Desde muito antes de você e sua mãe nascerem, a Universidade Harvard descobriu o fator mais importante para a saúde mental e física de uma pessoa: é a amizade. E isso não muda há 80 anos, que foi quando a instituição começou o maior estudo do mundo sobre o assunto.
A partir de entrevistas e exames físicos realizados com voluntários de todas as idades, etnias e perfis sócio-econômicos, os pesquisadores anualmente chegam à conclusão de que, mais do que dinheiro, genética, hábitos alimentares e rotina, o que mantém o bem-estar das pessoas é ter amigos.
De acordo com a pesquisa, quem tem laços fortes de amizade vive 10 anos mais do que aqueles que preferem ficar isoladões. E se o grupo for de pelo menos 4 pessoas, o risco de doenças cardíacas cai pela metade.
Amigo de verdade comemora nossas alegrias
“A maior riqueza da vida é ter amigos com quem podemos compartilhar tristezas, angústias e, principalmente, alegrias”, afirma a psicóloga Gabriela Malzyner.
Esse finalzinho do que ela falou é crucial: o grande indicativo de que uma amizade é real é o apoio nos momentos felizes da vida. “É fácil ficar ao lado da pessoa quando as coisas vão mal para ela, ouvir suas lamentações. Mas vibrar com as conquistas e os bons momentos dela sem que isso gere sentimentos de inveja é coisa de amigo de verdade”, garante.
Outro detalhe que mostra que a amizade é pra valer é a falta de interesses além da companhia. Sabe aquele lance de gostar por gostar? Isso.
A psicóloga Cristiane Costa Cruz dá a dica: “Uma coisa importante a observar é se não existe algum tipo de interesse momentâneo da parte de alguém que esteja tentando forçar uma amizade. Pessoas que já chegam elogiando demais não são confiáveis, pois demonstram estar buscando algo em troca desses elogios. Não que não se possa elogiar ou ser elogiada, mas tudo tem a medida certa”.
Sentiu uma atitude meio over? É melhor ficar com o pé atrás, pelo menos inicialmente.
Amigos são a família que escolhemos
Fazer e manter amigos é fundamental na construção da nossa identidade a cada círculo de pessoas que conhecemos em um novo emprego, no clube, na academia, em um curso, em uma mudança de cidade. Não existe limite de idade para novas amizades; elas são fundamentais para nosso bem-estar a vida toda. “Somos seres gregários. Sentir-se amado, acolhido e pertencente a um grupo é importante para a nossa saúde mental”, diz Cristiane.
Leia mais: Amizade “à primeira vista” acontece, sim – e a ciência explica
Além disso, segundo Gabriela, são os amigos que nos mostram que podemos expandir para o mundo aquilo que aprendemos no núcleo familiar. Eles acabam sendo nossa família fora de casa, a família que escolhemos. “Construímos nossa identidade na família e a exploramos no social. Os amigos são a prova de que cabemos em mais lugares do que nossa casa”, afirma a psicóloga.
Poliamizade: é saudável ter várias turmas ao mesmo tempo
Se você é do tipo que tem uma turma em cada lugar que frequenta, não precisa esquentar a cabeça para tentar integrar todo mundo. “É riquíssimo ter vários grupos, porque ninguém é a mesma pessoa o tempo todo, e as afinidades podem ser variadas”, observa Gabriela.
Leia também: 6 maneiras de ensinar as crianças a cultivarem a amizade
Então tudo bem ter aquelas amigas com quem gostamos de ir ao cinema, as outras que são legais para falar bobagem, as que ajudam a resolver problemas. E tudo bem também elas sequer se conhecerem.
“Não compartilhamos todas as coisas com todos os amigos. O legal da amizade é justamente poder usufruir o que cada um pode oferecer de bom. Às vezes é possível misturar, às vezes não. É mais uma questão de estilo pessoal, porque na formação de amizades não existe certo e errado”, finaliza Cristiane.