Personalidades de diversas áreas culturias – da televisão, cinema à fotografia – dissertam especialmente para CLAUDIA sobre o amor nos tempos de hoje. E o resultado não poderia ser mais poético e inspirador, confira:
1. Transbordante
“O amor é um campo, uma rede, onde logo cedo me logo. Tem amor no beijo de bom dia do (marido) Isaac, no pote de creme que minha filha Anita me deu, tem amor no vaso de rosas que meu filho Gabriel comprou pra mim. Na mesa do café, o amor da Meire está servido. Depois de comer, águo os vasinhos de amor vegetal e me jogo no chão pra receber amor em forma de lambida dos meus cachorros, Otto e Ruby. Ainda é de manhã e o amor já transborda em mim. Então eu vou pro mundo compartilhar, aspergir, semear amor; e penso nesse mistério sem solução: pois, quanto mais amor a gente dá, mais amor a gente tem no coração.”
Rosana Hermann, roteirista e blogueira
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2. Dia raro
“Amor é arma. Basta olhar ao redor. Quanta intolerância, preconceito, truculência. Parece mais fácil ver toda e qualquer manifestação desse tipo – nas ruas, nas redes sociais, no comportamento de quem olha o mundo pelo viés das impossibilidades. É duro encontrar afeto. Carinho é artigo raro. E o amor, ah, o amoré aquele dia raro, ensolarado, insistente, bem no meio do inverno dos tempos atuais. Mas aí a gente resiste. E insiste em olhar para dentro, olhar para o outro, olhar ao redor novamente – e se reconhecer. Olhar para o que nos move. Para o que nos faz desafiar essa força estranha que tenta nos silenciar. Não vai. Porque mora na gente uma coragem e uma vontade de confrontar o desamor. E nossa arma dispara flores e abraços e beijos e palavras que falam da possibilidade de a gente construir mais, destruir menos. E do nosso encontro, homens e mulheres, mulheres e mulheres, homens e homens, surge um exército poderoso, armado até os dentes: sorrisos. Vamos juntos. Quando estamos unidos, estamos munidos.”
Pedrinho Fonseca, fotógrafo
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3. Poderoso e frágil
“O combustível do amor é o afeto. Só que não só isso. É algo além, largo e difuso. Mais interativo e banda larga que a internet. Como falar do amor? Qual seu limite? Pergunte para uma mãe o que ela seria capaz de fazer para evitar a morte de um filho. O amor é poderoso. E ao mesmo tempo frágil demais. O amor quando falta é um abismo completo. Felizes os que amam sem medo de amar e sem medo de estar sempre em busca do verdadeiro amor. A vida veio do amor. E continua até a morte da última célula. Porque quem nunca morre de amor não vive de verdade.”
Marcelo Tas, apresentador
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4. Bem-querer
“Nossa cultura romântica supervaloriza o que sentimos e nos leva a admirar quem é comandado por impulsos, intuições, condicionamentos, gostos e sensações, como se estas expressassem maior profundidade e estabilidade. Queremos sentir algo no trabalho (“Trabalhe com o que você ama”, dizem) e diante de alguém (“Química”, “Amor de outras vidas”…). O sentimento é considerado referencial ético, fundamento inquestionável para qualquer ação. É nosso refúgio, nossa certeza. Funciona assim: um sentimento surge, dá sentido ao meu momento e me impulsiona para uma ação. Então me movo em uma direção, até que o sentimento cessa (e com ele a verdade, o sentido e a ação) e me sinto perdido, confuso e impotente, sem entender como fui parar em um local desconfortável, sendo que estava andando em direção a um horizonte de felicidade. Se colocamos duas pessoas, lado a lado, arrastadas por sentimentos, impulsos e emoções, qual a probabilidade de essa relação funcionar? O amor tem muito mais a ver com o desejo de que o outro seja feliz: o apoiamos e nos alegramos com seu florescimento. O casamento, a proximidade do morar junto, é apenas a logística que favorece essa parceria. Não há nada especial em uma ou outra pessoa. Nossa prática é cultivar um amor que vai se tornando cada vez mais igual a todos, sem distinção.”
Gustavo Gitti, colunista do site Papo de Homem, ministra o curso Resposta padrão para qualquer problema de relacionamento, entre outros.