Fim da TPM, pele mais firme, aumento da massa magra e noites de sono melhores. Parece um sonho, mas o chip da beleza promete tornar este pacote de benefícios realidade. Como nada é de graça, entretanto, ele pode causar uma série de efeitos colaterais, que vão desde aparecimento de espinhas, até aumento anormal do clitóris. Ele também não é autorizado pela Anvisa, nem recomendados por órgãos de saúde do Brasil.
O que é chip da beleza?
Chip da beleza é o nome dado a implantes hormonais em forma de bastonete de silicone, com até 1,5 centímetros, geralmente colocados no braço, e foi desenvolvido com objetivo de auxiliar no tratamento da endometriose, com a composição de gestrinona, conforme explica a ginecologista Karina Lima. Atualmente, é muito utilizado para fins estéticos, sendo customizado de acordo com as carências dos pacientes ‒ testosterona, levonorgestrel e, às vezes, outras substâncias associadas, como vitaminas, podem estar em sua composição. A liberação de hormônios é gradual e tem ação de 6 meses a 1 ano.
O implante recebe esse nome por promover o aumento da massa muscular e a perda de gordura, quando associado à prática de atividades físicas e à alimentação adequada, graças a um dos hormônios que mais aparece na composição: a gestrinona. “Ela provoca a redução da globulina de ligação de hormônios sexuais, o que leva ao aumento da forma livre de testosterona e potencialização da ação muscular dos anabolizantes ‒ testosterona e oxandrolona. Como consequência, há um aumento da massa magra e da perda de gordura”, explica a especialista.
Os problemas dos chips da beleza
Os efeitos androgênicos, no entanto, têm um custo: “existe um equilíbrio e uma harmonia entre os hormônios circulantes do corpo humano. Todos eles se comunicam e há mecanismo de regulação dos níveis hormonais. Quando ocorre uma suplementação externa, todo esse equilíbrio é comprometido e precisa se reorganizar, por isso os resultados do chip são tão variáveis e, por vezes, imprevisíveis.”
A falta de padronização do método gera o risco de superdosagem ou subdosagem. “A dose de cada paciente é diferente e, embora os implantes hormonais sejam considerados bioidênticos [substâncias com estrutura molecular igual às dos hormônios humanos], não tem uma garantia de ausência de efeitos colaterais.”
Acne, aumento da oleosidade da pele, queda de cabelo, mudança de timbre da voz, clitoromegalia ‒ crescimento anormal do clitóris ‒, aumento de pelos e alteração na resistência insulínica são algumas das possíveis consequências negativas do chip.
Quanto custa o chip da beleza?
A média fica entre 2 e 5 mil reais, sendo que o valor varia de acordo com profissional, componentes colocados e dose.
Ele não é autorizado pela Anvisa
Não existe registro sanitário válido na Anvisa de qualquer medicamento contendo o insumo farmacêutico ativo gestrinona. Assim, não há sequer uma bula completa dos chips, segundo a médica, que explica que, com isso, os pacientes não têm acesso às devidas informações.
“Ainda não há dados que respaldam o uso com segurança dos implantes hormonais. Contudo, isso não significa que devem ser criminalizados, mas é preciso mais estudos sérios e confiáveis, com elaboração de protocolos para e aplicação segura dos implantes hormonais . Nesse momento a recomendação é uma avaliação individualizada e consciente realizada por um médico de sua confiança”, termina Karina.
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