Quando se fala em depressão, é comum vir à mente uma pessoa com os sintomas clássicos da doença: prostrada, com pouco interesse pela vida e nenhuma vontade de sair da cama. Mas existem sinais ocultos que também podem indicar a depressão em quem está vivendo “normalmente”. Muitas vezes, são formas inconscientes de disfarçar o problema, considerado o mal do século pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A psicóloga e coach Adriana Vicco, a psicóloga clínica Beatriz Brandão e a psiquiatra Marcia Werneck (da Policlínica Granato) explicaram ao MdeMulher quais são esses sintomas ocultos da depressão.
Antes de ir a eles, vale a ressalva: muitos parecem coisas normais do dia a dia, e de fato não há necessidade de se alarmar por perceber um ou outro esporadicamente em alguém querido. “Estes sintomas devem estar presentes a maior parte dos dias, quase todos os dias, por pelo menos duas semanas consecutivas”, esclarece Marcia, que acrescenta que é preciso, ainda, que haja a presença de um dos sintomas clássicos, como o humor deprimido.
Agora, sim. Conheça, a seguir, sinais de depressão que saem do comum e podem passar despercebidos.
Mergulhar no trabalho exageradamente
A maioria das pessoas passa por fases um pouco mais puxadas no trabalho, enfrenta épocas em que prazos forçam happy hours e viagens de fim de semana a darem lugar para noites varadas preparando relatórios ou apresentações. Faz parte da vida contemporânea.
O problema da imersão no trabalho surge quando ela é voluntária, ou seja, a pessoa assume para si muito mais obrigações e tarefas do que o próprio empregador exigiria. É uma espécie de fuga: manter a cabeça sempre ocupada e dar prioridade às questões do trabalho para não haver espaço para os questionamentos da depressão. Mas ela está lá e, se não for tratada, continuará se agravando.
Forçar a felicidade o tempo todo
Ok, já cantou o poeta que “é melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe”. E que ótimo é estar feliz! Só que pessoas com depressão, muitas vezes, exibem uma alegria forçada, um excesso de contentamento com tudo ao redor. Tudo está aparentemente ótimo – até demais – o tempo todo.
“É uma estratégia para camuflar as angústias e evitar que façam perguntas ou queiram saber sobre seus sentimentos”, afirma Adriana.
Adotar uma postura antissocial de repente
Algumas pessoas têm menos vontade de sair com a galera e sociabilizar, e tudo bem. Mas quando alguém que antes saía pelo menos de vez em quanto passa a não abrir uma exceção, a nunca sair de casa para nada, nem para comemorar o aniversário de um amigo querido, ligue o sinal de alerta. Especialmente se de repente surgir a história de que “sou antissocial e odeio as pessoas”. Pode ser um disfarce para o isolamento típico da depressão.
Desleixo com a aparência e com a higiene
Uma coisa é não dar muita importância para maquiagem completa, roupas impecavelmente coordenadas à la Patricinhas de Beverly Hills e uma variedade incrível de xampus e cremes em casa. Outra completamente diferente é deixar de lado o mínimo da vaidade, começar a usar roupas sujas e “pular” banhos com frequência. Esse desleixo é um potencial sintoma de depressão, que indica que a pessoa está perdendo o interesse até nela própria.
Alimentar ideias fixas
A depressão suprime aos poucos a leveza da vida e impede que coisas corriqueiras sejam encaradas como o que são: corriqueiras. A pessoa não consegue deixar pequenas coisas para lá e tende a remoer uma mesma ideia por dias.
Dois sinais importantes disso são:
– a repetição de um mesmo assunto por dias, com a desculpa de que está procurando uma solução para ele – e nunca parecer querer de fato encontrar ou aceitar a tal solução e
– a tendência a refazer um trabalho que estava bem satisfatório, às vezes mais de uma vez, por encontrar defeito em tudo.