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Crianças e adolescentes introvertidos são quase sempre subestimados

Em uma sociedade que valoriza os falantes e sociáveis, é preciso entender que ser quieto não é defeito

Por Bruna Nicolielo
Atualizado em 18 fev 2020, 12h37 - Publicado em 26 jul 2017, 15h00
 (Getty Images/CLAUDIA)
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Bill Gates, que transformou a Microsoft em uma das empresas mais lucrativas do mundo, foi um rapaz introspectivo. O pacifista indiano Mahatma Gandhi também. O mesmo se aplica à cantora Beyoncé e à atriz Emma Watson, que, quem diria, são reservadas e tímidas fora dos palcos. Em comum, essas personalidades foram capazes de feitos incríveis, a despeito da cultura que valoriza os comunicativos.

Idolatramos os indivíduos falantes e os que são o centro das atenções, como se fossem modelos que todos devessem imitar. Trata-se da crença de que todos nós devemos ter raciocínio rápido, ser carismáticos, adorar correr riscos e preferir agir a refletir. Essa força é especialmente poderosa na escola, onde os comunicativos costumam ser mais populares”, disse a CLAUDIA a escritora americana Susan Cain, autora do best-seller O Poder dos Quietos – Como os Tímidos e Introvertidos Podem Mudar um Mundo Que Não Para de Falar, que recentemente ganhou adaptação voltada a crianças e adolescentes: O Poder dos Quietos para Jovens – Como Fortalecer as Capacidades Secretas da Nova Geração de Introvertidos (Sextante, 34,90 reais).

Leitura gostosa para pais e filhos, o volume tem histórias reais e casos do cotidiano com potencial para fortalecer a autoestima da garotada. Ao abordar questões práticas – por exemplo, “Como criar um lugar para si, sendo uma pessoa quieta?” e “Como garantir que não será ignorado?”–, a autora quer ajudar o jovem leitor a se aceitar e se valorizar reconhecendo seus pontos fortes. “O mundo precisa dos introvertidos, que têm habilidades e talentos extraordinários e devem ser encorajados e reconhecidos”, diz Cain, ela própria uma introspectiva que se acostumou a falar para grandes audiências.

Os conceitos de introversão e extroversão foram introduzidos por Carl Jung no século 20. Segundo o famoso psiquiatra e psicoterapeuta suíço, trata-se de uma característica inata que vai sendo moldada de acordo com as experiências ao longo da vida. O introvertido concentra-se em seu mundo interior, nos próprios pensamentos, sentimentos e percepções, tornando-se mais retraído. Geralmente, reflete antes de se manifestar, apresenta seus argumentos de forma mais organizada, aprofunda-se no assunto antes de expô-lo em público. Sente-se mais ativo em ambientes silenciosos e calmos.

O extrovertido, por sua vez, é influenciado pelo mundo externo. Experimenta antes de pensar e precisa de mais estímulos. Tende a ser mais social e consciente do que acontece à sua volta, adaptando-se com mais facilidade às situações. Por outro lado, costuma ser impulsivo e tentar monopolizar a conversa, impedindo que outros se manifestem.

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“Cada um de nós se situa em algum ponto entre os dois extremos, apresentando variados graus de introversão ou extroversão”, afirma a psicóloga Helga Hinkenickel Reinhold, da Sociedade Brasileira de Psicologia. É importante ressaltar que não há pessoas exclusivamente expansivas ou quietas. “Por serem atitudes perante a vida, em alguns momentos o foco da atenção está para fora (fatos, pessoas e coisas) e em outros para dentro (sentimentos, ideias e representações)”, explica a psicóloga Rafaela Boiczuk de Toledo, de Curitiba.

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Jung enfatizava que uma atitude não é melhor que a outra e que o mundo precisa dos dois tipos de pessoa. Ainda melhor é a flexibilidade de adotar um ou outro quando apropriado. É um engano acreditar que, por serem quietos, os introvertidos ficam alheios a tudo. Eles têm muita sensibilidade, mas nem sempre a dividem com os outros. A introversão vira um problema quando a pessoa, de tão mergulhada em seu mundo, é incapaz de manifestar ideias e sentimentos e lidar com o universo externo.

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Vale lembrar que timidez é diferente de introversão. “O tímido tem medo de julgamentos e de rejeição, enquanto a introspecção está ligada à forma como a pessoa reage à estimulação”, diz Denise Maia, da Associação Junguiana do Brasil. Tanto em um caso como no outro, cabe aos pais e responsáveis conscientizar a criança ou o jovem de suas características e ajudá-los a se desenvolver da melhor maneira.

Uma primeira intervenção é conversar a respeito, sem recriminações. “Eles podem ajudar incentivando a comunicação, escutando-os, dialogando, criando situações em que possam se expressar sem medo de ser ridicularizados ou criticados”, diz Reinhold. Jogos e esportes coletivos, além de lazer em grupo e atividades como teatro, criam um ambiente de mais sociabilidade.

Alternar momentos de interação com respeito aos espaços de solidão e silêncio de que os introvertidos precisam também é fundamental. A necessidade deve ser ajustada ao contexto, é claro. O desejo de trocar momentaneamente uma situação de brincadeira barulhenta por um canto mais sossegado é saudável. Mas um adolescente, antes sociável, que se mostra retraído pode estar passando por uma fase difícil ou enfrentando dificuldades em ser aceito pelo grupo. O segredo é a moderação.

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Por último, mas não menos importante: pergunte a si mesma se deixa seus filhos à vontade para ser como são, e não como você imagina que deveriam ser. “Precisamos nos certificar de que eles sabem que seus pais não apenas os aceitam mas os amam, acreditam que são legais, deleitam-se com eles”, frisa Cain.

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