Alimentares, de pele, respiratórias: as alergias mais comuns da infância
Com o tratamento adequado, elas tendem a desaparecer em alguns anos.
Quando um bebê chega a este mundo cheio de desafios, seu corpinho não tem preparo para lidar com quase nada. É dia após dia, com o auxílio da amamentação e de cuidados com banho, roupas e exposição a ambientes que ele desenvolve suas defesas. Aí é que podem surgir alergias. “Em alguns casos, o sistema imunológico se engana e faz defesas para substâncias inofensivas. A alergia é um excesso de defesa”, afirma o otorrinolaringologista Sergio Maniglia, coordenador do Centro de Rinite e Alergia do Hospital IPO.
Por outro lado, Elizabete da Silva Blanc, alergista e imunologista do Espaço Médico Brasil, explica que o sistema imunológico é mais vulnerável nos extremos da vida – na infância, ele ainda não amadureceu completamente –, e por isso algumas alergias se manifestam com força na infância.
A boa notícia é que, com o tratamento adequado, todas tendem a regredir.
Tendência a alergias: a marcha atópica
Segundo Sergio, algumas crianças têm mais propensão ao desenvolvimento de alergias, o que desencadeia a chamada marcha atópica. Ela significa que há uma tendência a esses pequenos estarem constantemente com alguma alergia manifestada – ou, como complementa Elizabete, de haver uma troca de alvo, já que o organismo é alérgico.
Seu primeiro sinal é a alergia alimentar que começa nos primeiros meses de vida do bebê. Normalmente ligada ao leite (mais especificamente à proteína do leite de vaca) e ao ovo, ela se manifesta na pele, no sistema respiratório e no sistema gastrointestinal. Sangue nas fezes costuma ser o sintoma clássico destas alergias. O tratamento mais comum é a exclusão alimentar – a mãe que amamenta não come o que tiver o elemento causador da alergia, a criança é poupada dessas comidas e bebidas quando fizer a introdução alimentar – e ela tende a desaparecer em cerca de três anos.
Também nos primeiros anos de vida é comum aparecerem alergias de pele, principalmente a dermatite atópica. Ela resseca a pele e pode gerar infecções secundárias. “O ideal é achar a causa principal para poder tratar, mas a hidratação constante da pele é obrigatória”, diz Sergio.
A próxima fase da marcha atópica é a de alergias respiratórias. A asma é a principal doença aqui e atinge crianças a partir dos dois anos, tem um pico entre 5 e 9 anos e então inicia uma queda na frequência. O tratamento varia de acordo com a gravidade do problema, mas geralmente é feito com medicações aspiradas em bombinha.
O fim desse processo alérgico é a rinite, que via de regra se inicial em torno dos 5 anos e pode tanto passar logo quanto persistir por toda a vida.
É importante ressaltar que essas informações são gerais; cada organismo pode iniciar alergias antes ou depois, com intensidades variadas e necessidades de tratamentos personalizadas. Além disso, como ressalta Elizabete, existem influências do meio ambiente que podem aumentar a ocorrência de alergias em determinadas regiões. Por isso, o acompanhamento de um médico é imprescindível.
Que médico procurar para tratar a alergia infantil?
Antes disso, fica o lembrete: mãe, pai e cuidadores sempre devem estar atentos a sintomas de que algo não está no curso certo na saúde do bebê. Fezes, urina, aspecto da pele, flatulência, reclamação de dores, barulhos respiratórios, coceiras são sinais de alerta.
O ideal é passar por uma consulta com um médico alergista pediátrico. Mas se a agenda dele estiver cheia e for demorar um pouco, o pediatra sabe conduzir bem o início dos tratamentos das alergias. Em caso de sintoma respiratório, um otorrino pediátrico é excelente para a abordagem multidisciplinar.