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Brasil tem 80 times de futebol LGBTI+ em atividade, aponta mapeamento

Iniciativa do Museu do Futebol resgata memórias do esporte não hegemônico

Por Bruno Nomura (Agência Diadorim)
20 jul 2022, 15h45
BigTBoys, primeira equipe formada por homens trans no Rio de Janeiro
BigTBoys, primeira equipe formada por homens trans no Rio de Janeiro. (Acervo Museu do Futebol/Reprodução)
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Mais de 80 times de futebol formados por pessoas LGBTI+ estão hoje em atividade no país. Essa é a conclusão do projeto “Diversidade em Campo: Futebol LGBTQIAP+”, realizado pelo Museu do Futebol, de São Paulo. Há dois anos, a iniciativa mapeia equipes, pessoas e lugares ao redor do Brasil relacionados a essa população. O objetivo é contar histórias que existem para além do futebol hegemônico, revelando a pluralidade no esporte.

Em junho, o Museu lançou uma exposição virtual criada a partir das informações reunidas pelo projeto. De acordo com o mapeamento, a primeira equipe de futebol LGBTI+ do país, o Real Centro, surgiu em 1990 na capital paulista. Inicialmente, no entanto, os amigos que formavam o grupo não se identificavam abertamente como gays, já que tinham receio de serem discriminados pelos adversários.

Três décadas depois, o avanço dos direitos da população LGBTI+ mudou o cenário no esporte. Hoje, as equipes estão espalhadas pelas cinco regiões do país, tendo sido mapeadas em 19 estados diferentes. Entre os marcos mais recentes está a criação, em 2016, do Meninos Bons de Bola, que é considerado o primeiro time formado por homens trans, também na cidade de São Paulo. A diversidade de equipes levou até à criação de uma liga nacional, a LiGay, que promoveu seu primeiro campeonato em 2017.

Após se envolver em uma série de eventos relacionados ao futebol praticado por pessoas LGBTI+, a equipe do Museu percebeu a necessidade e o potencial de reforçar o acervo disponível sobre o assunto. “Buscamos ampliar o espectro de referências relacionadas a esse futebol não hegemônico que é de interesse do Museu, que tem um compromisso na promoção da diversidade, no combate à LGBTfobia”, explica Fiorela Bugatti Isolan, coordenadora do Centro de ​Referência do Futebol Brasileiro, braço de pesquisa e documentação do Museu do Futebol.

Para aprofundar o mapeamento, o projeto entrevistou representantes de 21 equipes, entre atletas, dirigentes e outros agentes relacionados. Apesar de estarem engajados com o esporte, nem todos gostavam dele quando eram mais novos. “Muitas pessoas diziam que nem pensavam em jogar futebol porque ‘não é para pessoas como eu’. Mas a partir do momento que conheceram pessoas LGBTQIAP+ que praticam, descobriram que existem campeonatos, entenderam que podem fazer parte”, relembra Dóris Régis, técnica em documentação do Museu e uma das pesquisadoras do projeto.

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Diferentemente do futebol profissional, em que as rivalidades são exacerbadas, a pesquisa evidenciou um ambiente de integração e cooperação entre os times LGBTI+ que cria um senso de comunidade. “Vejo o carinho que existe, não só entre eles, mas com as outras equipes também. Os times são muito próximos”, diz Dóris.

Ao proporcionar a criação de vínculos afetivos e ser um espaço seguro para falarem sobre si mesmos, o esporte se torna um espaço de pertencimento. “É um lugar de conforto, de acolhida, que se cria por meio do futebol”, analisa Fiorela.

“Muito mais do que só jogar bola, é um meio de mostrar sua importância, de entender sua existência. Apesar de tudo o que acontece diariamente no esporte, eles lutam para que no futuro colham essa inclusão no esporte”, conclui Dóris.

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Esta notícia foi originalmente publicada no site da Agência Diadorim.

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