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Cigarro por estética: jovens voltam a fumar por ideal de glamurização

Atores, cantores e modelos estão fumando à moda antiga; e toda a estética que envolve essas personalidades tem encantado o público mais jovem

Por Pedro Morani
Atualizado em 1 out 2024, 19h32 - Publicado em 1 out 2024, 18h00
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  • Para além dos riscos do cigarro eletrônico, muitos jovens estão aderindo a opção do cigarro tradicional, buscando uma suposta estética alternativa. De uma hora para outra, um hábito que foi tão criticado e motivo de vergonha, após anos de campanha anti-tabagista, está de volta.

    Artista em formação, Mel Liria, 19, conta que um dos motivos pra ela ter desenvolvido o hábito de fumar foi a estética: “a romantização que tem nos filmes”, relata a jovem. Além de citar a confiança que o hábito transmite em interações sociais.

    Angelina Jolie interpretou Lisa Rowe no filme
    Lisa Rowe, interpretada por Angelina Jolie, no filme “Garota, Interrompida” de 1999. (Glasshouse/Reprodução)

    Mel começou a fumar por volta dos 16 anos. No início, era radicalmente contra, mas o quesito social foi o que mais a influenciou. Convivendo com amigos que fumam, acabou percebendo que os fumódromos são os lugares mais tranquilos das festas e os ideais para iniciar conversas. “Para mim, no começo era quase que uma ferramenta para socializar e, com o tempo, acabei criando um gosto por fumar”, explica Mel.

    “Para mim, no começo era quase que uma ferramenta para socializar e, com o tempo, acabei criando um gosto por fumar”

    Mel Lira

    Charli XCX, dona de um dos álbuns mais tocados nessas mesmas baladas, o BRAT, ganhou da cantora Rosalía um buquê de cigarros em seu aniversário. A simbologia desse presente mostra como, numa tentativa de reviver a estética clubber, alguns dos rostos mais famosos das redes estão mostrando que fumar pode, sim, ser cool.

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    Rosália entrega um buquê de cigarros para Charli XCX
    A cantora espanhola Rosalía entrega um buquê de cigarros no aniversário da britânica Charli XCX. (X/Instagram/Reprodução)

    O que dizem os especialistas

    “Estamos tendo um assombroso aumento de fumantes entre adolescentes e jovens”, explica a pneumologista e professora da Faculdade de Medicina da USP, Elnara Negri. Ela acredita que a responsabilidade seja pelo fácil acesso aos cigarros eletrônicos, produzidos pelas grandes fabricantes de cigarros no mundo. Com apelo tecnológico, cores e sabores atrativos, eles estão encantando os jovens.

    Vape faz parte da rotina de muitos jovens
    Jovens estão aderindo ao vape. (Freepik/Reprodução)

    Mel, por uma outra perspectiva, afirma que a estética dos cigarros eletrônicos é bem diferente do cigarro tradicional ou do tabaco bolado. “Eu, pessoalmente, tento evitar porque são bem mais danosos à saúde e também bem mais caros”, acredita a jovem.

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    Riscos para jovens fumantes podem ser imediatos

    Na juventude, tudo parece mais distante. Mas, segundo Elnara, existem riscos imediatos para os jovens fumantes, como desenvolver bronquite e bronquiolite crônicas. Além do aumento de risco de câncer em diversos órgãos, não somente do sistema respiratório. Existe ainda a perda gradual da função respiratória, o que acelera a deposição de gordura nas artérias, com maior risco de doenças cardíacas, impotência sexual e doenças vasculares cerebrais.

    O vício se intensifica quando cria-se o hábito, a partir de pausas de descontração com colegas e amigos que acabam fumando também. Mel não pensa em parar de fumar agora, mesmo sabendo que é uma prática com muitas consequências. “Mas também não tenho vontade de resolver esse problema nesse momento, talvez futuramente eu queira parar completamente”, afirma. Por enquanto, ao sentir necessidade, faz pausas ou diminui a quantidade que fuma.

    Para aqueles que pensam em parar, a pneumologista faz algumas recomendações: hidratar-se bastante, procurar um médico para a prescrição de alguns medicamentos e terapias comportamentais que podem auxiliar na abstinência da nicotina. “Não desistir se não der certo na primeira tentativa. Parar de fumar é difícil”, conclui a médica.

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