Com a chegada do frio é natural sentir sua pele com um aspecto mais seco, devido a uma combinação de fatores decorrentes das temperaturas baixas: umidade do ar reduzida, exposição a ventos gelados, menor ingestão de líquidos e o hábito de tomar banhos quentes com frequência são alguns deles. Agora, pare para pensar. Se isso tudo já afeta a pele do rosto, região que costuma ser naturalmente mais hidratada (pelo menos para as brasileiras), em outras partes do corpo, como joelhos e cotovelos, o prejuízo pode ser ainda maior.
Thais Pepe, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia, explica que, junto com mãos e pés, joelhos e cotovelos são áreas que possuem poucas glândulas sebáceas e, portanto, estão mais sujeitas à desidratação. Além disso, elas costumam ser esquecidas em uma rotina de skincare e, por serem regiões de textura grossa, que suportam impactos, atritos e protegem dobras de importantes articulações com excesso de pele, acabam sofrendo com os “traumas” do dia a dia. O resultado, como já sabemos, é uma pele mais endurecida e áspera em comparação à do restante do corpo.
No frio, por sua vez, o corpo passa a perder parte da sua umidade natural, de modo que a gordura que existe nas camadas mais superficiais da pele também vai se perdendo aos poucos. Aí, ressecamento, descamação e irritação dos joelhos e cotovelos – que ainda podem contar com manchas escuras ou esbranquiçadas – começam a surgir.
Dupla dinâmica
De acordo com Larissa Viana, dermatologista especialista pela SBD, o segredo do sucesso para cuidar de cotovelos e joelhos no frio, já que essas áreas são mais ricas em queratina e, portanto, mais “durinhas”, é apostar no combo esfoliação + hidratação. Para a primeira, é recomendável o uso de substâncias esfoliantes com partículas grossas, como semente de apricot e ureia em suas concentrações mais elevadas (de 15 a 20%).
Thais recomenda, ainda, o uso de protetor solar nessas áreas, caso elas fiquem expostas ao sol, e ensina os melhores jeitos de esfoliar as regiões: “Podemos aplicá-la [a ureia] à noite e ocluir a área com um papel filme ou filme plástico, se houver necessidade de uma ação e esfoliação mais potentes. Esse processo de esfoliação pode ser feito uma vez por semana (ou diariamente, no caso da ureia), e isso tende a deixar a epiderme mais macia, pois a pele que estava por baixo, coberta pelas células mortas, é mais jovem e tem maior poder de hidratação”, diz.
Ela recomenda, também, que o esfoliante seja aplicado na pele úmida, a fim de facilitar o ato de espalhar o produto e diminuir o atrito das partículas com a pele. Dessa forma você garante uma esfoliação mais leve, confortável e segura. Aí, basta fazer movimentos circulares repetidos, que vão estimular a microcirculação do sangue e retirar o excesso de queratina das áreas, sem provocar maiores danos nos tecidos.
Já para evitar e prevenir que a aspereza retorne aos cotovelos e joelhos, é essencial hidratar essas áreas duas vezes ao dia, de preferência logo após o banho, que é quando os poros ficam mais abertos e favorecem a absorção dos ativos hidratantes.
“Quando essas áreas, além de ásperas e desidratadas, também estão acinzentadas, é interessante utilizar hidratantes específicos, geralmente com ácido salicílico, para penetrar mais nessa região, onde os poros são mais fechados”, completa Thais.
De olho na embalagem
Por falar em hidratação, alguns componentes funcionam melhor e mais rápido do que outros, principalmente em benefício das partes secas do corpo, como os joelhos e os cotovelos. Opte por hidratantes que contenham manteigas (como a de karité), glicerina e óleos naturais, como os de girassol, amêndoas, maracujá e framboesa. Como já dissemos, a ureia é outro ativo poderoso, junto daqueles com efeito antioxidante, que vão melhorar textura, radiância e nutrição da pele, deixando-a mais sedosa. O ácido hialurônico, de alto e baixo peso molecular, pode ser igualmente satisfatório.
Ao analisar o rótulo do seu hidratante eleito não se esqueça de também prestar atenção nas vitaminas que ele contém, ótimas aliadas para promover a hidratação de regiões secas. Escolha os que contam com vitamina C, pró-Vitamina B5 e Vitamina E na composição, pois ajudam a proteger a pele contra os agentes externos.
Alimentação
Para restaurar zonas danificadas da pele, uma alternativa extra é combinar hidratação e esfoliação externas com uma alimentação rica em vitaminas A, B e C e outros antioxidantes como, por exemplo, o betacaroteno. Considere incluir na dieta vegetais de cor verde-escura, como espinafre, além de frutas e hortaliças amarelas e laranjas (pimentões, cenoura, abóbora, laranja e damasco). Complemente com as sementes oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas, avelâs…), que são importantes fontes de óleos protetores da pele, se ingeridas de acordo com a devida orientação nutricional.
Ah! E não deixe, em hipótese alguma, de beber bastante água – mesmo no frio, quando transpiramos menos e sentimos pouca sede. O ideal é ingerir cerca de um litro e meio de água por dia, mesmo que você mantenha a alimentação rica em frutas, verduras e legumes. O bom é que, no outono/inverno, se beber água não for tanto a sua praia, você pode variar sua ingestão combinando com outros líquidos, aumentando o consumo de chás quentinhos, por exemplo.