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Alunas de engenharia da USP fazem vídeo poderoso contra machismo

Em faculdade majoritariamente masculina, alunas de engenharia da Escola Politécnica gravam vídeo em protestos aos estereótipos a que são submetidas

Por Maria Beatriz Melero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 abr 2024, 16h17 - Publicado em 12 abr 2017, 10h25
 (Youtube/Reprodução)
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A luta por mais respeito às mulheres no ambiente universitário ganhou mais uma mobilização na semana passada. Alunas de engenharia Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) se uniram para reagir contra o machismo e preconceito que vivenciam na instituição. Elas gravaram um vídeo dublando a música Survivor (Sobrevivente, em português), do grupo Destiny’s Child, na versão de Clarice Falcão.

O vídeo foi divulgado na última sexta-feira (7) e faz parte de uma das atividades do IntegraPoli, evento de integração organizado por veteranos da Poli para recepcionar calouros que iniciam o curso de engenharia.

Na gravação inspirada no clipe lançado pela cantora Clarice Falcão, em novembro de 2016, as alunas pintaram seus corpos de preto e amarelo – as cores da Poli – com mensagens como “preta”, “mal amada”, “cara de empregada”e “mulher não bebe” – termos e frases que elas já ouviram diversas vezes na universidade. No clipe de Clarice, diversas mulheres se pintam com batom vermelho em um manifesto de liberdade das mulheres, e o clipe das alunas da Poli também é sobre isso.

O vídeo também informa os espectadores que, nos últimos cinco anos, a representatividade feminina entre os ingressantes da faculdade foi de apenas 27% – segundo o perfil dos ingressantes divulgado pela Fuvest.

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Organizado por seis estudantes e com a participação de mais de 50 alunas da Poli, a ideia do vídeo partiu de Nathalia Sadocco, 23 anos, estudante do quinto ano do curso de engenharia de produção.

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A proposta inicial era apresentar as mulheres que integram a comunidade politécnica da USP, desde estudantes antigos até funcionárias. Porém, Nathalia quis apresentar o novo ambiente a essas meninas com toques de feminismo.

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“Esse seria um bom exemplo das pessoas conhecerem as meninas e uma maneira das calouras conhecerem suas veteranas e pensar ‘como essa menina é demais’“, explicou Nathalia.

O vídeo foi, então, produzido por Mariana Duran Meletti, 23 anos, Isabella Soubhia, 20 anos, Mariana Vieira, 19 anos, e Julia Azeredo, 22 anos, que reuniram as garotas em um estúdio para gravar as frases de protesto.

De acordo Mariana, aluna da engenharia civil da faculdade, as mensagens expostas têm como objetivo romper com os estereótipos que as estudantes são submetidas no curso.

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Para a estudante, a proposta é mostrar que as mulheres não pretendem ficar caladas ao terem seus corpos objetificados e sua inteligência questionada.

“Acho que é importante mostramos que não iremos ficar mais quietas. A ideia é mostrar que não importa o quanto vocês queiram nos diminuir, o quanto vocês duvidam de nós. Somos 27% que devem ser respeitadas“, declarou.

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Mariana ingressou no ambiente predominantemente masculino em 2013. Em seu quinto anos de graduação, ela contou que este foi o primeiro vídeo do IntegraPoli que teve o empoderamento feminino como tema, em mais de 30 edições do evento. O projeto teve repercussão tanto na comunidade politécnica, quanto em pessoas de fora da faculdade.

Porém, Mariana destaca que seu desejo é que o vídeo vá além da repercussão momentânea. Para a estudante, o ideal é a que ele traga reflexão sobre atitudes e comportamentos machistas que – apesar das mudanças já vistas dentro da Poli – ainda são presentes.

“A gente quer que as pessoas reflitam. Vi muitas pessoas que tiveram comportamentos perturbadores na Poli que chegaram a compartilhar o vídeo e que nos parabenizaram. Nosso objetivo é, se eles acharam tão bonito [o vídeo], que eles reflitam. Queremos que esse vídeo seja um marco.”

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