6 “homenagens” péssimas que não aguentamos mais receber no Dia da Mulher
Que tal repensar o que dizer na hora de parabenizar uma mulher no dia 8 de março? Fizemos uma lista que ajudará na hora de colocar a mão na consciência!
A busca pelo direito ao voto e por condições melhores de trabalho… Foi assim que o Dia Internacional da Mulher, celebrado 8 de março, passou a ser um marco para a exaltação da figura feminina, especialmente pela constante luta por mais respeito dentro da sociedade.
Infelizmente, ainda que o empoderamento feminino esteja crescendo cada vez mais, o machismo se faz presente (e muito!) no dia a dia da mulher. Ele não dá uma trégua até mesmo na data direcionada ao público feminino, seja por meio de publicidades mal elaboradas ou até mesmo por uma mensagem de algum familiar e/ou amigo próximo.
Por isso, separamos seis homenagens que não fazem jus à luta feminina e até mesmo a anula. Confira:
1. Promoções de produtos para casa
De maneira alguma estamos dizendo que você não pode gostar de arrumar a casa e deixar tudo cheiroso – afinal, o feminismo está aqui para defender a liberdade feminina de fazer o que quiser.
O grande problema de colocar apenas itens relacionados ao cuidado com o lar em promoção como homenagem ao Dia Internacional da Mulher é que essa atitude traz a ideia de que é responsabilidade da mulher esse tipo de serviço.
Esse estereótipo (machista!) é ainda mais reforçado quando o Dia dos Pais é comemorado e o mesmo tipo de promoção não marca forte presença nas redes sociais. O que acontece, na verdade, é algo totalmente oposto: o foco se torna produtos de autocuidado e, consequentemente, uma valorização da imagem do homem.
A mesma preocupação com o bem-estar feminino, principalmente a partir da atenção direcionada ao cuidado consigo mesma e não com a casa, deveria acontecer independente da data comemorativa. Mas, infelizmente, essa não é a realidade que vivemos.
2. Mensagens que colocam mulheres como ‘salvadoras’ dos homens
Para produzir as propagandas voltadas ao dia 8 de março, algumas empresas ainda se baseiam em pensamentos ultrapassados, mas presentes na sociedade. Um deles é que as mulheres amadurecem mais cedo que os homens e, por isso, devem cuidar deles.
Ainda que uma publicidade com frases que remetam a essa ideia possa parecer inofensiva, os reflexos são preocupantes. Por exemplo, quando uma mulher acredita que é responsabilidade dela ajudar o homem na evolução pessoal dele, muitas vezes, ela pode acabar se sujeitando a relacionamentos abusivos, já que bater, trair e até mesmo abusar psicologicamente de uma figura feminina podem ser justificados como imaturidade.
Os dados do “Relógio da Violência” são capazes de provar como essa ainda é a realidade de muitas mulheres. Segundo o levantamento feito pela instituição, a cada 6.3 segundos, uma mulher é vítima de ameaça de violência, por exemplo. Já a cada 7.2 segundos, ela é vítima de violência física. E assim sucessivamente, sem nenhuma agressão – física, psicológica e/ou emocional – ocorrer com um intervalo maior de 10 segundos.
Por isso, é importante estar atenta ao que se veicula no Dia Internacional da Mulher, pois os pequenos detalhes podem reforçar comportamentos que não deveriam mais fazer parte da rotina feminina.
3. Turnos de empresas com apenas mulheres trabalhando
Quando o assunto é o mundo corporativo, o grande problema começa com a desigualdade salarial que ocorre mesmo quando uma mulher ocupa o cargo idêntico ao do homem. Inclusive, o levantamento feito pelo IBGE, em 2018, mostra que a faixa salarial feminina é menor que a masculina mesmo que as integrantes da empresa tenham ensino superior completo.
Só que, infelizmente, os problemas não se limitam a isso. Em 2018, o McDonald’s propôs que algumas unidades do fast food operassem só com mulheres, como se isso fosse uma forma de homenageá-las. Ainda de acordo com a marca, os homens não teriam ganhado folga, mas sido realocados para outros locais.
É estranho como esse tipo de atitude passa desapercebida para algumas pessoas e soa até mesmo como um empoderamento da figura feminina, sendo que, se pararmos para pensar racionalmente, ao colocar para trabalhar apenas mulheres em um dia que se deveria valorizar a luta feminina, o serviço se torna exploratório, já que não há divisão proporcional de tarefas entre os gêneros.
4. Descontos em estabelecimentos caso a mulher vá acompanhada do parceiro
Proporcionar um passeio no Dia Internacional da Mulher, com um desconto incrível? Superválido! Mas não é nada bacana quando essa promoção só se torna vigente quando a mulher está acompanhada da figura masculina com quem se relaciona.
Esse tipo de atitude traz a ideia de que a mulher só merece algo caso ela esteja dentro de um relacionamento, como se o reconhecimento dela como uma figura feminina dependesse de uma relação estabelecida.
O que também é extremamente problemático é que, ao estipular que mulheres devem vir acompanhadas de “namorados e maridos”, fica explícito que os relacionamentos LGBT não são respeitados e até mesmo válidos naquele local. Homofobia que chama, viu?
5. Insinuar o uso de roupas íntimas para agradar namorado
Como já dissemos antes, não há nenhum problema em você se arrumar para, inclusive, se sentir mais confiante com a pessoa com quem você se relaciona. Isso é até mesmo saudável. O que não está tudo bem e acaba se distanciando totalmente da ideia de empoderar as mulheres é associar que o cuidado feminino deve ser feito única e exclusivamente para satisfazer o desejo masculino.
Outra problemática que também surge dentro desse cenário é que, muitas vezes, os casais representados nas propagandas são apenas heterossexuais e sem diversidade racial e corporal – as mulheres tendem a ser brancas, loiras e magras. Não condizer com a realidade feminina, já que os corpos são diversificados, contribui para ressaltar padrões que resultam em preconceitos, como a gordofobia e a LGBTfobia.
6. Promoções de produtos apenas em cores consideradas ‘femininas’
Rosa, roxo, vermelho são ótimas cores e somos a favor que você use caso se sinta confortável para isso. Mas em pleno século 21, é retrógrado pensar que apenas esse leque de tons – e os que se aproximam deles – é reconhecido como feminino.
Com a limitação das diferentes cores por gênero, muitas publicidades acabam sendo construídas pensadas nisso. Afinal, acredita-se que dessa forma o público-alvo será atingido. Porém, esse tipo de atitude cria a ideia de que apenas alguns itens são destinados às mulheres, sendo que deveríamos ser livres para usarmos o que queremos – e não o que é imposto sobre nós.
Já está na hora de mudar esse cenário, né?