Artista recolhe pneus descartados e cria lindas camas para animais
"O que antes seria lixo no meio ambiente, agora se torna algo muito útil para os animais".
Sabe aquelas pessoas que, com pequenas ações, realizam importantes mudanças para o mundo? Pois a história do paraibano Amarildo Silva vai te fazer acreditar mais um pouco na capacidade individual que temos de promover a diferença na vida de muita gente.
A preocupação com os animais e o meio ambiente sempre esteve presente na cabeça do artista, natural de Campina Grande, Paraíba. Pensando em ter sua independência financeira, Amarildo começou a procurar alguma atividade que trouxesse dinheiro para a família e algo positivo para a sua região. E foi na rua que ele encontrou a oportunidade perfeita para começar o seu empreendimento, intitulado de “Cãominhas Pets“
Quando não aproveitados em oficinas mecânicas, pneus carecas e bastante usados são descartados todos os dias em terrenos baldios e nas calçadas da cidade. O que poderia ficar acumulando água, e ser um local perfeito para o mosquito transmissor da Dengue, se transformou em camas confortáveis para os bichinhos terem uma boa soneca, além de uma fonte de renda para o artista.
Quando não recebe doações de pneus de carros e motos, Amarildo busca pela cidade os materiais para confeccionar as caminhas, que demoram cerca de 40 minutos para ficarem prontas. Às vezes, quando a demanda de encomendas é alta, ele precisa comprar de borracheiros para seguir produzindo.
As camas prontas, já com estofamento e personalizadas com o nome do bichinho, são vendidas a partir de R$ 80 para um público fiel e que não reclama nadinha, garante Amarildo. “Grande parte é para animais de estimação que têm seus donos e outra parte é doada para ONGs que cuidam de animais de rua, mas apenas quando tenho condições mais favoráveis”, conta o artista.
Alívio nas contas e sucesso no exterior
Ele começou a trabalhar com o projeto há cerca de dois anos, e desde então diz que já vendeu mais de 1.500 caminhas! Por não possuir condições financeiras e logísticas suficientes para ampliar seus negócios, ele restringe as entregas para algumas localidades da Paraíba e Pernambuco, mas recebe propostas de encomendas até de outros países em suas redes.
Por fazer o que gosta, Amarildo revela a emoção de poder impactar positivamente a vida de pessoas e animais com o seu trabalho, além, claro, de diminuir a poluição ambiental. “Fico muito emocionado, pois o que antes seria lixo no meio ambiente agora se torna algo muito útil para os animais”.
Amarildo mora em uma casa com a mãe e os três irmãos, onde é o único meio de sustento da casa. Ele conta que, sempre que possível, a família ajuda na produção dos materiais, além de receber apoio de amigos próximos quando possui muitas encomendas.
Apesar de amar os animais, Amarildo não tem bichinhos em casa, mas isso não deve durar muito tempo. “Por incrível que pareça, eu não tenho cachorro e nem gato. Mas pretendo adotar um em breve”.
Projetos sociais e ampliação dos negócios
E o artista não produz apenas camas. Ele também já desenvolveu projetos de revitalização em escolas públicas e particulares, que modificaram completamente as áreas internas e externas com jardineiras, canteiros, bancos, lixos, murais e adornos… tudo reciclado, com materiais como garrafas plásticas e, claro, pneus usados. Os produtos com outros materiais também deixaram um rastro de elogios, fazendo com que o artista incorporasse as técnicas no seu leque de atividades para possíveis contratações.
De pneu em pneu, o paraibano modifica as ruas da cidade, ambientes e vidas de animais e humanos com muito carinho e talento. Por mais pessoas como você, Amarildo!
Saiba mais: O que acontece com os pneus descartados?
Os pneus dos carros ficam gastos a cada quatro anos, geralmente, o que faz a gente correr para trocá-los na oficina mecânica, né? Mas sobram algumas dúvidas sobre o que acontece com eles durante esse processo de troca. Para onde vão os materiais descartados? E todos aqueles pneus que encontramos jogados em calçadas e terrenos das cidades?
Nos anos 1970, alguns cientistas americanos tiveram a nada brilhante ideia de criar um recife de pneus nos oceanos para depositar os materiais descartados, o que se tornou um enorme problema ambiental. A imensa quantidade de pneus impedia o surgimento de plantas e adaptação de espécies de peixes, além de destruir barreiras de corais devido às correntes marítimas que carregavam os pneus para lá e para cá.
Sem sucesso, a ideia dos cientistas foi interrompida pouco tempo depois, e outras soluções foram surgindo, como a reciclagem dos materiais para produção de asfaltos e alguns outros tipos de produtos para máquinas de lavar, peças de automóveis e até torres de transmissão de energia. Pessoas, como Amarildo, também implementam técnicas artesanais para utilizar os materiais usados no meio urbano novamente.