes da Puratos gravaram vídeos cursos e simples que podem ser assistidos durante o processo de inscrição e falam sobre Sororidade (união entre mulheres na busca de objetivos em comum), Mansplaining (quando o homem usa seu tempo para explicar algum assunto sobre o qual a mulher já conhece), Gaslighting (quando o homem leva uma mulher a achar que se exaltou ou está enganada sobre algum assunto), Bropriating (quando o homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por ela), entre outros temas que podem ser encarados como barreiras no ambiente corporativo, como gravidez e aumento salarial.
“Desde que eu entrei na empresa eu busco abordar mais a questão da diversidade. É importante incluir cada vez mais mulheres na equipe para conseguir diminuir a desigualdade e aumentar a representatividade também. Desenvolvemos esse processo seletivo em parceria com a 99jobs como uma maneira de desenvolver mais lideranças femininas para o futuro. É muito relevante fortalecer as mulheres”, explica Danielle Arraes, vice-presidente de Recursos Humanos da América Latina da Puratos.
Todo o conteúdo do programa é apresentado pela robô Silvia, uma atriz que assume a representação de uma liderança feminina, e interage com as candidatas desde o início da inscrição. Em um segundo momento, a robô simula perguntas para o RH da empresa, dando voz a questionamentos comuns a mulheres que estão disputando uma vaga.
Iniciativas como essa contribuem para um ambiente de trabalho mais saudável e servem como exemplo para que mais corporações invistam fortemente em maneiras de buscar a igualdade de gênero, que é muito positiva para a empresa, seja pela diversidade maior de opiniões e visões ou por maior produtividade e criatividade, como já foi comprovado pelo estudo Women in Business and Management: The Business Case for Change (Mulheres nos negócios e na gerência: por que é mudar é importante para os negócios, em tradução livre), feito pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão pertencente à ONU.
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