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Amamentação não tem fórmula

O ato de amamentar pode acontecer de várias maneiras, e cada mãe tem o poder de decidir qual será a mais adequada para ela e para seu bebê

Por Abril Branded Content
Atualizado em 21 jan 2020, 02h55 - Publicado em 31 out 2016, 14h21
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  • Há quem diga que a amamentação é o momento de maior cumplicidade entre mãe e filho. Também há quem insista em aterrorizar as mamães, principalmente as de primeira viagem, com a ideia de que amamentar só resulta em minutos de dor e desconforto. Avós, amigas, mães, colegas de trabalho e até estranhos: todo mundo tenta ser o dono da verdade ao opinar sobre a alimentação dos bebês.

    Na realidade, não existe uma verdade universal – cada mulher sabe o que será melhor para seus filhos. Conversamos com algumas mães para ouvir suas decisões e experiências com a amamentação. Quem sabe você que também é mãe (ou pretende ser, ou está apenas curiosa sobre o assunto) fique mais tranquila com suas próprias escolhas? Afinal de contas, o importante mesmo é dar muito amor ao seu bebê.

    Mariana Barros, 26 anos, jornalista e mãe do Bernardo, de 5 meses

    “Sempre desejei ter um parto normal e humanizado. Mas, nas últimas semanas de gravidez, minha pressão subiu e tive que partir para uma cesárea. Meu filho ficou longe de mim por quase dois dias, se recuperando de problemas respiratórios. Eu tinha medo de que, pela falta de estímulo, meu leite não descesse mais e, por ele estar sendo alimentado por uma sonda, não quisesse pegar o peito.

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    Mariana teve ajuda de uma pediatra para amamentar o filho Bernardo (Acervo pessoal/Abril Branded Content)

    A minha sorte foi que, quando fui visitá-lo no berçário, uma pediatra amiga da família – e atual pediatra dele – me viu segurando na mãozinha do Bernardo por um buraco na incubadora e imediatamente mandou a enfermeira colocá-lo em meus braços, coisa que eu ainda não tinha feito. Ela também me mandou dar o peito, e eu disse que não tinha leite, mas ela insistiu que eu tinha. Aconcheguei-o perto de mim, bem desajeitada, botei o peito para fora e ele abocanhou como se já tivesse feito aquilo antes. Mamou por quase uma hora e eu chorava de alegria. E assim foi, sem feridas, sem problemas. Digo que ele nasceu para mamar.

    Ainda na maternidade, me disseram que era para dar 20 minutos em um peito e 20 no outro. Mas, quando fui para casa, deixava que meu filho ficasse mamando o tempo que quisesse.

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    Peguei grandes discussões com a família, que dizia que meu filho chorava porque meu leite estava ‘fraco’, em consequência da minha má alimentação. Após os dois primeiros meses, optei pela livre demanda e muita gente falou que ele ia ficar sem rotina. Fui bem firme nas minhas escolhas, apesar da falta de experiência, pois é meu primeiro filho e eu não tinha me preparado para nada. Segui muito meu instinto materno e deu certo. Hoje, meu filho tem 5 meses e pesa 7 quilos e meio, dorme praticamente uma noite inteira e é um bebê supertranquilo.

    Assim que ele nasceu, tive que sair e deixá-lo em casa algumas vezes, por isso aluguei uma bombinha elétrica para retirar o leite e congelar para que ele tomasse na mamadeira. Recentemente, precisei fazer uma viagem para fora do país a trabalho e deixei meu bebê de 4 meses em casa. Não consegui estocar leite o suficiente, mas a prima do meu marido doou seu leite ao Bernardo por 15 dias. Voltei de viagem e meu peito secou. Por mais que eu estimulasse durante a viagem, não consegui. Agora, ele está se adaptando à fórmula e eu busco a relactação, o que está sendo muito difícil porque ele já perdeu o interesse pelo peito e se irrita quando tento colocar para mamar e não sai nada. Mas ainda não desisti.”

    Mariana Donzeles, 36 anos, psicanalista e mãe da Julia, 11 anos, e do João, 7

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    Mariana com os filhos Julia e João (Acervo pessoal/Abril Branded Content)

    “Engravidei da minha primeira filha aos 25 anos e, como toda mãe de primeira viagem, me enchi de todas as informações a respeito do aleitamento. Preparei o seio durante os nove meses com pomadas, cascas de frutas, sol, buchas vegetais e tudo o mais que me era recomendado.

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    Amamentar era praticamente uma exigência para mim e estava disposta a fazer qualquer coisa para conseguir. Com exceção do desconforto excruciante nas primeiras semanas (rachou, sangrou, quase caiu), felizmente consegui mantê-la com amamentação materna exclusiva e me mantive firme nos meus propósitos de livre demanda do seio e cuidados feitos somente por mim e meu marido.

    Embora minha filha estivesse cada vez mais saudável, é preciso dizer que a mãe que opta por aleitamento exclusivo por seis meses com livre demanda não tem tempo para nada! É um momento de extrema dependência do bebê com a mãe e, em alguns momentos, falta estrutura emocional para tamanho desgaste. A Julia dormia pouquíssimo entre as mamadas e, apesar de ser uma criança calma e sem cólicas, ela simplesmente passava a noite inteira no peito. Foram dias de pijama, sem lavar o cabelo, sem ir ao supermercado, sem nenhum cuidado pessoal ou qualquer outra coisa para distrair.

    Mas a questão maior veio depois: tirá-la do seio. Ela iniciou a alimentação aos 6 meses, mas a mantive no peito até os 2 anos e 4 meses. Não era capaz de perceber na época a grande dependência psíquica que aquilo criou. Era óbvio que ela reclamava o peito apenas para ficar aconchegada em mim e eu permitia apenas para mantê-la ali. Como ela não apresentava nenhum sinal de largar o seio e após várias tentativas de negar e substituir por outras coisas (chupetas e mamadeiras) sem sucesso, precisei ser radical: passei uma semana dormindo na sala com uma atadura de 40 centímetros em volta do tórax dizendo que havia me machucado. Eu a ouvia chorar compulsivamente com o pai até dormir, exausta! A angústia que ambas passamos foi enorme.

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    Julia tinha 4 anos quando o irmão João chegou na família (Acervo pessoal/Abril Branded Content)
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    Meu segundo filho veio aos 29 anos. Nasceu prematuro e consegui, mesmo com a prematuridade, mantê-lo com o aleitamento materno. Assim como a Julia, o João era tranquilo, mas teve muitas cólicas e precisei restringir bastante a minha alimentação. Após passar pelos seis meses exclusivos – com livre demanda, sem chupetas ou mamadeiras, horários enlouquecedores, pijamas velhos e cabelos brancos –, ele iniciou a alimentação sólida e foi, por conta própria e para meu imenso espanto e decepção (vai entender!), solicitando cada vez menos o seio. Aos 14 meses, passou a definitivamente recusá-lo. Chorei uma semana no sofá da sala!

    Após alguns anos de maternidade, e talvez por isso, me tornei psicanalista. A vontade de fazer o melhor pelos meus filhos e me expor a condições extremas de cansaço, muitas vezes, não me permitiu ser a mãe perfeita que eu desejava. Mal sabia que isso era impossível! O ideal é inalcançável e buscar por ele só nos traz esgotamento e culpa.

    O que traz segurança ao bebê é se sentir amado. Pouco serve, psiquicamente, para um bebê ser alimentado por um seio que não o olha, não investe nele seus sentimentos mais amorosos, que assiste a televisão ou fala ao celular enquanto amamenta, que não está com a atenção exclusivamente voltada para o bebê e seu corpo. Se você é um pai, uma mãe, uma avó (biológicos ou não) e está dando ao seu bebê uma mamadeira investida de afeto, parabéns, está fazendo um excelente trabalho!”

    Marina Mazzini, 27 anos, estudante de ciência dos alimentos, jornalista e mãe da Laura, de 1 ano e 3 meses

    “Acho que a mulher precisa ter bem claro como vai querer lidar com a amamentação, pois receberá opinião de todo tipo. Por isso, li muito, participei de um programa na Unicamp, o Cepae, e resolvi que queria amamentar. Mas, durante a gravidez, parece que a amamentação é algo bem simples e instintivo: seu filho vai nascer e já mamar perfeitamente. Quando a Laura nasceu, vi que não era bem assim. Lembro que olhei para aquele bebê na minha frente e falei: ‘como faço isso?’. Achei que saberia fazer tudo e não sabia nada. Bateu o desespero, mas aos poucos fui aprendendo.

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    Marina amamentou a pequena Laura até 1 ano e 3 meses (Acervo pessoal/Abril Branded Content)

    Enquanto ainda era o colostro, foi um pouco mais fácil. A única adversidade era quanto às pressões externas, pois, naquele momento, as enfermeiras, os parentes e os médicos perguntavam o tempo todo se minha filha estava mamando a cada três horas. Mas, quando o leite desceu e não era mais o colostro, vi que a amamentação podia ter algumas dificuldades – bem doloridas, aliás. Eu tinha muito leite, que começou a empedrar. Nessa fase, sofri. Senti muita dor por alguns dias, tive febre e precisei procurar ajuda no próprio Cepae e no banco de leite da minha cidade.

    A visita ao banco de leite foi um marco para mim, pois lá me mostraram como fazer as massagens circulares, a ordenha manual e me recomendaram a ajudar outros bebês do hospital doando leite. Uma amiga emprestou a máquina elétrica, pois com a manual era dolorido demais, e passei a retirar leite e congelar em potes de vidro, que o próprio banco de leite enviava quando vinha buscar a doação. Eu retirava depois da amamentação da Laura e havia todo um protocolo para isso. Algumas pessoas viam como um incômodo, mas eu não. Eu me sentia mal em tirar leite e jogar no ralo. Preferia doar, me sentia bem com isso.

    Queria amamentar minha filha de forma exclusiva até os 6 meses e consegui. Isso foi motivo de orgulho para nós, para mim e meu marido. Amamentei a Laura até 1 ano e 3 meses. Parar de amamentar é outro momento em que as pessoas opinam demais. Queria que fosse algo natural, que ela tivesse a maturidade de não querer mais. Não desejava que fosse traumático, nem para mim nem para ela. Muita gente dizia que era impossível, mas resolvi arriscar. No início de outubro, ela parou e tenho orgulho de como foi: ela olhou para o meu peito e não quis mais. Ofereci depois de um tempo e a reação foi a mesma. Percebi que era a hora de parar. Foi tranquilo para mim e para ela, sem remédio nem traumas.”

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