O histórico de pesquisa do Google reflete momentos e demandas particulares e coletivas. E, com a pandemia do novo coronavírus, a plataforma de pesquisa viu o número de buscas por assuntos ligados à saúde mental crescer exponencialmente. Em junho deste ano, o tema atingiu o ponto mais alto de procura desde os últimos 10 anos no Brasil, de acordo com o Google Trends. Em relação ao mesmo mês em 2019, o aumento foi de 61%. Já em comparação com fevereiro deste ano, mês de pré-pandemia, o crescimento passou dos 70%.
A psicóloga Mariana Luz lembra que o país lidera o número de casos de ansiedade e ocupa a quinta posição no ranking de diagnósticos de depressão. “Com os números de contaminados e mortos pela Covid no Brasil, mesmo depois da vacina, ainda vamos colher e lidar com esse alto nível de estresse. A questão econômica e social também afeta a saúde mental. Ninguém vai sair ileso, mesmo que cada um esteja sofrendo de maneiras distintas”, aponta a profissional.
A combinação saúde mental e pandemia também ascendeu nas pesquisas na plataforma, já que a busca pelo tema contextualizado na crise sanitária apresentou um salto de 800% nos últimos 90 dias. Outras frases como “saúde mental na quarentena” e “exaustão mental” tiveram aumento de 150% cada.
Antes de digitar essas perguntas, para Mariana, o internauta passa primeiro pelo reconhecimento de suas emoções. “Elas só dão o segundo passo, que é procurar na internet, quando entendem a importância do autocuidado e percebem uma alteração nos sentimentos, principalmente em um momento de crise, seja coletiva ou individual”, analisa a profissional. Além disso, a fenomenológico-existencial, linha da psicologia que Mariana segue, ressalta que o ser humano é pensado de forma integral, ou seja, não dá para restringi-lo a uma patologia, já que somos resultado de fenômenos e vivências acumuladas em toda a existência.
Se você tem no seu histórico de pesquisa no Google, ou pensa consigo mesmo, a frase “Como cuidar da saúde mental na quarentena”, é importante lembrar aquele ensinamento de mãe, pai, avó, avô: você não é todo mundo. “Por mais responsável que o conteúdo possa ser, a pesquisa em si não substitui o atendimento individualizado, porque as informações são amplas. Se está sendo difícil lidar com algo, procure ajuda sempre. Muitas vezes a leitura de vulnerabilidade é vista como algo ruim, mas pesquisar e cuidar da saúde mental é para os corajosos”, orienta Luz.
Vale lembrar que o Centro de Valorização da Vida (CVV) tem um canal gratuito e anônimo de apoio psicológico à disposição 24 horas. Para conversar ou pedir ajuda por conta de depressão, crise de ansiedade, é só ligar no número 188 ou acessar o site deles.
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