Quando a representante comercial Denise (que pediu para não expor o sobrenome) recebeu da psicóloga da empresa a recomendação de fazer terapia, ficou sem saber como agir. “Meu emprego exige que eu passe horas no trânsito de São Paulo, e é justamente por isso que tenho os episódios de ansiedade que ela considerou importante tratar. Mas eu chorava só de pensar em ficar ainda mais tempo no trânsito, na ida e na volta de algum consultório, então fui adiando”, conta.
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Ao saber dessa dificuldade de Denise, a própria empresa recomendou que ela procurasse terapia online. “Fiquei meio desconfiada se funcionaria e só topei porque meu emprego estava em risco”, lembra. “Fui surpreendida. Nunca imaginei que melhoraria fazendo terapia sem conhecer a psicóloga pessoalmente. As sessões são sérias pra caramba, mesmo que de vez em quando eu esteja de pijama e peça para fazermos só no áudio, sem vídeo”.
Olho no olho x no vídeo / no áudio / no chat
A falta do contato real, do olho no olho, é um dos motivos que mais deixam as pessoas ressabiadas em relação à terapia online. Não há motivo para isso, segundo a psicóloga Lidiane Pontes, que atende pela plataforma online Zenklub e também presencialmente.
“Não tem nenhuma perda ou diferença”, garante. Ela diz que, da mesma forma que se observa a postura de uma paciente pessoalmente no consultório, é possível analisar seu comportamento online: “Temos muito acesso ao não-verbal: ela pode querer fazer a sessão deitada na cama ou em pé na sala, preferir não abrir o vídeo ou mesmo pedir para ficarmos só no chat. O psicólogo é desafiado a encontrar novas formas de acessar os sinais da paciente.”
A psicóloga Carmem Celeste Caldas, que disponibiliza seus serviços por meio de uma plataforma (a GetNinjas), mas só atende presencialmente, discorda. Para ela, a linguagem corporal do paciente se perde no online e faz falta. Ela também considera que a busca por esta modalidade de terapia não seja motivada só pela praticidade ou para fugir de trânsito. “Pacientes com fobia social tendem a se refugiar em uma zona de conforto”, opina.
Onde Carmem vê limão, Lidiane vê limonada. “A terapia online é justamente uma chance de pessoas inseguras, com baixa autoestima ou que se sentem constrangidas na presença de estranhos poderem cuidar de sua saúde mental”, afirma Lidiane, que continua: “Muita gente não fazia terapia antes por não querer se expor presencialmente, e agora progride bem graças à possibilidade de fazer à distância.”
Na prática
Se você está a fim de fazer terapia online e está meio perdidinha, fique tranquila: o caminho é simples.
Primeiro você precisará entrar em uma plataforma de terapia online (faça uma busca no Google, aparecem várias) e dar uma olhada nos psicólogos que fazem parte dela. Cheque a formação e as especialidades de cada um, que devem ser listadas em um minicurrículo. Uma dica: as plataformas sérias e confiáveis disponibilizam vídeos de apresentação gratuitos de seus profissionais. É mais uma forma de conhecê-los antes de tomar uma decisão.
Assista a quantos vídeos de apresentação forem necessários e, se rolar uma identificação com algum dos profissionais, veja se ele tem horários disponíveis que se encaixem com seus horários livres. O agendamento e o pagamento são acertados online também.
Ah, e verifique se a sua conexão é legal para aguentar a transmissão de uma sessão inteira por Skype ou por chat. Embora os psicólogos sejam compreensivos e remarquem consultas interrompidas por causa de questões técnicas, pode ser muito frustrante não conseguir ir adiante porque seu sinal de internet não colabora.