O chá revelação se tornou popular em vários lugares do mundo, e a suposta criadora dessa moda entre as futuras mamães não está nada orgulhosa de sua ideia. Jenna Karvudinis é apontada como autora do chá revelação depois de uma reportagem sobre o assunto.
Entretando, Jenna diz que não gostaria de ser apontada como inventora desse tipo de festa. “Não sou eu quem digo que criei, é algo que dizem sobre mim, eu adoraria que provassem que não fui eu. Já me arrependi e me senti culpada por isso”, disse ela à BBC News.
Ela explicou que essa sensação de responsabilidade apareceu depois de ver os caminhos – muitas vezes desastrosos e perigosos – que o chá revelação tomou. “Hoje, as pessoas explodem coisas pra revelar o sexo do bebê, tem gente morrendo por causa disso, há incêndios em florestas, estão usando animais”.
Como a ideia surgiu
A ideia de fazer um chá revelação surgiu há 11 anos atrás, quando Jenna estava grávida de sua primeira filha, Bianca. Ela tentava animar a família, que parecia não estar tão empolgada já que seu irmão teria tido um filho um tempo antes. Então, ela preparou dois bolos, um com recheio azul e outro com recheio rosa, e entregou o resultado de seu exame para a cunhada e pediu que ela levasse o bolo que correspondia ao sexo do bebê à festa.
O plano de deixar a família mais animada deu certo quando cortaram o bolo e descobriram que era uma menina. “Parecia que o bebê tinha nascido naquele momento”, disse ela. Então, ela escreveu sobre a experiência em seu blog, uma jornalista viu o relato e a procurou para uma reportagem sobre sua gravidez, entretanto, o texto foi totalmente dedicado ao chá revelação.
“Aquela revista foi parar nas salas de espera de muitos médicos e parteiras, em uma época que não era comum ter smartphone, e as pessoas liam o que havia ali para passar o tempo até sua consulta. As mulheres começaram a descobrir sobre esse tipo de festa quando esperavam pelo resultado de seus exames”. Com isso, vários casais começaram a aderir ao chá revelação, mas eram festas mais simples, apenas com o bolo recheado da cor rosa ou azul que correspondia ao sexo do bebê. Porém, a popular festa começou a tomar proporções gigantescas e muitas vezes, fatais.
Em outubro, uma mulher morreu nos Estados Unidos depois de ser atingida por estilhaços de um explosivo caseiro, que deveria soltar um pó rosa ou azul, indicando o sexo do bebê. em 2018, um atirou contra uma alvo que explodiria revelando se era um menino ou menina, porém o ato causou um incêndio enorme no Estado do Arizona. As chamas duraram mais de uma semana fazendo com que muitas pessoas tivessem que sair de suas casas.
Além das escolhas perigosas dos futuros papais para revelar o sexo de seus filhos, há também uma questão de gênero posta em dúvida pelo chá revelação. Jeena diz que “eles [a festa] foram cooptados por pessoas mais conservadoras que têm um jeito específico de pensar sobre gênero”. Ela também acredita que têm um impacto negativo para pessoas transexuais e não-binárias. “Hoje temos amigos e familiares que se identificam assim, e esse tipo de festa faz com que elas se sintam excluídas dos nossos costumes”.
Esses questionamentos ficaram ainda mais fortes depois que sua filha mais velha Bianca, começou a não seguir os padrões e esteriótipos atribuídos à meninas. “Ela não é transgênero, se identifica como menina. Apenas se expressa de uma forma que não é tradicional. Já raspou o cabelo, agora está deixando crescer. É uma criança que faz coisas de crianças. Não cabe colocar rótulo nisso”, afirmou Jenna.
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