Em um primeiro momento, tomar a decisão de se separar pode provocar, em vez de alívio, stress e culpa. Não é à toa que tantos vão arrastando por anos uma relação insatisfatória. Só que, assim, o casamento pode se transformar em sofrimento crônico. “É melhor romper, com toda a dor que isso envolve, do que ficar longamente suportando situações desagradáveis”, analisa o psiquiatra Flávio Gikovate.
Confira abaixo tudo o que você precisa saber antes de tomar essa decisão na vida:
1. Não é tão complicado dar entrada no divórcio
Desde 2007, é possível dar entrada no divórcio no dia em que se toma a decisão – sem precisar esperar a separação completar dois anos, como antes. Esse é um dos sinais da maior naturalidade com que é encarada a quebra de uma união hoje. Em uma pesquisa da Universidade de Granada, na Espanha, feita com habitantes de 35 países, o Brasil foi considerado o lugar onde o divórcio é mais bem aceito. “A ideia de que se separar é melhor do que viver uma relação falida já se instalou entre os jovens e se estendeu a todas as gerações”, afirma a antropóloga Mirian Goldenberg.
2. É normal se sentir triste ou, até mesmo, culpada
“Os sentimentos se misturam na fase pós-separação”, diz a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora de Casamento, Término e Reconstrução. Às vezes, dá raiva e surge até um desejo de vingança. Mas não se deixe tomar por emoções que em nada ajudam a seguir em frente. Tente reconhecer que um ciclo se encerrou. “Não é possível escolher os sentimentos, mas, sim, o que fazer em relação a eles. Cuidar de si mesma e tocar a vida é o melhor para todos, ex-casal e filhos.”
3. Não precisa ter medo da solidão
Essa é a preocupação de muitas mulheres. “Sim, pode ser que você não encontre mais ninguém”, pondera Maria Tereza. “Mas isso não significa que vá ser infeliz.” Em qualquer idade, pode-se construir uma vida plena com ou sem parceria amorosa. “A felicidade não está inteira em um relacionamento.” Dedique-se aos planos e sonhos que não tocava antes, como embarcar naquela viagem aventureira que seu ex, fã do sofá, sempre detestou. Ajuste o foco: olhe para o que você tem tempo de fazer agora, seja assistir mais filmes de que gosta, seja se matricular em um curso novo.
4. É necessário enfrentar a situação e aceitar que você terá uma vida nova
Depois do ponto final, é comum que os ex-parceiros se sintam perdidos, sem saber como preencher a nova rotina, sobretudo se os filhos já estão crescidos. “É preciso criar disposição para uma nova vida”, frisa a psicóloga Jacy Bastos, que orienta grupos de descasados desde 1985. “Um modo simples de fazer isso é mexer na casa se você permaneceu na mesma de antes. Não é necessário se mudar ou gastar muito dinheiro. Comprar novos objetos ou trocar as almofadas são gestos simples que significam muito.” Ela aconselha também a buscar amigos e passeios, fazer sessões de terapia caso tenha vontade e resgatar hobbies que eram cultivados nos tempos de solteira. “Tenho um paciente que parou de tocar violão depois que se casou e voltou após o divórcio. Pergunte-se: ‘O que eu gostava de fazer e acabei abandonando?’’”, sugere a psicóloga. Dedique-se novamente a esses antigos prazeres e descubra outros.