Há 32 anos, no dia 17 de maio de 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirava a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças. Por isso, ativistas escolheram a data como o Dia Internacional contra a LGBTfobia. Logo em seguida, o comitê IDAHO foi criado para facilitar a coordenação de ações, eventos e protestos a favor da comunidade queer ao redor do mundo. As coisas deram tão certo que, até 2016, a data já havia sido celebrada em mais de 130 países.
E em homenagem à ocasião, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e AIDS (UNAIDS) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) lançam hoje um ensaio fotográfico com 24 travestis e mulheres trans de São Paulo. As belíssimas imagens foram produzidas por Sean Black, renomado fotógrafo americano.
A iniciativa faz parte do Projeto FRESH, desenvolvido em 2021 pelo UNAIDS, em parceria com a Casa Florescer, importante centro de acolhimento para travestis e mulheres trans. Confira mais detalhes a seguir:
Histórias marcadas por superação
A trajetória dessas mulheres foi marcada por violências sociais, desigualdades e estigmas. Grande parte delas foi expulsa de casa por suas identidades, precisando recorrer ao trabalho sexual e às drogas para conseguir lidar com as pressões da sociedade. Até mesmo quem não sofreu consequências tão extremas precisou enfrentar sérias turbulências na carreira e relacionamentos.
Porém, graças ao acolhimento da Casa Florescer, todas reiniciaram suas jornadas, passando por processos de autodescoberta e empoderamento que as levaram a sair de situações de vulnerabilidade. Hoje, estão mais fortes do que nunca e se colocam à frente da luta contra a LGBTfobia. Todas as imagens do ensaio fotográfico podem ser vistas no site do UNAIDS.
“Passamos por tantas coisas ruins em nossas vidas, e minha foto do ensaio me dá a certeza de que sou capaz de muitas coisas. Acho que isso é o essencial nós: a gente se amar. O meu sonho, agora, é fazer a minha faculdade, ter minha própria casa e ter meus dois filhos”, declara Sasha Santos, uma das mulheres trans participantes do projeto FRESH.
O Projeto FRESH une prevenção combinada do HIV, autocuidado e arte fotográfica através de uma exposição relâmpago para convidados especiais na Unibes Cultural. Lá, serão realizados debates temáticos com a participação de mulheres trans, travestis e o coordenador da Casa Florescer, Beto Silva.
Brasil é um dos países mais perigosos do mundo para pessoas trans
De acordo com o Relatório do Grupo Gay da Bahia, que reúne dados públicos de todo o país, 300 pessoas LGBTQIA+ foram assassinadas em 2021, um número 8% maior do que no ano anterior.
Pelo 13º ano consecutivo, o nosso país continua sendo o país onde mais pessoas trans sofrem homicídios violentos. Um Relatório da Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) revelou que, em 2021, dos 140 assassinatos de pessoas trans no país, a grande maioria (135) vitimou travestis e mulheres transsexuais.