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Com arte e educação, esse projeto transforma vidas na Bahia

Movimentado pela "pedagogia do desejo", o Projeto Axé tem a arte como o principal instrumento de trabalho

Por Priscila Doneda
Atualizado em 20 jan 2020, 14h04 - Publicado em 15 Maio 2017, 20h06
 (Projeto Axé/Ford/Divulgação)
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Maria da Gama Santos é do interior da Bahia, tem 36 anos, um filho de 19 e uma filha de 16. Desde criança, sonhava em costurar, mas sempre teve dificuldades, já que não tinha ninguém disposto a ensiná-la, por conta da pouca idade. Há alguns anos, ela finalmente aprendeu a lidar com os tecidos, fios e agulhas e, então, ficou conhecida como “Maria que gosta de costurar”.

Há pouco mais de um ano, Maria da Gama conheceu o Projeto Axé. Então, passou a ter aulas de modelagem, corte e costura. Ao lado de um grupo de mulheres inspiradoras como ela, Maria pesquisa sobre moda, aproveita o material que seria jogado fora para produzir peças ecossustentáveis e aprende com cada um de seus erros para aperfeiçoar seu dom. Hoje, a aluna tem um ateliê, em que faz e reforma roupas de seus clientes mais adorados. Agora, ela descobriu o que é querer sempre mais.

Maria sonha em se tornar uma profissional, para também ensinar técnicas de costura no futuro. “A gente tem que crescer. Você não tem que ter o dom só para você, tem que dividir com outras pessoas. Eu costuro, gosto do que eu faço e vivo disso”, conta Maria da Gama.

Maria da Gama Santos, Projeto Axé
Maria da Gama Santos (Priscila Doneda/MdeMulher)

Criado há 27 anos, o Projeto Axé é uma ONG movimentada pela “pedagogia do desejo”, em que a arte é o principal instrumento de trabalho. Ao lado dela, os sonhos e a esperança de uma vida melhor. “Quem não tem nada a perder tem muito a ganhar”, pontua Marcos Cândido, um dos idealizadores.

O Projeto Axé articula a sociedade civil, o poder público e o setor privado, permitindo o desenvolvimento sustentável de vidas humanas, além do aprendizado em áreas como arte, beleza e meio ambiente.

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Foi em junho de 1990 a primeira vez em que a ONG foi às ruas de Salvador encontrar crianças e adolescentes que fazem da rua o seu espaço de socialização. Desde então, todos os dias foram de trabalho e mais de 22 mil crianças já foram atendidas, além do apoio atribuído anualmente a 1600 famílias.

Para participar, esses jovens precisam frequentar regularmente a escola, dormir em suas casas e estar presentes todos os dias na sede, onde se alimentam e aprendem com aulas de arte, música e dança, por exemplo.

Integrantes do Projeto Axé
No Projeto Axé, os jovens puderam descobrir a paixão pela moda (Projeto Axé/Ford/Divulgação)

Mulheres adultas em situação de vulnerabilidade social ganham a oportunidade de participar de oficinas de costura e moda e chegam a receber uma bolsa enquanto estão participando dos cursos do Projeto Axé. Assim, elas têm a oportunidade de conquistar novos aprendizados e também a própria renda.

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“No nordeste e em muitos outros lugares do Brasil, as mulheres são as verdadeiras chefes da família e, por isso, a ONG oferece formação continuada para mulheres adultas, o que não é oferecido em nenhum outro lugar”, ressalta Marcos.

Antonia dos Santos, Projeto Axé
Antonia dos Santos (Projeto Axé/Ford/Divulgação)

Unindo sustentabilidade, arte e educação, em 2014, foi criado o projeto social Mochila Sustentável, mantido pela Ford em parceria com a ONG. Tudo acontece na Bahia, entre a sede do Projeto Axé, no Pelourinho, em Salvador, e a Casa do Trabalho, em Camaçari.

Uniformes industriais são doados, higienizados e remanufaturados de maneira ecossustentável, com estampas feitas pelos jovens do próprio Projeto Axé. Com o que aprenderam lá, as mulheres os transformam em mochilas, que são doadas anualmente aos alunos da rede municipal de ensino de Camaçari.

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Mulheres trabalhando no Projeto Axé
As fardas são desfeitas e reaproveitadas (Projeto Axé/Ford/Divulgação)

A estimativa é que, desde 2014 até o fim de 2017, tenham sido doadas 40 mil mochilas e 60 mil uniformes, além de ter sido feita a capacitação de cerca de 100 mulheres com o curso de corte e costura.

“Quando as mulheres chegaram aqui, elas não falavam nada, ficavam de cabeça baixa. Hoje, elas contam e riem da sua própria história. É um outro momento para cada uma delas”, comemora a Professora Maria Rosa Lima Teles, querida pelas alunas que ensina na Casa do Trabalho.

Maria Rosa Lima Teles, Projeto Axé
Professora Maria Rosa Lima Teles (Projeto Axé/Ford/Divulgação)
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Além disso, essas mulheres também produzem alguns outros produtos incríveis, que são vendidos em uma loja do Projeto Axé, no Pelourinho. A renda arrecadada com a venda desses produtos são revertidas para a ONG.

Camiseta produzida por integrantes do Projeto Axé
Camiseta produzida por integrantes do Projeto Axé (Priscila Doneda/MdeMulher)

“Isso aqui é uma porta aberta para o futuro, não é só para uma pequena renda. Tem gente que já está com o seu ateliê, costurando. Gente que largou o emprego e hoje está ganhando dinheiro com o que aprendeu aqui”, finaliza a Professora Maria Rosa.

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