Vamos começar esse papo com a real: vagina tem odor próprio, secreções, pelos… Não tenha vergonha disso! Muitas mulheres acham que a higiene correta é aquela que garante uma área seca e sem cheiro e acabam fazendo tudo errado.
Lavar e esfregar a área íntima muitas vezes não afasta o perigo, muito pelo contrário! Naquela região há muitas bactérias que nos protegem e o excesso de limpeza pode causar um desajuste do pH. “A natureza faz um trabalho impecável de modo que temos um equilíbrio na área genital”, diz a dra. Flávia Fairbanks, ginecologista da Clínica FemCare.
Ah, e é bom deixar claro que a limpeza deve ser feita na parte de fora, na vulva, e não na vagina, que é a parte interna. “Faça um pouco de espuma nas mãos e lave delicadamente a vulva, principalmente entre os lábios, evitando assim que resíduos de secreção se acumulem e se tornem um meio de cultura para bactérias. Enxague com água corrente”, ensina a dra. Patrícia Gonçalves, médica obstetra e ginecologista da Clínica Pró Saúde RGPG.
Listamos os erros mais frequentes quando o tema é higiene íntima. Quantos deles você comete?
1. Passar papel higiênico de trás pra frente
Esse é o erro mais comum: muitas mulheres passam o papel no sentido do ânus para a vagina – não é que o papel toque o ânus exatamente, mas a região perianal é muito próxima da vulva, então você corre o risco de trazer para a frente as bactérias daquela área. “O ideal é fazer o movimento contrário, porque as bactérias da vagina são muito menos perigosas do que as da região perianal, que vêm da flora intestinal”, explica a dra. Flávia Fairbanks.
2. Lavar com água e sabão toda vez que vai ao banheiro
Nada de sabão o dia todo! “O excesso de produtos desequilibra a flora vaginal, favorecendo o surgimento de infecções”, aponta a dra Flávia Tarabini, ginecologista da clínica Dr. André Braz, no Rio de Janeiro.
“O ideal mesmo é lavar a região com água e sabão no banho, uma vez ao dia, e após as evacuações. Se você for somente urinar, não é preciso lavar, apenas seque com papel higiênico tocando suavemente a região”, ensina a médica da FemCare. Não esfregue para evitar que sobrem fiapos do papel.
“Durante o período menstrual, você pode enxaguar mais vezes, para remover os resíduos e melhorar a ventilação, diminuindo a umidade prolongada criada pelo fluxo e pelo abafamento do absorvente”, justifica a dra. Patrícia. E lembre-se de secar bem a região, em qualquer situação, sem esfregar!
3. Usar a duchinha para limpar a vagina
Ducha íntima? “Jamais faça isso! Não há a mínima necessidade de limpeza da parte interna da vagina. Existe um mecanismo de autolimpeza feito pela própria secreção vaginal. Então, nesse ambiente não se mexe. Só se limpa a parte externa da vulva”, frisa a dra. Flávia Fairbanks.
4. Usar sabonete comum e compartilhá-lo
Escolha um sabonete glicerinado e de pH neutro ou próximo ao pH vaginal, que é ajustado exatamente para essa região. “Eles limpam sem retirar a proteção natural da pele e da mucosa”, diz a dra. Flávia Tarabini.
Outro problema é dividir o sabonete em barra com outros moradores da casa – isso faz com que os micro-organismos também sejam compartilhados. Sendo assim, as versões líquidas são excelentes aliadas.
5. Esfregar a esponja na vulva
Nada de esfrega-esfrega! A esponja pode machucar a mucosa e irritar. Além disso, esponjas que ficam no banheiro são ambientes incríveis para proliferação de fungos e bactérias.
“A limpeza diária deve ser feita com toque suave, água e sabão”, diz a dra. Flávia Fairbanks.
6. Abusar do lencinho umedecido
É claro que em situações de emergência eles são ótimos – numa troca de absorvente ou evacuação onde não haja uma duchinha. Mas não faça disso um hábito. Eles contêm aditivos químicos e fragrâncias que podem irritar e causar alergias na região.
Além disso, eles deixam a área molhada, então é preciso esperar secar bem antes de vestir a calcinha, porque a umidade facilita o surgimento de fungos.
7. Fazer uma depilação completa
“Não existe uma contraindicação absoluta da depilação da área. Porém, a gente tem de lembrar que a natureza é muito perfeita. Aqueles pelos não foram colocados ali a troco de nada. A rede de pelos é uma proteção que funciona como um filtro para entrada de microrganismos na vagina”, afirma a dra. Flávia Fairbanks.
Tirar tudo não é a melhor opção, mas também não deixe de cortar os pelos de vez em quando. “Pelos longos podem facilitar a contaminação da região íntima e também alterações no pH vaginal. O recomendado é apará-los“, orienta a dra. Patrícia.
8. Usar apenas papel para se limpar depois da relação sexual
O ideal é lavar a vulva com água e sabão. “É indicado também urinar após a relação, especialmente quem costuma ter infecções urinárias”, afirma a dra. Flávia Tarabini. Isso porque, algumas bactérias podem subir pela uretra durante o ato e causar infecção, e o xixi ajuda a limpar o canal.
9. Colocar protetor de calcinha todo dia
“Apesar de passar a sensação de que a região íntima está sequinha, o uso desse tipo de absorvente acaba produzindo o efeito contrário, tornando a região mais quente, abafada e, consequentemente, úmida. E isso pode favorecer a proliferação de fungos e bactérias oportunistas”, aponta a dra. Patrícia.
Isso sem contar que você corre o risco de matar as bactérias boas que moram ali. “Elas são aeróbias, precisam de oxigênio”, justifica a ginecologista da FemCare. A dica é deixar a vagina respirar!
10. Usar calcinhas de tecido sintético
As de tecidos naturais, como o algodão, são as melhores opções! “Elas permitem melhor ventilação, diminuem a umidade e evitam proliferação fúngica. Para pacientes que sofrem com infecções vaginais é bom que ao menos o fundo da calcinha seja de materiais desse tipo“, recomenda Flávia Tarabini.
E lembre-se: você pode lavar as calcinhas no banho, mas nunca deixe que fiquem no boxe para secar. Estenda em área ventilada e espere secar muito bem!